Wednesday, March 13, 2013

Ler a Bíblia com Ajuda da Semiologia

Quando uma pessoa surda-muda utiliza sinais para se comunicar com as demais, ela está utilizando a Semiologia. Semiologia, ou semiótica, é chamada a ciência dos sinais, ou do signos. É impossível para seres humanos se comunicarem ou se expressarem sem a mediação de signos. Gestos, sons, sinais, palavras, letras e números todos são sinais que representam coisas e seres além deles mesmos. Assim, se pode dizer que comunicação é basicamente a arte de interpretação, ou seja, a arte de dar significado a sinais. A Bíblia utiliza muito a Semiologia para transmitir as suas mensagens. Costumamos dizer que a Bíblia fala através de símbolos, parábolas e tipos. Um exemplo bastante conhecido é o uso da numerologia para atribuir significados divinos a certos números: o número um para significar a unidade de Deus, o três para indicar a Trindade, o sete para indicar Divindade. Os números podem se tornar instrumentos de revelação bastante precisos. A matemática, talvez a mais árida de todas as ciências, é, quem sabe, a que mais revele a presença de Deus, pois sabemos que tudo que é físico pode ser matematicamente representado. Contudo, ao dizermos que podemos utilizar a Semiologia para ler a Bíblia, devemos entender que a Semiologia não é uma ciência exata como a Matemática e sua eficácia depende muito da qualidade da hermenêutica que se lhe aplica.

Interpretação de signos lida com convenções. Tome por exemplo as cores: vermelho, significa "cuidado" devido à cor do sangue, que quando exposto significa perigo à vida, verde significa "flora" por que esta é a cor que predomina na vegetação, e azul significa "celestial" devido à cor dos céus. Contudo, as cores assumem múltiplos significados em diferentes culturas. Por exemplo, enquanto azul significa "auspício" para os brasileiros, "blue" é uma cor indicativa de tristeza para os norte-americanos. Portanto, os símbolos dependem da convenções, ou seja das relações que as pessoas atribuem ou descobrem entre os signos e as coisas. Jesus em certa ocasião, criticou a sua geração por não saber interpretar os "sinais do tempo". Ele insistia em dizer que os milagres que ele realizava eram "sinais" de que o reino de Deus havia chegado. Sinais são também sintomas. A palavra semiologia é igualmente utilizada em Medicina para tratar da sintomatologia das enfermidades. Através dos sintomas os médicos identificam as doenças. Jesus no capítulo 24 de Mateus deu vários sinais que antecederiam a sua vinda, para que pudéssemos reconhecer quando aquele tempo estivesse próximo.

Jesus utilizou muita semiologia ao ensinar através de parábolas. A parábola é uma descrição dos processos de vida ou da natureza, que de si mesmas descrevem o óbvio, ou seja, algo que a maioria sabe. Geralmente após enunciar as parábolas, Jesus dizia: "Quem ter ouvidos para ouvir, ouça". Esta frase era em si uma outra parábola, pois sabe-se que os ouvidos são para ouvir e que a maioria das pessoas ouvem através dos mesmos. A obviedade das palavras eram uma indicação de que elas deveriam ser entendidas como sinais de verdades espirituais. A escolha de Jesus de ensinar por parábolas foi muito sábia, porque dá a chance que cada indivíduo as interprete de acordo com a luz espiritual que possui. Além disso, era uma maneira de ensinar verdades revolucionárias a respeito do reino de Deus sem explicitamente declará-las, e assim atrair a ira religiosa dos judeus ou a ira política dos romanos. Existem certas "regras" hermenêuticas para se interpretar as parábolas, mas nada impede que se lhe atribuam significados pessoais para a edificação pessoal de cada seguidor do evangelho. Em última análise, a interpretação dos sinais é inteiramente subjetiva, podendo ou não concordar com uma determinada convenção.

Ao contrário do que muitos crêem, a interpretação que a Bíblia sugere dos sinais nem sempre são unânimes. Por exemplo, enquanto o Livro do Apocalipse fala do Dragão como um detestável símbolo do Anticristo, o Livro de Jó fala de uma "serpente" com as mesmas características de um dragão com admiração e o retrata como uma das mais belas criatura de Deus! Como dito, interpretações dependem do intérprete, e assim como fundamentalistas dão as mais estapafúrdias interpretações aos conflitos bíblicos para fazer harmonizá-los, chegando mesmo a criar uma "Harmonização dos Evangelhos", outros mais liberais lançaram mão de igualmente "forçadas" interpretações" para que concordem com suas pressuposições. Se há uma verdade que a Semiologia nos ensina é que a verdade é de acordo com os olhos de quem a vê. Em outras palavras, interpretações nunca são objetivas, e sim, sempre subjetivas. Seres finitos como nós humanos, não podemos ter a pretensão de sermos, sequer uma vez, objetivos. Somente Deus que é absoluto e infinito possui conhecimento total, absoluto e infinito da verdade. Desta maneira, a dogmatização, isto é, impor uma interpretação a um determinado grupo, é altamente abusiva e, eu diria, até mesmo blasfemo, pois se arroga de uma infalibilidade que só a Deus cabe.

Homens brasileiros e americanos podem dizer: "Oh, I felt so embarassed!" ou, "Oh, eu me senti tão embaraçado!" Mas se estas frases são entendidas ou traduzidas como tais para quem fala o Espanhol, será motivo de risa, pois na fala espanhola "embarazar" significa "engravidar", do que homens claramente não são capazes.  A interpretação dos signos são relativos a nações, culturas, línguas, grupos e, em especial aos indivíduos. Cada um pode ter a sua própria interpretação. Um dos princípios mais importantes da Reforma Protestante foi a reafirmação de que indivíduo pode ler a Bíblia por si mesmo, isto é poder interpretá-la por si mesmo. Igrejas e denominações podem ter as suas doutrinas que os identificam como tais. O que, em minha opinião é errado, é tentar impor uma interpretação particular a todo o resto. As confissões deveriam ser guias, sugestões aos membros, mas não obrigatórias, mandatórias, condicionantes à fé pessoal. Igrejas e denominações deveriam ser instrumentos para desenvolver o conhecimento e adoração de Deus, o enlevamento espiritual dos membros, e o serviço ao semelhante -- não instrumentos de controle da fé.


Rev. Jose Oliveira

O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferecendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Sunday, March 10, 2013

Ler a Biblia com Ajuda da Teologia


Uma das mais interessantes questões acerca da relação entre Teologia e a Bíblia é: A Bíblia produz teologia ou a Teologia produziu a Bíblia? Não há dúvida que existe um relação estreita entre as duas. Muitos teólogos não hesitarão em dizer que a Bíblia é uma das fontes da teologia; e não há como negar isso. Mas, por outro lado, é também verdade que os escritores da Bíblia, ao escreverem seus escritos o estavam fazendo devido a uma curiosidade teológica. E assim, nos deparamos com a antiga e de muitas maneiras muitas vezes respondida pergunta a respeito da Teologia: O que  é teologia? Não é difícil definir teologia; a partir de sua configuração etimológica, logo sabemos que theos - Deus, logia - estudo; portanto, o estudo de Deus. Já definir a Teologia é outra tarefa, muito mais difícil. A Teologia começa com uma pergunta a respeito da transcendência humana: "Para onde vou daqui?" "Existe vida após a morte?" Foi observando a cessação (e renovação) da vida na natureza e a dos seus semelhantes, que o homem começou a fazer teologia, ao buscar respostas para o pós-vida. Os escritos da Bíblia surgem em uma época em que muito poucos fenômenos eram explicados pela Ciência. Aquela era uma época intuitiva, não científica como os nossos dias. E naquela época, a existência de Deus ou deuses era amplamente aceita e quem ousava dizer que Deus ou deuses não existia, era considerado "néscio", como Salmos afirmam. Assim, podemos dizer que no tempo em que a Bíblia começou a ser escrita, Teologia estava bem avançada. Desta maneira, podemos também dizer que a Bíblia, é produzida pela Teologia, que esta, em conseqüência, produziu muita teologia, e não só a Bíblia, mas outros escritos religiosos igualmente.
Portanto, podemos dizer que quando você lê a Bíblia o faz por um impulso teológico, ou seja, este desejo de saber mais de Deus, obter respostas para perguntas cruciais, e organizar a sua visão de mundo de uma maneira aceitável. A Teologia pode lhe ajudar a ler a Bíblia, em primeiro lugar por que dela provém essa "motivação teológica", essa busca de Deus. Ler a Bíblia com a ajuda da Teologia é lê-la com um espírito investigativo, fazendo-lhe perguntas e buscando respostas. É deveras interessante: A Teologia nos impulsiona a perguntar à teologia bíblica. Basicamente, a ajuda que a Teologia provê é nos oferecendo uma idéia de Deus. A idéia de Deus que encontramos na Bíblia não é unificada. Muitos estudiosos tem visto esforços editoriais nos grandes conjuntos da Bíblia, especialmente o Pentateuco, para oferecer uma visão unificada de Deus a partir de diferentes fontes que O viam de maneira distintas. Essa fabricação de uma visão unificada de Javé, ajudou na unificação religiosa e nacional de Israel, desde que muitos a aceitaram como revelação, mas somente no período pós-exílico. Entretanto, isso foi uma tentativa retrogressiva de tentar impor a visão monoteísta sobre sobre escritos que eram originalmente politeístas. A grande contribuição teológica do Antigo Testamento é apresentar a fé monoteísta, em um só Deus . Já a apresentação feita de Israel como uma nação monoteísta parece ser uma fabricação sacerdotal no tempo do exílio. A fé monoteísta em Israel, era de fato, minoritária e das elites; o povo, em geral era, como hoje, afeito às superstições e adeptos do politeísmo, talvez pela simples razão matemática que ter vários deuses parece ser mais vantajoso do que ter apenas um.
Ler a Bíblia com a ajuda da Teologia , é, como já vimos, admitir o transcendente, e, portanto, é também se abrir ao sobrenatural. A Teologia trabalha de mãos dadas com a fé. É é assim que ao ler a Bíblia com lentes teológicas deparamos com este tremendo conceito da Encarnação. A Encarnação apresenta um novo movimento divino para a reflexão teológica. Antes o homem estava acostumado a pensar na sua partida deste mundo, no seu encontro com Deus na eternidade, mas agora através da Encarnação algo inteiramente novo acontece. Deus desde a eternidade vem ao encontro do homem na pessoa de Jesus de Nazaré. Isso era inaudito. Os crentes da dispensação do Antigo Testamento sabiam que Deus se revelava pelos profetas, anjos e sinais, mas nunca poderiam imaginar que o próprio Deus pudesse vir habitar com os homens.  A encarnação é uma linda demonstração de como a transcendência humana encontra a condescendência divina. A mensagem da Encarnação não poderia ser mais inequívoca. Já não é mais uma questão se saber-se se Deus existe ou não, a mensagem da Encarnação é uma prova irrefutável do interesse de Deus por suas criaturas: "Deus amou ao mundo de tal maneira que enviou o Seu filho Unigênito, para que todo que nele crê tenha a vida eterna". Em Jesus, Deus disse: "Eu estou aqui.". Essa é a mensagem da Encarnação: Deus está presente; esta é mensagem que a Teologia vê, por que mesmo quando Jesus ressuscita e ascende aos céus ele diz, "Não os deixarei órfãos" e nos mandou a cada um de nós, o Espírito da Promessa, que habita em cada um de nós, e assim Deus, como a no tempo de Jesus, e de uma maneira muito mais pessoal, individual, íntima e particular, é, novamente, Emanuel, Deus-Conosco.
Mas a Teologia captou a mensagem da Encarnação em outro aspecto também, uma identificação mais precisa do Deus que foi revelado na Encarnação. Deus foi conhecido no passado como Criador, o Deus dos Exércitos, o Todo-Poderoso e tantos outros nomes que revelam diversificados aspectos de seus atributos; mas, foi através da singela relação de Jesus com Deus onde de fato reconhecemos e aprendemos a chamar Deus de Pai, como de fato Ele é. Jesus dizia quando orava, "Meu pai", e quando se referia a Deus aos seus ouvintes, também dizia : "Vosso Pai" e quando nos ensinou a orar, ele disse, "mas vós orareis assim, PAI NOSSO, que estás nos céus... " No passado, em Israel, e em outras nações, as pessoas se referiram a Deus ou aos deus como "pai" ou "pais", mas não era em um sentido pessoal como Jesus nos ensinou; naqueles tempos era assim como chamar ao rei  de "meu pai", chamava-se a Deus de Pai no sentido de patrono e protetor, mas não como fruto de um relacionamento pessoal. Mesmo na época de Jesus, os discípulos, reverentes, não se atreviam a chamar Deus de Pai e Jesus mesmo foi criticado por assim chamá-Lo. Não foi até quando do derramamento do Espírito, quando a presença de Deus, intima, pessoal, veio habitar cada indivíduo, é que o crente está habilitado a chamar de Deus de Aba, Pai. A Teologia lê a Bíblia e reflete nestes movimentos de Deus na história e chega a conclusão que, de fato, todo ser humano que hoje  quiser conhecer a Deus, não precisa fazer nada além de olhar para dentro de si mesmo, pois ali, dentro de si, pelo Espírito, está Deus.
A Teologia, essa curiosidade natural que todos temos a respeito do transcendente, é algo que recebemos de Deus com o dom da personalidade. Animais não se perguntam o que virá depois desta vida... E desde o princípio, a teologia se aliou à fé, e aos poucos recebeu maior revelação. Jesus é a máxima de revelação de Deus que este mundo jamais receberá do Deus-Pai. Deus certamente é infinito e certamente seu ser abrange aspectos que sequer imaginamos...Mas a máxima revelação que temos de Deus é como uma Pessoa e uma Pessoa que é Pai. É assim porque dEle recebemos o dom da personalidade (portanto pessoais como Ele é) e através de Jesus, nos reconhecemos como seus filhos e o chamamos de Aba, Pai! Hoje se fala muito em "fazer teologia", ou "teologar" e há muita mistificação da Teologia. Teólogo passou a ser uma pessoa muito temida, pois afinal ele ou ela, sabe "tudo" a respeito de Deus... Na verdade, a Teologia está em cada um de nós, é simplesmente essa curiosidade que temos a respeito da vida, com respeito à sua transcendência. Para receber a ajuda da Teologia ao estudar Bíblia, você necessita três coisas: fé, curiosidade e honestidade. Jesus disse: "creia em Deus, creia em mim também"; ele também disse "quem busca, encontra" e finalmente ele disse, "nada podemos contra a verdade, senão a favor da verdade". 


Rev. Jose Oliveira

O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Saturday, March 9, 2013

Ler a Bíblia com Ajuda da Bibliologia


Bibliologia é o estudo da Bíblia. Ler a Bíblia segundo a Bibliologia significa entender a Bíblia segundo as “evidências internas e externas" que ela oferece. Uma gama muito ampla de conclusões pode se extrair desse estudo, pois todo estudo traz em si a opinião subjetiva do "sujeito" que estuda. Assim as opiniões a que se podem chegar são também diversificadas, desde as mais conservadoras, às mais liberais.

Uma dessas conclusões é o fundamentalismo radical que vai entender a Bíblia como a "Palavra de Deus", literalmente, verbalmente inspirada por Deus, infalível, sem erro algum. Neste caso, a Bíblia é aceita como a ipisissima Vox Deo , ou seja a mesmíssima voz de Deus. O outro extremo é considerar a Bíblia como um livro humano qualquer e declarar que ela não é mais importante em si mesma do que qualquer outro livro humano. Os cristãos "praticantes", em sua maioria, doutrinariamente professam a primeira destas opiniões, mas, quando confrontados as dificuldades que essa opinião traz, geralmente admitem fatos que contrariam esta ortodoxia radical. Por outro lado, igualmente, os "liberais" que consideram a Bíblia como outro livro qualquer, não podem explicar os fenômenos sobrenaturais que ocorrem relacionados com este livro.

Alguns conservadores, cientes das dificuldades que a Bíblia possui, afirmam a infalibilidade dos manuscritos originais, ou seja os autógrafos, não a dos atuais manuscritos ou versões. Contudo, esta posição não é verificável, pois nenhum dos autógrafos da Bíblia sobreviveu aos nossos dias. Assim, esta é uma posição exclusivamente fideísta, isto é, substanciada exclusivamente pela fé, em nada diferente da afirmação básica do Cristianismo, que Jesus é Filho Deus enviado a este mundo para nossa salvação. O problema com a posição liberal extremista é que pretende extirpar da Bíblia tudo que é sobrenatural, por não ser verificável, e assim ignoram que a Bíblia é um livro mormente sobre fé. A validação da fé é experiencial, não científica. É o resultado benéfico que a fé traz para a experiência de uma nação, grupo social (igreja) ou pessoa, o indivíduo, que importa. Isso pode ser histórica e socialmente avaliado, mas, claro, sujeito às pressuposições de quem analisa.

 Na verdade, as duas posições não se diferenciam muito quando analisadas no que possa ser a motivação principal de cada uma. O fundamentalismo radical deseja segurança de que sua profissão é correta, e neste intuito, utiliza o dogma (que é aceito sem discussão) para afirmar essa segurança. O liberalismo radical também quer segurança, mas aquela humana, da razão e do intelecto, que possam ser comprovados categoricamente. Aí, existe um outro dogma, o racional, o intelectual, que tem sido constantemente desafiado pelo sobrenatural e pela experiência.

Em um nível mais profundo, vamos descobrir que na verdade, o dogma assegura o poder: quem formula o dogma tem o privilégio de ser o "dono da verdade" e controlar até o que os outros pensam e crêem. Grupos sociais (como religiões, seitas, igrejas) necessitam primeiro, de fatores comuns para se associarem, depois necessitam de ordem para se tornarem efetivos e, finalmente, precisam de controle para sustentar a ordem estabelecida. E, quem formula o dogma, ou quem se torna o seu defensor, tem o controle, o poder. Se olhamos para a vida de Jesus observamos que ele tinha uma relação bastante independente com o  poder humano, fosse esse das autoridades estabelecidas ou aquele que lhe fosse oferecido. Jesus somente reconheceu o poder Deus, à qual vontade, pela fé, ele veio ensinar a obedecer. Nada obstante, ele não se rebelou contra os poderes estabelecidos porque não representavam a vontade de Deus, ao contrário, se submeteu a eles, sabendo, pela fé, que o  soberano poder de Deus governa nos "reinos dos filhos dos homens".

Ler a Bíblia com a ajuda da Bibliologia, deveria nos conscientizar de que a Bíblia contém conflitos de várias ordens que são racionalmente irreconciliáveis... Contudo, admitir que a Bíblia possua erros, não é descartar a sua vital importância para a Humanidade, como Jesus afirmou... "minhas palavras não passarão".  A Bíblia, segundo alguém colocou, não é a palavra de Deus, mas é o registro da palavra de Deus. Eu, contudo diria: a Bíblia contém registro de palavras de Deus. Isso quer dizer que a Bíblia, para mim, também contém palavras que não são de Deus. Mas não posso provar isso racionalmente, é a minha fé que me atesta isso. Fé é experiencial; não há duas manifestações de fé idênticas: são como as nossas impressões digitais. O benefício da Bíblia, sendo um livro que registra a História da Salvação, ou seja uma história da fé em Deus, será sempre proporcional à fé do individuo.

Em minha convicção, existe uma "Palavra de Deus, viva e eficaz" e essa é a Palavra do Espírito de Deus que fala ao coração de cada ser humano. Mas essa palavra, dada ao ao nível do nosso sub-consciente, raramente se torna consciente como os nossos pensamentos. É ai que a Bíblia e outros livros que trabalham o consciente a nível da fé, podem e realmente fazem a tradução da Palavra de Deus em nosso espírito, para a nossa consciência. Assim eu diria que a Bíblia é uma livro útil à Palavra de Deus, por que é um livro que registra a fé em Deus de homens em mulheres. Dessa maneira, a Bíblia é um instrumento para a ressonância da Palavra de Deus comunicada  no sub-consciente pelo Espírito, mas  que agora ressoa no consciente. 
Outros livros que contém testemunho da fé em Deus também podem ser instrumentos, mas a Bíblia, pela sua característica sagrada e fideísta, é, sem dúvida, dentre as religiões evolucionárias, o instrumento mais eficaz no processo de revelação, precisamente por conter os ensinos de Jesus. Sim, o que faz a Bíblia tão especial são, de fato, os ensinos de Jesus, sem os quais, ela perderia em muito a sua característica de universalidade

Rev. Jose Oliveira

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