Friday, December 30, 2011

Por Que Alguns Estudiosos da Bíblia não Acreditam na Autoria Paulina de Certas Epístolas?

Epistolas-Paulinas-220211“-- Por que são incrédulos!” poderá responder um recém-convertido a Cristo e crente em tudo que está escrito na Bíblia. Mas, quem sabe, depois de estudar um pouco, vai compreender que nem tudo que está escrito na Bíblia como a temos impressa hoje, é realmente parte dos manuscritos antigos que foram traduzidos para as línguas modernas. Por exemplo, os títulos dos livros e das epístolas não constavam dos autógrafos (os originais mesmos escritos pelos autores bíblicos). Paulo não sentou e escreveu no cabeçalho da sua epístola aos Romanos “Epístola de Paulo aos Romanos”. Muitas vezes não há informação nenhuma, no livro mesmo, de quem o escreveu. Um exemplo disso no Novo Testamento é a Epístola aos Hebreus. Embora algumas impressões antigas da Bíblia tragam que é de autoria do apóstolo Paulo (como pensam alguns), não há provas suficientes para se afirmar isto categoricamente; daí, o fato de que nas impressões modernas, Hebreus não traz nome de nenhum autor.

Para se chegar a conhecer a autoria dos livros bíblicos é preciso fazer-se uma investigação. Em uma investigação, para se chegar a uma conclusão plausível, depende-se muito da presença e interpretação das evidências. Na hermenêutica (interpretação) bíblica se busca pelas evidências da autoria e, se presentes, passa-se então a interpretá-las de acordo com certas regras aceitas. Há dois tipos de evidências: as evidências internas e as evidências externas. As internas são aquelas informações ou indícios dentro do texto propriamente dito; as evidencias externas são aquelas colhidas independemente do texto, mas a respeito do texto.

Retomando a nossa pergunta, então, por que alguns estudiosos duvidam da autoria paulina de algumas das epístolas. Essa dúvida não decorre de uma incredulidade pueril, como aqueles que dizem “papel aceita tudo”... Muitas dessas pessoas são estudiosos sérios, que dedicaram grande parte de suas vidas investigando o material bíblico com o objetivo de descobrir sua real autenticidade. Assim, estes estudiosos examinam, sem paixão, todos os aspectos respeitantes ao texto bíblico, as evidências internas, isto é as informações explícitas e implícitas no texto, incluindo o estilo e a precisão das informações dadas, e as evidências externas, tais como testemunhos outros autores contemporâneos, bíblicos ou não, fatos históricos, informações geográficas, religiosas, e teológicas que comprovem ou discordem das informações dadas. No caso de Paulo, várias das suas epístolas são consideradas pseudo-paulinas. Estas são: Efésios, Colossenses, 2 Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito e Filemon.

Estas epístolas são chamadas pseudo-paulinas, pois utilizariam o nome de Paulo como um pseudônimo, isto é, para ocultar o nome do verdadeiro autor. Esta prática, naqueles tempos antigos, não era utilizada não com intenções fraudulentas, mas com a intenção de se fazer uma homenagem a um personagem ilustre. Era uma prática geralmente utilizada pelos discípulos de um mestre, como uma maneira de propagar o seu ensino. Este procedimento, historicamente comprovado, veio a fortalecer as suspeitas de alguns estudiosos de que algumas epístolas de Paulo não haviam sido escritas por ele mesmo, mas talvez por alguns dos seus discípulos, ainda que algumas tragam o tradicional endereçamento Paulino ao inicio das mesmas.

Estimulados por suas suspeitas, esses estudiosos se debruçam a analisar vários aspectos relacionados a estes escritos, sejam, além das mencionadas evidencias, o contexto histórico, estilo e linguagem, o conteúdo e teologia.

Ainda que considerado bastante relativos por muitos, o estilo e a linguagem, bem como o conteúdo teológico determinam bastante a opinião destes estudiosos para rejeitarem a autoria paulina. Neste caso, o vocabulário, a estrutura das sentenças, o emprego de frases idiomáticas e jargões, etc, são comparados com outros escritos de Paulo a respeito dos quais não há duvida de que ele seja o autor. Se se encontra inconsistência nestes fatores, deduz-se que estas epístolas não são genuinamente paulinas. Por exemplo, E. J. Goodspeed opinou que em Efésios, o vocabulário mostra uma relação bem próxima com o vocabulário da Epístola aos Efésios escrita por Clemente, um Pai da Igreja, quase no fim do século segundo, duvidando, portanto da sua autoria paulina. A fraqueza desta opinião se encontra no fato de que estilo e linguagem podem variar por motivos outros que autoria diferente, como diferentes temas, endereçamento, circunstancias históricas ou mesmo maturação pessoal.

Já o conteúdo teológico é a causa para se descrer da autoria paulina de alguns dos escritos atribuídos a ele, como por exemplo, as Epístolas Pastorais, que B. S. Easton julgou estar em discordância com outros autênticos escritos de Paulo. De novo, o contexto histórico pode determinar diferentes ênfases na em uma teologia expressada, sem necessariamente indicar um autor diferente.

A questão da autoria paulina das epístolas mencionadas e até mesmo outras é bastante debatida e há boas razões tanto para ambos os lados da discussão. Na verdade pouco muda para o valor dessas cartas se se comprovasse que não são paulinas. Ainda que isto possa ser considerado um fator determinante de sua inclusão no Cânon, a razão final por que são aceitas pela Igreja é devido ao seu conteúdo e relevância para a fé pessoal na Pessoa e ensinos de nosso Senhor Jesus Cristo.

Este tema é estudado no Instituto Teológico Simoton dentro da matéria Introdução ao Novo Testamento; ao estudá-lo o aluno tem liberdade para considerar os argumentos dados a favor e contra e tomar a sua própria posição a respeito. Se você gostaria de se inteirar melhor a respeito do currículo da nossa escola, dirija-se a este endereço na internet:

http://simonton.atwebpages.com

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