Tuesday, April 3, 2012

AMAR COM INTELIGÊNCIA

Pelo Rev. Jose Oliveira, M.Div.

la-inteligencia-del-amor“Quando você ama, fica bobo”, “Amor é sinônimo de fraqueza” “Não existe nada mais ingênuo do que o amor”. Estes são alguns dos pensamentos que pessoas alimentam a respeito do amor. Será que é verdade? É o amor desta maneira? Em minha opinião, estas são visões distorcidas do amor, por que vêm o amor do ponto de vista da dominação, do levar vantagem, do estar por cima e principalmente vêm amor como uma disputa ou um jogo. O amor, por ser singelo, pode parecer a algumas pessoas, algo fraco, ingênuo e bobo, mas quem pensa assim, provavelmente não conhece o verdadeiro amor. Em minha opinião, não existe nada mais inteligente do que amar. Amar é racional, mas não é racionalista, amor é sábio e, ainda que seja enganado, não é anulado, por que amar é o melhor a ser feito em todas as ocasiões. Neste artigo vou abordar três aspectos que têm a ver com o amor sendo algo inteligente... Num primeiro momento, você pode pensar que estes aspectos não revelam a inteligência do amor, mas meu propósito é ajudar o leitor a compreender como o amor opera e somente quando você compreende algo, você esta utilizando a inteligência.

Primeiramente, o amor é inteligente por que é coerente com a verdade. A verdade, de fato não precisa do amor se revelar, porque verdade é a respeito de fatos, ou seja, a coerência entre a existência e a percepção desta. Quando a percepção produz uma lógica do fato, isto é tomado como verdade, e o amor não necessariamente é parte disso. Contudo, o amor necessita da verdade para se expressar, pois o amor não é verdadeiro amor se não for baseado na verdade. Igualmente, tome-se em conta de que a verdade possui níveis de compreensão, o que alguns referem como a “relatividade da verdade”. Não obstante, mesmo em cada nível, a verdade faz uma correlação coerente com os fatos. O amor sempre se utiliza de algum nível de verdade para se expressar, porque o amor nunca pode se basear na mentira, isto é, a invenção ou distorção proposital da verdade. Interessantemente, demonstrar amor baseado na verdade, significa muitas vezes, omitir certos aspectos da verdade por amor à pessoa amada. Jesus, quando ensinando os seus discípulos, disse-lhes: “Muitas coisas vos teria para dizer, mas vós não podeis suportar”. Note que Jesus não inventou algo. Ele disse a verdade: que não poderia dizer toda a verdade. Neste caso, devido à limitação dos apóstolos, Jesus não lhes revelou toda a verdade que sabia. O amor educa com a verdade, mas de acordo com a capacidade do educando. Jesus expressou amor aos seus ouvintes quando pregava por meio de parábolas, pois através delas, dizia verdades essenciais, mas que cada um interpretava segundo o seu próprio nível de compreensão. O mesmo fazem os pais, quando adaptam (não inventam) as respostas às perguntas das suas crianças ao nível destas... A revelação da verdade, como sabemos, é progressiva, e, desde que Deus, que é infinito, é a Verdade pura e eterna, sempre haverá algum aspecto da verdade a aprender em toda a eternidade. A verdade que o amor expressa é sempre temperada com amor. A verdade crua e nua pode até mesmo matar uma pessoa. Isso foi o que aconteceu no Livro dos Juízes, quando Eli, o sacerdote, soube que os seus dois filhos tinham sido mortos na batalha. Provavelmente um ataque cardíaco o matou. O amor nos ajuda a não expressarmos a verdade com rudeza ou desconsideração pelo bem-estar do indivíduo. O amor nos ajuda a escolher a melhor maneira de dizer a verdade, não querendo ofender, mas beneficiar de alguma maneira. Nem sempre omitir ou suavizar a verdade é o melhor a fazer. Às vezes é necessário,também por amor, falar a verdade direta e claramente. Assim, os pais, quando pensando exclusivamente no bem dos filhos, e não por ressentimento ou orgulho ferido, os repreendem, dizendo-lhes a verdade claramente, por mais dolorida que esta possa ser, estão agindo com amor. Amigos, em certas circunstâncias, devem agir da mesma maneira, se percebem que a pessoa querida necessita saber a verdade claramente, mesmo com risco de ofender... De fato, o amor mesmo quando tem as melhores intenções, e pensa exclusivamente no bem do outro, pode ser mal entendido, e isso é, de certo modo, fora do controle de quem ama, pois depende da reação do outro. Jesus foi mal compreendido. Uns pensavam que era uma pessoa de bem, como de fato era; mas outros, pensavam e ainda pensam hoje, que era um charlatão... Nem sempre a verdade, mesmo que dita com amor, será sempre aceita, pois muitos ouvem de acordo com o que querem ouvir.

Em segundo lugar, o amor é inteligente por que é beneficente. O alvo primeiro do amor é beneficiar ao outro, nunca prejudicar. Alguns dizem que devemos agir tendo em vista o “bem-maior”, mesmo que para realizá-lo, podemos causar males menores. A regra aqui deveria ser que não devemos , com o intuito de se produzir um “bem maior”, fazer algo que vá diretamente prejudicar a terceiros, por menor que seja o mal produzido. Jesus disse para amarmos nossos inimigos e orarmos pelos que nos perseguem. Mesmo o bem do inimigo deve ser levado em conta em nossas atitudes. Ele também disse para não resistirmos aos perversos. Os perversos usam de violência para conseguir seus propósitos, e para resisti-lo, ter-se-ia que usar também de violência, o que o amor não admite. De acordo com isso, a opção é responder à violência, sem utilizar a violência, isto é responder com amor, ainda que sofrendo, se necessário. Jesus não disse que deveríamos nos expor ingenuamente à violência, antes, ele nos recomendou que fugíssemos dos que nos perseguissem. Se a violência é contra você mesmo, geralmente há duas maneiras amorosas de se reagir a ela: fugir dela, ou sofrê-la sem reagir com violência. Se a violência é contra o próximo e está no seu alcance defendê-lo, o amor deve ser expresso tanto em relação ao agressor como à vitima. A vítima deve ser protegida, e a agressor deve ser neutralizado, se possível. Essa neutralização pode utilizar três métodos: dialogar com o agressor para dissuadi-lo da agressão, retirar a vítima do curso da agressão, ou, se necessário, proteger a vítima interpondo-se, sem violência, entre a vítima e o agressor, sofrendo você mesmo, a violência. O amor é inteligente por que é criativo e seu objetivo é promover o bem de todos, não somente de alguns. O amor não se imobiliza diante da violência, age, contudo, sem violência. O amor também não se imobiliza diante do volume da necessidade. Sabemos que devemos amar a todos os seres humanos e se importar com as suas mazelas, mesmo se distante. Se eu, por estar distante não posso ajudar as crianças que morrem de fome na África e em outros lugares do mundo, posso, contudo, ajudar as crianças de rua da minha cidade, ou as do orfanato local... Devemos amar o semelhante (qualquer um em todo o mundo) e ao próximo, ou seja, o meu vizinho, colega de classe, amigo de trabalho, etc. A minha impossibilidade de ajudar a todos não é desculpa para não ajudar a nenhum. É a inteligência do amor que mostra em muitas situações, a sua audácia. O amor se atreve a ajudar, mesmo quando parece impossível.

Finalmente, o amor é independente. Digo independente, não no sentido de que o amor recusa a cooperação; ao contrário, o amor busca cooperação, para que os benefícios de se amar sejam ainda mais amplos. Contudo quem ama, o faz mesmo sem a ajuda de outros. A falta de cooperação não deve ser uma escusa para não se fazer nada. Nos momentos finais de sua carreira, todos abandonaram a Jesus e ele enfrentou a cruz sozinho. Ele não se tornou amargurado por isto, continuou a amar da mesma maneira, e mesmo quando pendurado ali, no topo daquela cruz, ele amou o suficiente para interceder pelos seus executores diante do Pai, dizendo: “Pai, perdoa-lhes por que não sabem o que fazem”. Que amor! Que amor! Que amor! Mesmo quando abandonado, ultrajado e crucificado, ele amou! Essa autonomia do amor é também parte de sua força, porque, para ser manifestado, o amor depende somente do indivíduo, isto é, de mim. A independência do amor não é individualismo, quem ama não deseja ser o único a amar, mas quer que todos tenham a oportunidade de amar. Jesus amou tão radicalmente para nos deixar o exemplo maior, para que todos possamos amar. O amor jamais se escusa e sempre se voluntaria. Por outro lado, mesmo que muitas pessoas estão demonstrando amor em uma dada circunstância, isto não significa que o seu amor não é necessário, porque, amar, nunca é demais.

E assim, através de estudar estes aspectos do amor, coerência, beneficência e independência, mostramos que o amor é, de fato, inteligente, pois é companheiro da verdade, promotor do bem e independente. Amar com inteligência é amar com estes princípios em mente; se assim fizermos com diligência, amaremos de uma maneira nobre, não ingênua; efetiva, não ilusória; e, constante, pois amar, só depende de nós mesmos.

Rev. José Oliveira, o autor deste artigo é ministro presbiteriano, atualmente vivendo nos Estados Unidos e o diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola de teologia online, com cursos de Teologia e Filosofia nos níveis básico, bacharel, e mestrado. Se você gostaria de saber mais a respeito desses cursos, por favor, clique no link abaixo.

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Sunday, April 1, 2012

Amar Mesmo Quando Dificil

pelo Rev. Jose Oliveira, M.Div.

Amar não é fácil não. Se fosse, esse nosso mundo seria uma maravilha. Reconheçamos: amar incondicionalmente, incessantemente, intensamente – é difícil. Apesar disso, amar é a melhor coisa do mundo; concorda, ou não? Um amigo no Facebook discordou e escreveu: “Amar é a coisa mais dolorida do mundo”. Eu sei que amar pode, muitas vezes, ser dolorido -- eu mesmo experimentei isso muitas vezes. Mas, com o tempo cheguei à conclusão que amar é dolorido quando você mistura amor com o que não pertence ao amor: a expectativa de ser amado em retorno, principalmente quando você espera ser amado da mesma maneira que você ama, ou melhor... Amor atrai amor, mas depende se a outra pessoa é sensível ao amor e possui verdadeiro amor para dar, porque, amor verdadeiro atrai verdadeiro amor. Se o outro lado não tem verdadeiro amor, não existirá reciprocidade amorosa.

Contudo, o verdadeiro amor, embora se regozije em receber amor em retorno, não alimenta uma expectativa egoísta a esse respeito; o verdadeiro amor se regozija com o amor que recebe em retorno porque ser amado é bom, e porque quem ama verdadeiramente se regozija em saber que seu gesto de amor reproduziu amor em alguém... Mas, à parte disso, verdadeira amor não espera paga alguma por amor. Quem ama verdadeiramente se completa no simples gesto de amar; não espera ser amado de volta, isto é, ser amado não é uma condição ao verdadeiro amor. Essa é uma das razões porque as pessoas sofrem quando pensam que estão amando, mas estão “amando” somente para serem amadas em retorno, porque nossas expectativas nem sempre se concretizam. Não há nada de errado em querer ser amado; todos o desejamos, mas, algo interessante a respeito disso é que não podemos exigir que alguém nos ame, pois uma das mais importantes características do amor é que o amor é voluntário, espontâneo – não pode ser exigido, cobrado ou forçado de qualquer maneira. Pode sim ser estimulado, atraído, mas não pode ser constrangido de maneira alguma. Existem, segundo eu vejo, três razões por que amar é difícil.

Primeira, por que amar é um algo espiritual. O amor vem de Deus, porque Deus é amor. Deus é espírito, portanto, o amor é espiritual. Mas, nós somos seres duais, carne e espírito. Temos duas naturezas: uma animal, que herdamos da evolução da raça humana no mundo animal; e, uma divina, em nossa alma, que é fruto da habitação do Espírito de Deus que habita em nós, aquele que foi derramado sobre toda a carne, depois da ascensão de Jesus, no dia de Pentecostes. Assim, como o apóstolo Paulo dizia, com o espírito tenho prazer nas coisas de Deus, espirituais, como o amor, por exemplo; mas a carne tem prazer naquilo que é caracteristicamente animal. O mais agudo instinto da natureza animal é o de sobrevivência. É desse instinto animal que dá origem ao egoísmo humano, pois demanda que o ser humano pense em si mesmo em primeiro lugar, pois disso depende a sua sobrevivência. A natureza animal assim age, porque somente reage ao que é material e animal, não possui compreensão espiritual. Mas o Espírito, que vem de Deus, é, como Deus, tem vida em si mesmo, não se preocupa com a própria sobrevivência – ao contrário, se preocupa com os outros. O espírito é amoroso aos outros, altruísta; a carne, o instinto animal, é cioso de si mesmo, egoísta. Portanto, uma das razões porque amar é difícil se encontra neste conflito provindo dessas duas naturezas existentes em nós. Amar é difícil, porque, sendo algo espiritual, é contra a natureza carnal, animal. Porem, não se pense que a natureza animal é, como muitos dizem, originalmente pecaminosa... Não o é, segundo eu vejo; pois foi criada por Deus, e fazê-la intrinsecamente pecaminosa, seria dizer que Deus é a origem do pecado, que sabemos, não é verdade. Mas, essas duas tendências divergentes, causam conflito que pode dar ocasião a decisões pecaminosas. Contudo, é a nossa natureza espiritual que nos faz seres humanos, superiores ao resto do reino do animal, portanto, o espírito, do qual o amor é o primeiro e mais importante fruto, deve reger as decisões humanas.

A segunda razão pela qual é difícil amar se encontra no fato de que as pessoas, em geral, não estão acostumadas a serem verdadeiramente, incondicionalmente amadas. Por isso, muitas não compreendem e às vezes até mesmo duvidam (talvez porque elas mesmas se veem incapazes de tal amor) que exista verdadeiro amor. Em geral pessoas assim não conhecem o amor de Deus e, possivelmente, não possuem uma relação pessoal com Deus. Sem conhecer o amor de Deus, mesmo que as pessoas estejam desesperadamente necessitadas de amor, não conseguem se sentir amadas, pois têm dificuldade até mesmo em reconhecer o que é o verdadeiro amor, quando este lhes é oferecido. Mas, o verdadeiro amor ama, apesar dos obstáculos, sejam quais forem... Ama contra a correnteza, contra o vento -- pois é quando há resistência ao amor que este mais se faz necessário e mais real se mostra.

Finalmente, a terceira razão pela qual é difícil amar, é devido à presença do mal e pecado no mundo. Mal não tem existência própria, como se fosse o oposto a Deus... Deus não possui causa, o mal, porém, tem uma causa: a incapacidade ou recusa do ser humano escolher a vontade de Deus em suas decisões diárias, a qual nos é indicada constantemente pelo Espírito de Deus que habita em cada ser humano moralmente responsável. No Paraíso, onde Deus­-Pai reside, não há mal ou pecado algum, pois com ele habita a perfeição. Mas, em nossa dimensão finita e temporal, e em nossa presente situação, habitando este tabernáculo animal, existindo temporariamente neste mundo, onde decidimos ou não seguir a vontade de Deus – para nós, nestas condições, o mal e o pecado são realidades concretas – porque todos seres humanos moralmente responsáveis, com exceção de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus encarnado, eventualmente praticam o mal e pecado. É difícil amar em um mundo contaminado pelo mal e pecado como o nosso. Mal, pode ser definido como a ausência do amor. João, o apóstolo, colocou este pensamento em termos de luz e trevas. Ele disse que as trevas não prevalecem contra a luz, pelo contrário, a luz lança fora a trevas. E, onde não há luz, inevitavelmente haverá trevas. Onde não há amor, o mal e o pecado se fazem presentes. Contudo, apesar do mal tornar o trabalho do amor mais difícil, também o torna ainda mais significativo, pois é onde o mal e o pecado causaram destruição e dor, que o amor é mais relevante e necessário. Essa foi a razão pela qual o Filho de Deus escolheu vir a este mundo, onde o mal e o pecado haviam comprometido a criação de Deus de tal maneira que moveu o grande amor do Soberano Senhor deste Universo a decidir vir pessoalmente ao nosso mundo e ministrar-nos, como ninguém o fez antes, o amor de Deus. Amar o ser humano na condição deplorável em que se encontrava neste mundo foi um desafio para Jesus de Nazaré, mas, igualmente, foi a condição ideal para que ele fizesse aqui, e para testemunho até aos anjos, a maior demonstração do amor de Deus que este Universo já presenciou. Ele não desistiu, pois “havendo amado os seus que estavam no mundo, os amou até o fim”, e nós sabemos qual foi o fim: a cruz. O verdadeiro amor paga até o mais alto preço, a própria vida, para expressar-se em sua totalidade, e Jesus nos deu o mais belo e perfeito exemplo de amor – viver e morrer por amor ao próximo.

Sim, amar é difícil – mas não é impossível. Certamente não vamos expressá-lo perfeitamente em todos os momentos da vida, como Jesus o fez, mas, seguindo o exemplo dele, podemos mostrar, cada dia melhor, o verdadeiro amor, o amor de Deus em favor dos nossos semelhantes. Amar é primeiramente uma decisão; depois, é ação; e, após isso, é manutenção. Decidir amar não é difícil, também não é muito difícil mostrar esse amor... Mas, fazer desse amor uma decisão diária, um compromisso cotidiano, sustentar, manter esse amor a cada dia, cada hora, cada minuto e até mesmo a cada segundo – essa é a parte mais difícil do amor. Mas, de novo, não é impossível. Se unirmos ao amor a determinação da vontade, assumir o compromisso de amar apesar de qualquer obstáculo (para o que vamos certamente contar com a orientação do Espírito de Deus em cada um de nós) o amor será uma realidade em nossas vidas.

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Thursday, March 15, 2012

ASPECTOS DA UNIÃO ENTRE HOMEM E MULHER

 

homem mulherCasamento é, tradicionalmente, a união de um homem e uma mulher, mas, modernamente, se podem encontrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, em alguns países, mesmo sancionados pela lei vigente. Todavia, casamento é sempre uma instituição social. Neste artigo, contudo, gostaria de discutir não o casamento em si, o contrato social, mas a união conjugal, mais propriamente a união heterossexual, aquela entre um homem e uma mulher. Desde já aviso que não discrimino contra a união homossexual: apenas que, esta não será objeto dessa discussão. Quais são os elementos que caracterizam a união entre um homem e uma mulher? Por que, desde os primórdios da raça humana homem e mulher se unem? Sendo uma das primeiras preocupações do relato bíblico explicar a origem dessa união: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á ã sua mulher, e serão uma só carne.”

A primeira razão que encontro para união entre um homem e uma mulher é a atração animal. Antes de se falarem, antes de se conhecerem pessoalmente, é o impressão visual que estimula a atração física, presente nos seres humanos como um instinto animal. Existe algo na natureza humana, como em todo reino animal, que produz uma atração natural e mútua entre macho e fêmea. Não há dúvida que esta atração está a serviço da evolução e reprodução das espécies, mas para seres humanos é algo mais do que simplesmente instintivo, pois recebe a contribuição da vontade humana: atração que se torna desejo e desejo que se torna escolha. O instinto sexual determina a atração, mas nós seres humanos, diferentemente dos outros animais, não somos guiados somente pelos instintos, mas, através do exercício da vontade aproximamo-nos uns dos outros com o intuito de produzir e usufruir de uma experiência relacional.

A segunda razão que encontro determinante para a união heterossexual de seres humanos é a interação social. Isto não significa somente convivência social, mas a capacidade de socializar experiências pessoais com mútuo benefício. Animais possuem uma necessidade social. Esta socialização acontece de vários modos e em diferentes níveis, mas entre seres humanos, um muito importante é a relação entre um homem e uma mulher. Socialização é troca de experiências. Essa troca pode ser feita, sem dúvida, entre seres humanos do mesmo sexo, mas uma das vantagens do relacionamento heterosexual é a possibilidade de trocar experiências com alguém do mesmo nível racial, mas ainda específicamente diferente, ou seja, a diferença sexual. As trocas sociais são potencialmente muito mais significativas entre indivíduos do mesmo nível, mas substancialmente diferentes. O benefício é proporcional à alteridade e similaridade,o ideal sendo um balanceamento entre os dois. Similaridade é necessária para que haja uma base comum, para que a troca de experiências se realize, mas a alteridade é o que determina a riqueza dessa troca. Assim o relacionamento entre um homem e uma mulher é potenialmente rico nos mais diversos tipos de socialização.

O terceiro elemento que leva um homem e uma mulher se unirem é a obrigação tradicional, ou seja a força da tradição. Socialização é um fenômeno animal, mas civilização é esclusivamente humana. A força da civilização é a tradição¸sem o que civilização não é possível. A tradição seleciona os valores humanos que devem ser passados às gerações seguintes. A união heterossexual é, ainda, um importante valor moral de nossa civilização. Homens e mulheres se unem como cônjuges e formam família por que isto é o que se vem fazendo por milênios e milênios. É o esperado pelos padrões ditados pela civilização em que existimos. A quebra ou mudança da tradição não é algo simples, nem para o indivíduo nem para a sociedade; de fato é dolorosa e perigosa, causa guerras e quedas de impérios – quando pessoas ousam fazer as coisas diferentemente do que se vem fazendo por séculos... Aqueles que rompem com a tradição, num primeiro momento são considerados párias sociais; ao depois, podem até ser considerados heróis, inovadores, fundadores de novos tempos. A tradição não reconhece a excessão e teme mudança, deseja uniformidade para assegurar o status quo.

Existem muitas variáveis que definem e explicam a relação heterossexual, e estas, até mesmo pela grande multiplicidade, devem nos indicar que o que quer seja, mesmo sendo uma norma geral, não é, contudo, o único modelo, nem imprescindível, nem o melhor. Ademais, a primazia sexual na relação homem-mulher é certamente indevida, pois seres humanos são mais do simples seres sexuais, convivendo em situações importantes que não são determinadas pela sexualidade. Na relação heterossexual há inegáveis aspectos que trazem homem e mulher juntos, mas a humanidade certamente possui possibilidades de relação humana não determinada pelo sexo.

Rev. Jose Oliveira, M. Div., é pastor presbiteriano, vivendo nos Estados Unidos, e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online com cursos de teologia e filosofia nos níveis de Mestrado, Bacharel e Básico. Se você deseja mais informações sobre nossa escola, por favor clique no link abaixo:

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Wednesday, March 14, 2012

Os Mais Nobres Aspectos do Amor

Pelo Rev. Jose Oliveira, M. Div.

amorAmor é o mais nobre e menos compreendido sentimento humano. Logo de início, reconheçamos que até mesmo a definição de amor é difícil. Amor já foi comparado com quase tudo na vida, mesmo com coisas que claramente não tem nada a ver com amor. Por exemplo, a confissão de um amante: “Eu a matei por que a amava muito”. É isso amor? Certamente existem muitas diferentes maneiras de definir amor, mas, nesta oportunidade eu gostaria de apontar o que, em minha opinião, são os mais nobres aspectos do amor.

Primeiro: Amor é decisão. Paixão pode ser um sentimento; sexo é resultado de uma atração, mas creio que uma das palavras que melhor define amor é decisão. Algumas pessoas podem discordar disso, pois pode lhes parecer que definir amor como decisão é fazer dele algo muito racional e nada romântico. Sim, em minha opinião, amor é inteligente; e, romantismo não é um atributo do amor, mas sim um tipo de relação, a romântica, aquela entre um homem e uma mulher, por exemplo. Romantismo não pode ser um atributo do amor, pois o “amor romântico” é apenas uma expressão do amor universal. Amar é uma decisão de dar um lugar importante ou fazer alguém ou algo importante em sua vida. Quando Deus decidiu criar o ser humano, foi uma decisão de amor, pois o ser humano se tornou importante para Deus. Amar é fazer alguém, além de você mesmo, importante para você, na sua vida. Jesus disse que devemos amar a todos; isso só é possível quando considerarmos todos os seres humanos como nossos irmãos e irmãs, pois somos todos filhos criados pelo mesmo Deus, tendo todos, portanto, a mesma importância diante de Deus. Você pode amar a quem desejar, por que isso depende somente de uma decisão sua. Assim, por que não amar a todos?

Segundo: Amor é devoção. Devoção, como a maioria de nós sabe, está relacionada a devoto, ou seja, aquilo que é de-voto. O que é votar? Votar possui o sentido de compromisso. Quando você faz um voto, você assume um compromisso. Quando você vota em algum político para algum cargo, você está se comprometendo com aquela pessoa e o seu programa político; você esta dando o seu voto de apoio. Devoção é devotar-se a alguém; é prometer a si mesmo o seu apoio àquela pessoa. No caso do amor, é a promessa de que você apoiará essa pessoa incondicionalmente. Isso não significa que você irá corroborar os erros dessa pessoa, mas significa que você vai amá-la, mesmo quando ela estiver errada. Significa que você não vai abandonar essa pessoa (como muitos fazem) quando errar. Se Deus nos abandonasse por causa de nossos erros, ninguém poderia contar com o amor de Deus, pois todos nós erramos. Amor é devoção, compromisso, apoio que continua apesar das falhas, sejam nossas ou da pessoa amada. Foi por isso que o apóstolo Paulo disse: “O amor jamais acaba”, porque o amor não esmorece diante de nada. Nossa primeira e maior devoção é a Deus. Mas, se você ama a Deus, você já descobriu que a maneira de mostrar isso é se devotando ao bem comum, de cada ser humano -- em outras palavras, amar a todos!

Terceiro: Amor é dedicação. Para alguns, dedicação e devoção seriam a mesma coisa. Mas eu vejo uma diferença importante: devoção é uma atitude, uma promessa, um voto; dedicação é ação, comportamento, atuação – é entrega. Qual é a diferença entre promessa e entrega? É que a última dá substância à primeira. Amar é entregar-se, é dar-se a alguém; é ser meio de bênçãos aos outros. Um grande exemplo de dedicação é o das mães em geral. Uma mãe se entrega aos filhos de uma maneira tão completa que algumas vezes chega às raias da irracionalidade. Jesus, contudo, é o nosso supremo exemplo, pois ele dedicou sua vida completamente para o benefício espiritual de todos os seres humanos. Dele, foi uma entrega tão absoluta que o fazia algumas vezes se esquecer das coisas básicas da vida, como, comer, beber, dormir, descansar... Amar é uma entrega radical e sem esperar compensação, pois a compensação de quem ama é dar amor e a satisfação de ver a pessoa amada ser abençoada com esse amor. Verdadeiro amor revela uma entrega sacrificial – não importa o quanto custe, mesmo que a vida do amante, pois o amor entrega a própria vida por amor de quem se ama, pois não há dedicação maior do que o amor.

Eu seriamente acredito que decisão, devoção e dedicação são os mais nobres e importantes aspectos do amor. Amor não é um capricho infantil ou romântico. Amar é tornar alguém importante para você, na sua vida. Amar não é algo inconsequente do tipo, “se der eu faço”. Amar é devoção, é compromisso, apoio sério e incondicional. Amar não é egoísta, ao contrário, é dedicação incansável, entrega de si mesmo ao outro. É entregar-se de alma e coração ao serviço do próximo, o que revela um amor supremo à vontade de Deus, pois é da vontade de Deus que amemos uns aos outros indistintamente. Amor é, de fato, o mais nobre e importante sentimento humano. Somente quando realmente amamos aos outros é que somos felizes. Lembremo-nos sempre: o amor jamais acaba; o amor é incondicional, e o amor é impagável. Finalmente, tenhamos em mente que, se ao compararmos nosso amor com o acima, e ficar aquém do mostrado acima, isso não significa que não amamos, mas significa que nosso amor é, como cada um de nós, imperfeito, e que o perfeito amor é um alvo que aprendemos com Deus em Jesus Cristo.

Rev. Jose Oliveira, o autor deste artigo, é ministro presbiteriano, vivendo nos Estados Unidos, e o diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online com programas de Mestrado, Bacharel e Básico em Teologia e Filosofia. Se você gostaria de mais informações sobre os cursos de teologia e filosofia em nossa escola, por favor, clique no link abaixo.

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Friday, March 2, 2012

Revelação Divina

revelacaoA teologia evangélica tem maneiras peculiares de se referir à Revelação Divina. Primeiramente a classifica como Natural e Especial; a primeira através da natureza e a segunda através das Escrituras e Jesus Cristo. Natural porque dela não se poderia inferir salvação pessoal, e especial por que através destas, sim se pode conhecer a salvação pessoal. É discutível se a revelação natural não conduz à salvação, pois a salvação é pela fé na revelação de Deus, portanto se a pessoa crê em Deus por meio da revelação natural de Deus, não lhe será “isto atribuido para justiça”, como foi a Abrãao? Na teologia evangélica também se afirma que a revelação de Deus é progressiva e parcial. Progressiva por que tanto o conteúdo como a forma de revelação progrediram histórica e qualitativamente com o decorrer do tempo. O veículo da revelação progrediu de formas rudes, como por exemplo, os profetas no princípio do reino de Saul, que utilizavam bebida alcoólica para entrarem no “transe” espiritual que lhes permitia receber a palavra profética. Também progrediu em Israel, da visão (em alguns Salmos) em que Javé era um (certamente o mais poderoso) entre muitos outros deuses, à visão de um único e soberano Deus (Isaías). Em Jesus temos a mais perfeita revelação de Deus, principalmente como Pai, jamais feita em nosso mundo. A revelação é, também, parcial; porque a revelação divina não é exaustiva, pela simples razão de que nossa natureza finita, não pode abarcar a infinitude de Deus. A revelação a nós dada, é, como Pedro afirma, mormente concernente às coisas “da salvação e piedade”, isto é nos instruem em como receber a salvação e como viver uma vida piedosa. Mas em muitos outros respeitos a revelação pode ser parcial ou mesmo omissa, porque “as coisas reveladas pertencem a nós e a nossos filhos, mas as ocultas, a Deus”, afirma o Deuteronômio. E Paulo também afirmou: “Agora vemos como por um espelho, então o veremos como realmente é”. Nesta oportunidade gostaria de refletir um pouco mais neste tema da revelação, mostrando a revelação em termos de historicização, personificação e atualização.

A Historização da Revelação (através da História)

Deus se revela através da história, por que o Deus Único e Verdadeiro não é estático, mas dinâmico e, como Francis Schaffer afirmou, ele é “o Deus que Intervém” na história universal e pessoal. Ele não assiste impassivelmente a história passar aleatóriamente ou dirijida pelos caprichos e loucuras dos governantes. Ele intervém e dirige a história de acordo com os seus própositos imediatos e de longo prazo, ainda que sem violar o livre-arbítrio do indivíduo. Seres humanos podem tomar decisões e proceder com ações que respeitem somente a si mesmo. Por exemplo, individuos são livres para crer em Deus ou não. Mas, quando decisões e ações humanas se chocam com a vontade de Deus, esta sem dúvida prevalecerá, mesmo que tome tempo aos nossos olhos humanos. Um exemplo de Deus se revelando na história encontramos nos registros do Livro de Daniel, onde claramente se vê Deus dirigindo a história através do levantamento e queda de impérios: “Esta sentença é por decreto dos vigias, e por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até o mais humilde dos homens constitui sobre eles”. Deus tem domínio sobre o reino dos homens. Ele não se deixa surpreender e nem observa passivo as loucuras humanas. Qual é o aspecto mais importante que a historização da revelação nos ensina a respeito de Deus? É que Deus, não somente intervém na história, mas é, também, Soberano sobre ela e seus propósitos não podem ser frustrados.

A Personificação da Revelação (através de Cristo Jesus)

Se na historização da revelação, Deus se revela através de um processo histórico, na personificação da revelação Deus se revela através de um personagem histórico, Jesus de Nazaré. A encarnação, que é a vinda do Soberano deste Universo a este mundo, é o mais alto e significativo evento revelacional que o nosso mundo já experimentou. Ninguém revelou a Deus como Jesus o fez, pois ele, como a Epístola aos Hebreus afirma, é a “perfeita expressão da imagem de Deus”. Se alguém quiser conhecer como Deus é, preste atenção na vida e ensinos deste humilde carpinteiro de Nazaré, Jesus, que viveu entre nós há mais de dois mil anos atrás, e é agora o Cristo exaltado nos céus. Jesus disse, “quem vê a mim, vê o Pai” e isto é verdade ainda que seja com os olhos da fé. Em Jesus a revelação se tornou uma Pessoa, como nós, porém, vinda do Paraíso, para nos dar uma revelação definitiva da pessoa de Deus e nos dar a conhecer e exemplificar-nos como fazer a vontade do Pai que está nos céus. Que não se confunda essa revelação com Cristianismo. Se Jesus houvera deixado algo escrito por si mesmo, isso poderia ser considerado uma revelação escrita, mas ele não deixou, e em nenhum lugar ordenou aos seus apóstolos que escrevessem tal revelação. Mas o seus principais ensinos nos foram transmitidos pelos seus discípulos (alguns, provavelmente alterados devido ao processo humano e precário desta mesma transmissão) e se constituiriam uma herança espiritual para todo o mundo, se o Cristianismo não tivesse se apoderado deles de uma forma exclusivista e restritiva. A pessoa de Cristo é a revelação perfeita de Deus para todos, mas nós acessamos essa revelação por meios imperfeitos.

A Atualização da Revelação (através do Espírito de Deus)

Antes da vinda de Cristo, a revelação divina era concedida a poucos indivíduos no mundo, aos quais chamamos de profetas. Estes eram pessoas habitadas e/ou capacitadas pelo Espírito de Deus para transmitirem a mensagem de Deus ao povo. Isto, mais observável no povo de Israel, era um fenômeno que também ocorria em outras nações, dentro de suas tradições religiosas. Contudo, mesmo em Israel, os profetas anunciaram (Joel, Isaias) que esse privilégio de alguns haveria de acabar um dia, quando Deus derramasse o seu Espírito “sobre toda a carne”. Isso aconteceu no dia do Pentecostes, de acordo com a promessa de Jesus antes de subir aos céus (Atos 1), o que Pedro testificou no sermão pregado após o evento. Na verdade, o Espírito de Deus veio a “toda carne”, para habitar todos os seres humanos normais vivendo neste mundo a partir daquele momento. Mas segundo o Cristianismo, o Espírito não veio a toda a carne, mas só aos que “aceitam a Jesus como Salvador”, e assim se pensa que todos os demais não tenham o Espírito, o que somente pode ser afirmado através de uma interpretação restritiva das mesmas escrituras cristãs. No dia de Pentecostes dois tipos de manifestações espirituais distintas ocorreram. Primeiro, o Espírito de Deus-Pai veio habitar todos os seres humanos normais, e, segundo, o Espírito de Cristo, o Espírito da Verdade, passou a ministrar neste mundo, para conduzir os crêem a “toda verdade”. Essas duas manifestações espirituais, possibilitam a atualização, em termos pessoais, da revelação divina. Depois da Ascensão de Jesus, seres humanos em geral, sem discriminação religiosa, possuem o Espírito de Deus habitando em suas mentes, fornecendo constante orientação divina para fazer-se a vontade de Deus. Isso é perceptível em diferentes níveis por diferentes indivíduos, pois o Espírito não age por força ou violência, mas mansamente, e, por isso, muitas pessoas simplesmente não percebem ou ignoram essa Sua constante orientação. A revelação do Espírito de Deus na vida pessoal de cada um é puramente espiritual, não atrelada a qualquer meio material, seja qual for. O Espírito de Cristo, o Espírito da Verdade, também presente na terra conosco, atua conforme a capacidade espiritual de cada um, conduzindo-nos, passo-a-passo, a toda verdade. Isso se constitui a atualização da revelação, até mesmo em termos cotidianos, em nossa vida pessoal.

Estou consciente de que neste artigo, defendo posições que não são tradicionais do Cristianismo. Mas o faço por amor aquilo que considero a verdade mostrada a mim, e, de nenhum modo, advogo que todos devam pensar assim. A verdade, como a revelação de Deus, é também progressiva. Pedro, mesmo depois da ascensão de Cristo, pensava que a salvação era só para os Judeus, mas através de uma visão Deus lhe mostrou diferentemente. Como o apóstolo Paulo disse, “cada um viva de acordo com a luz que possui”. Eu, neste artigo, quis apenas jogar um pouco mais de luz na discussão a respeito da revelação. Mas pode ser que o que é luz para uns, ofuscam ou cegam a outros... Neste caso, permaneça com a sua luz, até que Deus lhe mostre diferente, quando e se mostrar. Custou-me quarenta anos de fé em Jesus Cristo para chegar a estas conclusões, e essas conclusões são minhas; todos devem chegar às suas próprias conclusões.

Jose Oliveira, M. Div., é pastor presbiteriano, vivendo nos Estados Unidos, e o diretor do Instituto Teológico Simonton para estudantes de fala portuguesa. O acima exarado é sua opinião e de nenhuma maneira faz parte obrigatória do currículo da Escola que ele dirige. Se você quiser estudar em uma escola teológica que lhe dá liberdade de chegar às suas próprias conclusões, conheça mais a repeito do ITSimonton, clicando no link abaixo:

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Wednesday, February 29, 2012

ATEUS, LHES CONVIDO A LEREM ISTO

Pelo Rev. Jose Oliveira, M. Div.
Seres humanos são seres religiosos, sem exceção. O que basicamente faz o ser humano religioso é o dom da Personalidade. Nossa religiosidade inata existe por que o elemento que basicamente nos define como seres humanos, isto é, a personalidade, vem de Deus. Cada um de nós possui esta faculdade que nos habilita a nos expressarmos como pessoas, não como simples animais. Mesmo nossa natureza animal, também procedente de Deus, traz a marca divina. Mas sem a personalidade, não podemos reconhecê-la, portanto, personalidade é a causa do anseio religioso no homem, isto é, a busca pela Deidade que dá sentido à vida além desta vida. Ateus são pessoas cujos egos (identidade, não personalidade) foram construídos com tamanha arrogância que decidiram excluir a idéia de Deus dos seus sistemas vivenciais especialmente para “não dar satisfação a ninguém”, nem mesmo a Deus. Contudo, ateus laboram em erro, pois para negar-se a Deus, há que primeiramente elaborar a idéia de Deus e isso só é possível através da personalidade, que vem de Deus. Animais não podem sequer elaborar a idéia de Deus, porque não são seres pessoais, somente seres pessoais, com personalidade, como eu, você e todos os ateus do mundo podem aceitar ou a negar a Deus! Ateus negam o Deus único e verdadeiro para colocarem a si mesmos como deuses. E a tragédia é que Deus respeita essas decisões quando são tomadas definitivamente e confirmada pelas suas ações. Se os ateus recusam a acreditar em Deus, ao final, eles terão que, na presença de Deus, assumir suas decisões e serão como se nunca tivessem existido, por que sem Deus, não há qualquer tipo existência!
Quais são as implicações de tal decisão por parte dos ateus? Certamente é uma decisão suicida. Ao negar a Deus, o ateu está declarando a sua própria morte eterna. Com Deus, a aventura da existência humana, continua, progressivamente, por toda a eternidade. Sem Deus, tudo acaba depois desta vida. Esse ser humano que ateus amaram às raias da egolatria, deixará de existir. Todas as experiências, boas e más, mas que constituíram a vida -- tudo deixará de existir! Ateus que persistirem em suas decisões de negar a Deus poderão ser uma memória para outros, mas para eles próprios, nunca, eternamente, poderão recordar suas vidas neste mundo, porque, conscientemente, decidiram cessar suas existências depois dessa vida. Por que alguém faria isso? Seria pelo medo da dúvida (da existência de Deus) e então optaram por uma “certeza” de que Deus não existe? A dúvida é melhor do que negar a Deus. Ateus, se fossem realmente inteligentes, deveriam ser coerentes e dizer: “Eu não sei se Deus existe”. Isto é o máximo que uma pessoa honesta pode afirmar. Duvidar não é negar. Duvidar significa que você ainda está aberto para verdade. Mas quando você nega ou afirma, isso significa que você encontrou a verdade. Sim, seja sincero. Se você não tem certeza da existência de Deus, afirme isso, por que aí ainda há esperança. Mas não feche, arrogantemente, a porta, dizendo: “Não há Deus”. Isso é suicídio!
Negar a Deus além de uma decisão suicida é uma decisão egoísta. Uma decisão de quem, ultimamente, está pensando somente em si mesmo. Porque não querem viver em dúvida, ou se submeter a um ser superior, Deus, os ateus eliminam a existência deles da existência dos outros seres humanos que sobreviverão eternamente, entre estes, aqueles entes queridos como pais, mães, esposas, filhos e amigos que verdadeiramente os amaram e ficarão privados da existência desses ateus queridos por toda eternidade. Imagine quão triste para um pai ou mãe, esposo, esposa, filhos e amigos aqui na terra, saber que alguém que eles sinceramente amaram aqui na terra não estará com eles na eternidade. Sabendo que “Deus enxugará dos olhos todas as lagrimas”, sabemos que, no céu, respeitando a decisão deles, os ateus, estaremos gratos a Deus pelo tempo que nos permitiu compartilhar e amá-los aqui na terra, mas nunca, nunca mais poderemos encontrá-los e seguir amando-os por toda eternidade, porque eles, numa decisão egoísta, simplesmente nos cortaram essa oportunidade. Isso me faz pensar: será que estes nossos queridos familiares ou amigos ateus, nos amam realmente? Será que amam os seus pais, esposas, filhos e amigos? Tenho que chegar a conclusão que ainda que os amassem, não o fizeram com a profundidade que poderiam, pois não desejaram estar conosco por toda a eternidade. Tudo por causa do egoísmo!
A decisão de conscientemente negar a Deus, além de ser suicida e egoísta -- tenho que dizer -- na esperança de que os ateus considerem seriamente sua decisão e a mudem enquanto há tempo (porque enquanto há vida, há esperança), uma vez que, se esta decisão é tomada com total consciência de suas consequências, condição em que, depois de lerem este artigo alguns ateus poderão estar, é uma decisão irreversível. Se você, ateu, exercer as faculdades da personalidade que o próprio Deus lhe deu, para negá-lo contínua e definitivamente, após a morte, na presença de Deus, não lhe será dada outra oportunidade, e, para ser franco, nem mesmo você vai pedir por uma segunda oportunidade, pois o seu coração estará selado com a decisão pessoal e definitiva que fez enquanto em vida, e, como a Paulo disse, “todo joelho se dobrará diante de Cristo”, você também, figurativamente, o fará, ao reconhecer, diante de Deus (onde a verdade e a justiça divinas estarão tão clara e insofismaticamente evidentes) quando você mesmo concordará que sim desejou em vida, e, ainda deseja, deixar de existir. Não haverá volta de uma decisão consciente e definitivamente tomada em vida. Sua decisão será irreversível, mesmo para você.
Por que, em sã consciência, alguém faria isso? Para mim, só existe uma resposta: a arrogância. Se não fora a arrogância, o ateu, não seria ateu, seria um cético honesto. Não considero um cético honesto aquele que diz: “Eu não sei se Deus existe e creio que nunca haverá possibilidade de saber-se”. Este não é um cético honesto, mas é um ateu arrogante disfarçado de cético. A arrogância é a causa do mal, ou pecado, pois o arrogante ateu peca contra Deus e os outros e pensa que não haverá consequências. Sim haverá, consequências temporais e eternas. A arrogância é a causa deste egoísmo supremo que rouba aos ateus a eternidade. A arrogância dos ateus é a causa que os rouba dos seus entes queridos por toda a eternidade. É arrogância que os faz tomarem, conscientemente, uma decisão tão temerária como a de negar a existência de Deus. Contudo, não precisa ser assim. Simplesmente reconheça que não é lógico, humano ou certo, cortar Deus de sua existência. Ele o ama, e lhe quer Consigo por toda Eternidade. Simplesmente se abra para a verdade, ou melhor, seja corajoso para dizer: “Se há um Deus, eu quero ser convencido disto!” Se fizer esta oração do cético honesto, com humildade, não com arrogância, espere, pois, sem dúvida, você será convencido da existência de Deus.
Rev. Jose Oliveira é ministro presbiteriano, vivendo nos Estados Unidos, e o diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online que oferece programas de teologia e filosofia nos níveis básico, bacharelado e mestrado. Para maiores informações sobre nossa escola, siga o link abaixo.
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Tuesday, February 28, 2012

A Eternidade e a Trindade

pelo Rev. Jose Oliveira, M.Div.

eternidadeO conceito de “eternidade” está além da compreensão humana. Se, pudéssemos perguntar a Deus o que é Eternidade, ele provavelmente diria: “Eu sou a Eternidade”. Eternidade não existe à parte de Deus. Tendemos a classificar eternidade em termos cronológicos. Dizemos que eternidade é o antes-infinito e o infinito-depois. Porque somos seres condicionados ao tempo e espaço, somos levados a pensar nestes termos, mas eternidade não é a respeito da extensão temporal, mas a respeito da ausência do tempo. Tempo e espaço são dimensões finitas onde certos potenciais de Deus adquirem substância. Tempo e espaço constituem o laboratório de Deus onde Ele permite que certas personalidades se desenvolvam, rumo à perfeição, através da experiência, por meio do livre-arbítrio.

Eternidade é a respeito da modalidade única do Ser Absoluto, onde o ser e o não-ser existem em perfeita harmonia. O ser é tudo que se faz perceptível. O não-ser não é que o não existe. É o que existe potencialmente. No caso do ser humano, o que é potencial é limitado pela possibilidade e assim alguns potenciais humanamente engendrados podem nunca se tornar realidade. Mas no caso de Deus, os seus infinitos potenciais são todos destinados a se tornar reais, por que tudo que Deus engendra é possível. Em Deus deve existir um “ser” tensional entre o real e potencial. Podemos dizer que se não fora a realidade da Trindade, Deus somente existiria para Si mesmo. Essa é a essência, creio, da Existência Absoluta de Deus, mas a Trindade manifesta a Existência Plural de Deus.

O Filho e o Espírito são o que poderíamos chamar de “inevitabilidades” do ser de Deus, potenciais que se “tornaram” reais. Talvez a diferença entre real e potencial seja a capacidade de relação. O potencial existe, mas estaticamente, o real existe em relacionamento com algo ou alguém. Assim, à parte da Trindade, Deus possui existência intrínseca, Ele existe de si para si mesmo. Mas na Trindade, Deus existe em relação ao Filho e ao Espírito. Ambos, o Ser Real e Potencial de Deus compreendem o Ser Absoluto de Deus. Ser absoluto, é, então, ser e não-ser. A vontade divina, mais do que “desejo” deve ser o resultado desta tensão ontológica em Deus.

Possivelmente, os “movimentos” eternos de Deus são a capacidade divina através desta vontade tensional, acima mencionada, de transformar potenciais divinos em realidades. A geração do Filho é o Deus-Ente (real) trazendo o Deus-Agente (potencial) à realidade. Ao gerar o Filho, Deus é Pai, e abdica de seu poder agencial (que sem o Filho, seria exclusivamente potencial) em favor do Filho. O Pai somente age através do Filho; ainda quando pessoalmente atua no universo, é o Filho que viabiliza essa atuação. O Filho, sendo geração divina, é expressão unigênita e contígua de Deus. O Espírito, sendo processão divina é a essência relacional de Deus, Sua expressão conjuntiva (do Pai e do Filho conjuntamente). O Pai é a Origem de tudo, o Filho é a Expressão do Pai, e o Espírito é o Executor Conjuntivo do Pai e do Filho.

Como dito anteriormente, é impossível para nós seres humanos compreender a Deus, porque Ele é Absoluto, Infinito e Inconcebível em sua realidade total. Se o pudéssemos, seríamos Deus. Mas podemos conhecer algo de Deus. Certamente, Ele é infinitamente mais do que podemos conhecer e imaginar; mas, a nossa percepção dEle, embora imperfeita, é real, pois Deus, em manifestando-se através da Trindade, permitiu que se Lhe conhecesse extrinsecamente, de qual conhecimento nós partilhamos, pela revelação que ele faz de si mesmo no Filho, pelo Espírito.

Rev. Jose Oliveira é ministro presbiteriano e diretor do Instituto Teológico Simonton.

Tuesday, February 21, 2012

Moralidade e Religião

pelo Rev. Jose Oliveira, M. Div.

religiao-e-moralPara muitas pessoas, Moralidade e Religião é a mesma coisa. Será mesmo? Ainda que Moralidade e Religião cruzam os seus caminhos muitas vezes tanto na Filosofia como Teologia, são conceitos e disciplinas distintos que devem ser compreendidos em suas particularidades. Comecemos por apresentar uma definição de Moralidade. Moralidade humana é um conjunto de princípios que pode variar de indivíduo para indivíduo, os quais regem o comportamento pessoal. Assim, o seu código de pessoal de princípios que definem o que é certo e errado, bom e mau, Bem e Mal, determinam a sua moralidade. Outros termos relacionados com Moralidade são imoralidade, que são os comportamentos reprovados pela Moralidade pública ou social; amoralidade é a presunção de que não há moralidade, ou seja, um conjunto de princípios que regem o comportamento; contudo, tal presunção constitui-se um principio em si e regerá a comportamento, mesmo a despeito de não se acreditar em moralidade. Religião pode ser definida em dois aspectos: pessoal e institucional. No aspecto pessoal, religião é o conjunto de convicções espirituais que o individuo possui que determinam a sua esperança para além desta vida. No aspecto institucional, religião é o sistema doutrinário ou dogmático imposto ou aceito por indivíduos a respeito de fenômenos espirituais. Não obstante possuírem campos de atuação distintos, Religião e Moralidade estão, de fato, ligadas. Que tipo de relacionamento existe entre elas? Este será o foco da nossa reflexão nesta oportunidade.

Uma Relação Funcional

A relação funcional entre Religiao e Moralidade significa dizer que elas se utilizam mutuamente, ou seja, uma ajuda à outra. Religiosidade é uma capacidade inata no ser humano, ou seja, todos os seres humanos normais possuem uma curiosidade e desejo pelo divino, pelo mundo espiritual. Religião é, portanto, antecedente à moralidade, bem como um ingrediente da mesma. Moralidade é um exercício da sabedoria humana, no sentido que estabelece um código de conduta, primeiro para o indivíduo, tanto para proteção e eficiência pessoal; depois, para o grupo, sociedade e civilização, agora para a proteção e eficiência de funcionamento do grupo. A Religião utiliza e influencia a Moralidade desde que o relacionamento com a Deidade traz consequências no relacionamento social. A Moralidade utiliza e influencia a Religião desde que a religião possui o poder de reforçar as exigências da Moralidade com conteúdos espirituais. Desta forma, Religião e Moralidade se influenciam mutuamente e a consequência é que nem tudo que a Religião prega é espiritual, mas tão somente moral, e a Moralidade muitas vezes exige uma conduta que é mais própria da Religião.

Uma Relação Social

Como começamos a indicar no ponto anterior que ambos, Religião e Moralidade, têm a ver com a sociedade, pois ambas demandam atitudes a nível social. A relação social entre Religião e Moralidade se expressa na criação daquilo que chamamos uma consciência social, ou seja, o conjunto de regras sociais que ditam a conduta de todos. Tanto a Moralidade como a Religião possuem funções sociais distintas e conjuntas, as ultimas fazem parte da já mencionada consciência social as distintas, podem ser vistas assim: A função social da Religião é espiritualizar a sociedade, no sentido de propor princípios espirituais que regulem o comportamento social. A palavra divina no Antigo Testamento, confirmada pelo Novo, dizendo: “Sede vós perfeitos, como Eu Sou perfeito” é um exemplo dessa injunção religiosa com efeitos socializantes. A função social da Moralidade é tornar a convivência social suportável e cada vez mais agradável (embora o que aconteça, muitas vezes, é exatamente o contrário, pelas muitas restrições que cria) a todos. Religião e Moralidade são duas plataformas essenciais para uma convivência social satisfatória.

Uma Relação Processual

Desde que seres humanos vivem no tempo e no espaço, constantemente fazendo história, não se pode negar que outro aspecto da relação entre Religião e Moralidade é o aspecto processual, histórico. Embora a História seja cíclica, é, também, em geral, progressiva. Certamente que há regressões localizadas, mas em geral, há um progresso que se expressa na civilização como um todo. Moralidade e Religião têm muito a ver com esse progresso, que é característica da natureza evolutiva de ambas. Religião, em si mesma, seja com ou sem a influência Revelação, progrediu do animismo ao monoteísmo, da diversificação para unificação, o que se reflete na civilização hodierna, com o que chamamos de ecumenismo. A Moralidade também evoluiu. Em termos gerais progrediu do individualismo selvagem para socialismo comunitário (independentemente de sistemas políticos-financeiros). Não importa quantos recessos a civilização humana possa experimentar, se ultimamente não se destruir a si mesma, sempre será capaz de retomar sua marcha progressiva. A Moralidade e a Religião sempre exercerão um papel preponderante nesta marcha incessante.

É impossível desvincular a Religião da Moralidade porque a primeira inevitavelmente se expressa no campo da conduta, a qual é regida, mormente, pela segunda. E por ser esta vinculação inextrincável, é impossível também desconsiderar a influência que uma exerce sobre a outra. Ainda que a Moralidade dê forma comportamental aos conteúdos religiosos, ela não deveria dar forma à Deidade, por que a concepção dessa não deveria ser fruto de projeção, mas sim de Revelação. Contudo, no processo evolutivo da Religião vemos que a ideia da Deidade começa com uma busca, adquire forma através da projeção e se aproxima da realidade através de Revelação. A Religião, em última instância deveria ser exclusivamente pessoal e sua expressão externa, uma negociação com a consciência social. A Moralidade é útil ao ser humano, mas os seus conteúdos deveriam, a rigor, serem frutos da orientação do Espírito de Deus que habita em cada ser humano normal, sugerindo em cada decisão, a que mais se aproxima da vontade de Deus. Isso significaria a espiritualização da Moralidade. Todavia, enquanto os conteúdos morais e religiosos forem concebidos por seres humanos com o intuito de controlar os outros, e não de aperfeiçoar a si mesmos, religião e moralidade serão tão somente ideologias.

Rev. Jose Oliveira é pastor presbiteriano, diretor do Instituto Teológico Simonton online, transmitindo desde Chicago, USA. Se você gostaria saber mais a respeito dos temas discutidos neste artigo, considere estudar no Instituto Teólogico Simonton, cujos programas frequentemente abordam temas como estes, desde uma perspectiva bíblica e teológica. Para acessar o site, siga o link abaixo.

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Saturday, February 18, 2012

A Verdade

Pelo Rev. Jose Oliveira, M. Div.
verdadeVerdade... Um conceito tão importante, tão admirado, tão exaltado, tão pouco entendido e tão pouco praticado! Quando Jesus foi perguntado por Pilatos “O que é a verdade?” Jesus respondeu com silêncio. Ele tinha os seus motivos para não responder… Mas eu, hoje, humildemente vou me aventurar neste dificil campo. Existem várias maneiras de definir o que é verdade. Primeiro, por oposição: verdade é o oposto da mentira e falsidade. Depois, por afirmação: verdade é a exata correspondência entre uma idéia e fato (entre a idéia e o objeto desta idéia). Mas, qual seria função da verdade? Para que serve a verdade? Em primeiro lugar descobrir a verdade traz segurança de que você esta lidando com algo que é real, não uma ilusão (isso vale até mesmo quando você encontra a verdade a respeito de uma ilusão; você sabe que está lidando com uma ilusão, não com algo real). Além disso, a verdade traz satisfação. Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. A verdade liberta, até mesmo quando ela pode leva-lo à prisão: este é o motivo porque pessoas com consciência confessam os seus crimes -- por que desejam se libertar da culpa -- e, neste afã, confessam a verdade, o primeiro passo para isso. Por fim, a verdade inspira. Todo descobrimento da verdade inspira a busca de outras verdades. Nesta oportunidade, gostaria de trazer algumas reflexões a respeito da verdade. Eis aqui a definição básica que guiará essa reflexão: Verdade é um conceito intelectual que expressa a origem, substância e propósito últimos de todos os seres, coisas e fenômenos.

Comecemos por afirmar que, para nós, seres humanos, a verdade é uma formulação intelectual. Existe uma diferença ontológica entre a coisa em si e o seu conhecimento. É a diferença entre Ontologia e Epistemologia. Somos incapazes de conhecer as coisas externas em si mesmas. Para tanto teríamos que nos tornar essas coisas mesmas. O máximo que podemos conhecer a respeito das coisas é através do nosso relacionamento com elas; aí, temos uma experiência em relação àquele objeto. Portanto, a verdade é uma formulação intelectual a respeito de algo. A nossa formulação da verdade depende de alguns pressupostos. Primeiramente dependerá da qualidade da informação que temos para a formulação da verdade. Se essa informação é fundamentada em fontes confiáveis (autoridades), este é um passo em direção à verdade. Depois, há o processo da formulação da verdade. Quanto mais imparcial for este processo, mais chances há de se conhecer a verdade. E por fim, há a finalidade dessa busca. A verdade se basta. Se qualquer busca da verdade tiver outra agenda do que a própria verdade, essa busca está comprometida e, portanto, a formulação da verdade será comprometida.
 
A seguir, a outra afirmação que se faz necessária a respeito da verdade é que, para seres humanos, a verdade sempre será relativa. Essa relatividade decorre da própria condição e subjetividade humana. Ainda que você esteja assumindo a verdade formulada por outros, a compreensão dessa formulação será a sua compreensão, portanto subjetiva. Qualquer formulação da verdade depende da base de informação que o indivíduo possui para construir novas concepções. Assim, a formulação da verdade dependerá da qualidade e quantidade dessa informação previamente armazenada no intelecto. Jesus Cristo quando ascendeu aos céus, nos enviou o seu Espírito da Verdade, que nos “guiaria a toda verdade”. Veja-se que não diz: “daria” toda verdade. O Espírito da Verdade não transmite a verdade, embrulhada de presente. Ele o guia nesta busca. Mas é você, utilizando as informações que já possui, quem formula o seu conceito de verdade.
Por último, afirmemos que Deus é a verdade absoluta. Deus sendo a não-originada Origem de tudo, o Ser de quem todas as realidades foram geradas, e o fim de Si mesmo (Deus não existe para alguma finalidade em particular), é a Verdade Absoluta. Seres humanos, ainda que através de Jesus Cristo, um dia se receberão em si mesmos a natureza divina, e assim conhecerão a natureza de Deus. Este conhecimento, entretanto, ainda que se prolongue por toda eternidade, será sempre um conhecimento finito do Infinito. Portanto, o máximo conhecimento que eternamente teremos de Deus, será sim, verdadeiro, mas será sempre parcial, por que nunca poderemos abranger a natureza absoluta de Deus. Para isso teríamos que ser deuses exatamente como Ele é, e sabemos que só existe UM Deus, o Deus vivo e verdadeiro, criador de todas as coisas; nosso Pai, por intermédio de Jesus Cristo, o Soberano Senhor deste Universo.

O conhecimento humano da verdade é, e sempre será, processual, relativo, finito. Somente Deus possui conhecimento absoluto, pois Ele é absoluto em Si mesmo. Ao finalizar esta reflexão deixe-me dizer que o fato de que nosso conhecimento da verdade seja ultimamente relativo e limitado, não quer dizer que seja falso, é, contudo, provisório, especialmente a respeito de Deus, por que sempre há mais que conhecer a respeito dEle. Qualquer conhecimento humano da verdade, portanto, é aquele que é possível para aquela condição particular de cada um de nós. Mesmo o ateu, quando afirma que não há Deus (na verdade uma negação da existência de Deus) essa será a sua verdade, porque, após o julgamento divino, para ele, não haverá Deus de fato. Espero que essa reflexão nos ajude a todos a sermos mais humildes a respeito de nossas “verdades”. Não é tão importante que eu saiba a verdade a respeito de tudo, mas é sumamente importante que eu CREIA na Verdade Absoluta, que é Deus.
 
Rev. Jose Oliveira, é pastor presbiteriano ordenado e o diretor do Instituto Teológico Simonton. Ele é brasileiro-americano, vivendo nos Estados unidos desde 1995. Possui um Mestrado em Divindade outorgado pelo Northern Baptist Theological Seminary, Lombad, IL , USA.

Wednesday, February 15, 2012

Quem Está Pronto Para Estudar Teologia?

Pelo Rev. Jose Oliveira, M. Div.

estudar teologiaJá dizia o Eclesiastes: “Para tudo há tempo debaixo do sol”. Com respeito os seus estudos teológicos não é diferente. Alguns estão prontos para iniciar sua jornada, outros não ainda, e outros nunca estarão. O plano que o Espírito de Deus, que habita em você, tem para a sua vida exerce um papel importante nisto. O Espírito de Deus não determina que você tem que estudar Teologia ou seguir outro campo de estudo qualquer para cumprir o plano dEle. Ele tem objetivos para sua vida que o levam andar segundo a vontade de Deus, mas qual a carreira ou campo de estudo para sua vida, você é quem escolhe. Claro, se essa carreira ou campo de estudo é contra a vontade de Deus em geral, o Espírito de Deus não o ajudará nesta direção. Portanto, a primeira questão, talvez, não seja se você está pronto para estudar teologia, mas se é isso que você quer. Se você desejar estudar Teologia, é bastante provável que você terá o endosso do Espírito de Deus, desde que Ele quer espiritualizar a sua vida, e, teologia, ainda que possa ser estudada sem espiritualidade, se encontra sim, no campo espiritual. Quais são, portanto, algumas indicações de que você está pronto para estudar teologia.

Um dos sinais de que você está pronto para estudar teologia é, obviamente, se você tem interesse por teologia. Há pessoas que não possuem o mínimo interesse em Teologia. Elas podem até serem assíduas leitoras da Bíblia e livros religiosos, mas não se interessam por teologia. Somos pessoas diferentes umas das outras com diferentes inclinações, preferências e interesses. Não há nada de errado se você não tem interesse por estudar teologia, porque isto não é para todos. Mas, isso é um problema se você não tem interesse por Deus – aí é diferente, porque estudar teologia não o salva, mas crer em Deus e seguir a vontade dele como nos ensinou Jesus, sim salva e isso é mais importante do que estudar teologia. Agora, se você tem interesse por teologia, talvez isso seja um sinal de que você deva seguir nesta direção, mas isso depende da intensidade de seu interesse. Se o seu interesse é ocasional, infrequente e existem outras áreas de estudo que chamam a sua atenção com mais frequência, talvez esse interesse não seja suficiente para você prosseguir e estudar teologia especificamente. Mas se o seu interesse por teologia é grande, isto é, se você não tem medo e até gosta de ler os grossos livros de teologia sistemática, e fica, quem sabe, horas a fio lendo-os, noite adentro, então este é um bom sinal de que você deva estudar teologia mais seriamente. Se você em vez de comprar livros devocionais, compra livros que tratam de temas teológicos específicos, se você também gosta até mesmo de escrever e conversar sobre teologia, então, quem sabe, você está destinado a ser um teólogo.

Se você sente um chamado para atuar no campo ministerial, seja com pastor, missionário ou obreiro, então, você deve considerar seriamente a possibilidade de estudar teologia, pois, os estudos teológicos lhe preparão melhor para atuar nestas áreas ministeriais. Gostaria de deixar claras três coisas a este respeito: 1) O chamado ao ministério, maioria das vezes precede qualquer estudo ou preparação formal. Samuel, Jeremias, João Batista, foram chamados ao ministério bem cedo nas suas vidas, quando tinham nenhuma ou pouca preparação para tal. Jeremias até mesmo replicou a Deus: “Eu sou apenas uma criança”. 2) Preparação espiritual para o ministério é diferente de preparação teológica. A primeira vem do Espírito de Deus que habita em você, a segunda dos livros de teologia. 3) Uma pessoa pode exercer o ministério pastoral sem o estudo teológico, pois o que mais importa, neste aspecto, é o chamado e a capacitação de Deus, Mas Deus utiliza o estudo teológico para melhor preparar os seus servos e assim poder capacitá-los melhor para o ministério. Assim, se você tem um forte chamado ao ministério, você deveria considerar seriamente estudar teologia. Não é essencial, mas é importante.

Por último, se você já está exercendo o ministério sagrado em qualquer área, estudar teologia, formalmente ou informamente deve ser parte da sua vida. Todos nós temos ouvido das cômicas e tristes situações que alguns obreiros se encontram ao desempenharem suas funções, especialmente na pregação, pregando doutrinas sem nenhum suporte teológico, racional ou bíblico. Muitos cristãos se sentem envergonhados pela atuação destes obreiros despreparados, simplesmente por que não se empenharam em estudar um pouco mais de teologia. Se você não quer ser um destes, deveria fazer planos para se matricular em uma escola teológica de respeito (se é pastor, mas ainda não tem um grau teológico), e se você já se graduou em uma escola teológica, deveria prosseguir em seus estudos, quer informal, atualizando-se frequentemente, quer formal, participando em um programa de pós-graduação, mestrado ou doutorado. Se você é ministro duas coisas são bastante importantes: servir e aperfeiçoar-se para servir melhor. Estudar teologia pode lhe ajudar em ambas.

Você esta pronto para estudar teologia? Se você tem um interesse especial por teologia, pode estar; se você tem um chamado ao ministério deveria estar; se você já exerce o ministério sagrado, precisa estar. Ninguém, mas somente você pode responder adequadamente esta pergunta. O exposto acima é são apenas algumas observações para que você possa chegar às suas próprias conclusões.

O Instituto Teológico Simonton é uma escola online, que se abre para todas as pessoas que se interessam por Teologia, seja por satisfação pessoal, para a preparação ministerial ou para o aperfeiçoamento do ministério pastoral. Temos programas de Mestrado, Bacharelado e Básico em Teologia, e Bacharel em Filosofia. Se você desejar maiores informações sobre nossa escola, por favor, siga o link abaixo:

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Tuesday, February 14, 2012

Escolas Teológicas Online

Pelo Rev. Jose Oliveira, M. Div.

GraduationAinda que estejamos no século XXI e presenciamos a mais nova revolução em nossa civilização, a Revolução da Informática, a era dos computadores e Internet – com as nossas vidas intensamente permeadas por essas tecnologias, ainda existem muitas pessoas que por um motivo ou outro se recusam beneficiar-se delas ou confiar nelas o suficiente para utilizá-las como um meio de aperfeiçoamento pessoal. Para muitas pessoas hoje em dia, Internet se resume em Facebook. Além de integrar as pessoas através do correio eletrônico, ampliar as possibilidades de compras do consumidor, prover notícias de uma maneira rápida, quase que instantânea, dos quatro cantos do mundo, além de muitas outras coisa, a Internet tem sido um poderoso instrumento para a Educação. Educação online, dizemos sem medo de errar será o futuro da Educação em geral. O campo da Educação Teológica, seguindo os passos da Religião em geral, que encontrou na Internet um extraordinário meio de propagação, abriu-se também para oferecer online os benefícios de estudar Teologia, sem necessidade de sair de casa. Nesta oportunidade, queremos voltar brevemente nossa atenção para as Escolas Teológicas Online. Que são elas? Quais suas vantagens e credibilidade?

Em primeiro lugar, afirmemos o óbvio: Escolas Teológicas Online são, antes de tudo, ESCOLAS. Para algumas pessoas é difícil desvencilhar-se da ideia de Escola como um edifício onde alunos e professores se encontram para uma atividade escolar. Mas essa era chegou. Agora temos escolas ONLINE, que não necessitam de prédios, salas de aulas com carteiras, sem endereço físico, antes, online. A RUA foi substituída pelo HTTP. O que define uma Escola não é a sua localização, mas a sua função. A escola é uma instituição de ensino e esse ensino pode se dar em um edifício ou através de uma web site. A qualidade de uma escola, online ou não, depende dos seus programas, normas, ferramentas, professores e alunos, entre outras coisas. A qualidade do ensino é proporcional à seriedade que tem cada parte na sua transmissão e recepção do conteúdo educativo. Uma escola se faz uma boa escola por escolher bons alunos e bons professores. Fixemos em nossa mente, então, que a localização de uma escola não a faz menos ou mais escola que outras. A maneira séria ou não como uma escola exerce sua função de ensinar é que a faz uma verdadeira escola, online ou não.

Atentemos agora para outro aspecto da Escola Teológica Online. É a sua característica religiosa, pois Teologia lida com o estudo de Deus, que é objeto da Religião. A pergunta aqui seria: Tem diferença? A única diferença que eu vejo entre a educação teológica online (ou qualquer outra) e a educação presencial, é que, na primeira, você não tem contato físico, você não compartilha um espaço físico, mas sim compartilha um espaço virtual. Ainda que a proximidade física seja importante, não é sempre essencial para educação teológica, com o Apóstolo Paulo e outros nos mostraram ao ensinar os seus discípulos através da correspondência epistolar. Antes da educação online, tínhamos a educação televisada. No Brasil muitos, em lugares remotos aonde os professores não chegavam, receberam educação de qualidade através do famoso Telecurso. Teologia como um conteúdo educativo se adapta ao meio que melhor serve aos seus propagadores e recipientes. Sim, não há duvida que se possa aprender Teologia (e com muitas vantagens) através do meio online. Uma escola não deixa de ser Teológica somente porque ministra exclusivamente online. A via online é um meio para a Teologia se propagar no Século XXI, assim como eram os papiros nos primeiros séculos do Cristianismo.

E por fim, mesmo sendo repetitivo, pensemos no que significa receber a sua educação teológica via online, não atendendo uma classe de aula em um edifício. Certamente o aspecto mais atrativo da educação online é a sua flexibilidade. Em primeiro lugar, você aprende no conforto da sua casa ou qualquer outro ambiente que lhe for conveniente. Além disso, você pode acessar a sua escola desde muitas localidades, de qualquer lugar no mundo, em um desktop ou laptop que você carrega sem quase ocupar espaço na sua mala de viagem. Com a educação online você não está restrito nem ao lugar, nem ao tempo. Na escola presencial, você tem 45 ou 50 minutos de aula. Online, o limite de tempo é a sua disponibilidade.

A educação online é sem dúvida maravilhosa. Mas saibamos que nunca ela vai completamente substituir a educação presencial. Existem certos tipos de conteúdo educativos que não podem ser passados via online, pois necessitam ser praticados in loco, como acontece com o campo médico, por exemplo. A educação online é muito apropriada para transmitir conteúdos teóricos, mas sendo virtual, muito aspectos práticos são impossíveis de ser comunicados via online. Contudo, a educação online pode ser interativa, não somente através da mídia eletrônica, mas através de dar oportunidade à prática no ambiente físico e relacional, mas ainda assim, monitorando o aproveitamento através das tecnologias que utiliza.

Educação online é uma realidade em nosso mundo e certamente veio para ficar. Tomando-se cuidado para não se exagerar com automatização do ensino, é uma ferramenta de muito valor, que além de tudo, fez a educação se tornar mais acessível, tanto por derrubar as barreiras físicas, mas também econômicas, porque a educação online de fato é muito mais barata.

O Instituto Teológico Simonton é uma escola teológica online que oferece todos os benefícios da educação online ao preparar homens e mulheres para o ministério sagrado. Se você deseja maiores informações sobre os nossos cursos, dirija-se ao nosso web site, clicando no link abaixo:

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Sunday, February 12, 2012

O Deus Sem Favoritismo

pelo Rev. Jose Oliveira, M. Div.

FavoritismoTodos nós temos as nossas "coisas favoritas", não temos? Minha sobremesa favorita é pudim, por isso eu gosto mais de pudim do que gelatina. Temos até pessoas favoritas, quando se considera a profissão ou os seus talentos. Portanto, eu gosto mais de determinados atores ou atrizes que outros. Filhos não gostam de pensar que os pais têm favoritos; mas, será que não têm? E Deus? Será que Ele tem filhos favoritos ou coisas favoritas? Será que ele gosta de certas pessoas ou coisas mais do que de outros?

Nós temos favoritismo para com as pessoas e coisas porque a nossa percepção é finita, limitada, imperfeita. No entanto, Deus é perfeito e sua percepção das coisas também é perfeita. Por isso, acredito que Deus não tem necessidade, como nós, de ter pessoas ou coisas favoritas. Nesta oportunidade, eu gostaria de pensar sobre esta questão, se Deus age com favoritismo em relação a pessoas ou coisas. Você concorda que, no final, tudo se resume à questão se há alterações em Deus ou não?

Um atributo não transmissível de Deus é a Sua imutabilidade. Deus não muda. Deus não tem mudança de humor. Como o Novo Testamento afirma, em Deus não há variação, portanto, Ele não pode gostar de pessoas ou coisas de acordo com uma determinada gradação de preferência, digamos, de "gostar um pouco" a "gostar muito mesmo". Diferente de nós, Deus tem uma maneira perfeita de apreciar as coisas sem desgostar de nada.

A razão pela qual eu acho que Deus não pode se desgostar com nada é porque se assim fosse, então esse "desgostar" faria Deus infeliz, e Deus não pode ser infeliz. Como, então, Deus lida com pessoas e coisas que não se encaixam à sua vontade? Novamente, é uma questão de percepção. Nossa percepção é limitada, espaço-tempo contida, transitória, mas a percepção de Deus é desde a eternidade para a eternidade. Embora Deus esteja ciente das realidades espaços-temporais, são apenas as realidades que se encaixam nos planos de Deus que se tornarão eternas, todas as outras circunstâncias irão desaparecer com o tempo, inclusive o pecado. Assim, o pecado, sendo um desvio da vontade de Deus, não tem existência permanente e Deus o vê desta forma, não tendo necessidade de gostar ou não gostar dele, porque o pecado não vai prevalecer nos planos de Deus, de qualquer maneira. Para Deus, que vê as coisas desde uma perspectiva eterna, é como se o pecado nunca tivera existido. Portanto, nada que seja contra a vontade de Deus também é capaz de receber o Seu amor. Assim, todos os seres humanos que optaram por ignorar Deus, colocaram-se fora do plano de Deus e se tornaram insensíveis ao amor de Deus; rejeitaram o amor de Deus e serão, também, como se nunca tivessem existido. Deus não tem necessidade de desgostar de algo, porque não há nada (em sua percepção eterna e perfeita) para ser um desgostado. Tudo se sucederá como Ele planejou.

Eu li em algum lugar, que a atitude mais reveladora de amor é a capacidade de realmente entender as pessoas, coisas e situações, e ser capaz de agir de acordo com esse entendimento. No entanto, a maioria das pessoas pensa no amor apenas como um sentimento. Verdadeira compreensão das pessoas e coisas só pode ser alcançada se a verdade está presente. Se formos capazes de entender as verdadeiras motivações das pessoas, então também seremos capazes de realmente amá-las, mesmo que não concordemos com suas ações ou idéias, compreendê-las, capacita-nos agir com amor. Deus é capaz de uma compreensão verdadeira e perfeita de todas as coisas e seres; é por isso que ele é capaz de amar a todos sem comprometer a sua natureza perfeita e imutável.

Em nossa percepção, sentindo o amor perfeito de Deus e a sua atenção pessoal a cada um de nós, podemos pensar que Deus nos ama mais, ou melhor, do que outros, embora não possamos saber o porquê. O povo de Israel pensava dessa forma no passado. Não há dúvida de que Israel, devido a sua relação com Deus tornou-se um povo distinto de todas as outras nações, mas isso significa que Israel é a nação favorita de Deus? Mesmo que em suas percepções religiosas Israel e a Igreja vejam dessa forma, Deus, em sua perfeição, está além das percepções humanas - mesmo aquelas acreditadas inspiradas -; Deus não tem favorito algum.

Em Deus não há variação ou sombra; Ele é o Deus sem favoritismo.

Rev. Jose Oliveira é ministro presbiteriano e diretor do Instituto Teológico Simonton online,  em Chicago – USA.

Saturday, February 11, 2012

O Deus Sem Concorrência

Pelo Rev. Jose Oliveira, M. Div.

no_competitionVamos começar dizendo o seguinte: Deus não entra em nenhuma competição e não tem concorrentes. Elias, o grande profeta de Deus no Antigo Testamento, sabia disto, e porisso foi que ele desafiou os sacerdotes de Baal, porque sabia que existe um só Deus, o Deus de Elias! Para entender por que Deus é o Deus Sem Concorrência devemos entender oque é competição, e quem é o Deus Único e Verdadeiro. Competição se dá quando duas ou mais pessoas ou empresas estão oferecendo o mesmo produto e ao mesmo tipo de clientes, compradores ou destinatários. Com Deus não há concorrência, em primeiro lugar, porque ele está sozinho em seu negócio. Ninguém pode ser comparado a Deus antes mesmo de começar a competir com ele. Em segundo lugar, ninguém pode competir com Deus, porque ninguém pode oferecer o que Deus oferece, a Sua sabedoria, amor e alegria são simplesmente incomparáveis. Em terceiro lugar, Deus não entra em nenhuma competição porque Ele respeita as nossas decisões. Ele está satisfeito com tudo o que é genuinamente Seu em nós, mesmo que nossa fé seja pequena como um grão de mostarda, Ele a aceita.

Deus não retém nada do que Ele nos promete, de ninguém, sem distinção; mas nós, individualmente, só podemos nos beneficiar de suas bênçãos na medida da nossa capacidade de receber e retribuir. No mundo espiritual existe uma lei que diz: " A quem tem, ainda mais será dado e a quem não tem, até mesmo o que ele tem será tirado" Se você tem fé em Deus, ainda mais fé lhe será dado, mas, se você se recusa a acreditar em Deus, mesmo oque você tem, SEM FÉ, lhe será tirado, porque não tem valor espiritual ou permanente.

Desta forma, Deus sabe que se você acredita nele - mesmo com uma fé muito pequena - Ele sabe que essa fé vai crescer e Ele se tornará a pessoa mais importante de sua vida. Se você se recusa a acreditar em Deus, Ele não o força, porque Ele só está interessado no amor genuíno, voluntário e espontâneo de suas criaturas. Portanto, não pense que as coisas que você faz ou tem possam fazer alguma a competição a Deus, porque não podem. Pode, sim, haver uma comparação interna, dentro de você mesmo, uma luta interior, entre a devoção que você dá a Deus e a devoção dada para os outros ou a coisas em sua vida. Mas para Deus, não; pois Ele não vai lhe dizer:: "Dê-me o amor que você está dando à sua esposa, namorada ou dinheiro". O amor que você dá a qualquer outra coisa ou pessoa não é digno de Deus. O amor a Deus é tão único como Deus é único, e, mesmo que pequeno, a natureza desse amor está de tal modo impregnada de fé e adoração que não tem comparação com qualquer outro tipo de amor.O amor a Deus só pode ser dado à pessoa de Deus, mais ninguém.

Você é quem deve chegar à conclusão de que Deus é digno de sua devoção suprema ... É verdade, porém: você só pode desfrutar de seu relacionamento com Deus, na medida do seu amor por Ele ... Quanto mais você O ama, mais feliz você é! Deus não está competindo por seu amor. Ele nem sequer pede o seu amor -- tem que ser voluntário. Mas, uma vez que você O ame espontaneamente, Ele reconhece esse amor e Se oferece como o padrão final da perfeição, ao dizer: "Sede perfeitos, assim como Eu Sou perfeito."

Rev. José Oliveira é ministro presbiteriano e diretor do Instituto Teológico Simonton online

Sunday, February 5, 2012

As Parábolas de Jesus

pelo Rev. Jose Oliveira, M. Div.
parabolas de JesusEmbora as parábolas fossem antes utilizadas ​​para ensinar as verdades religiosas, Jesus foi o único que as utilizou com tal mestria e autoridade que fez as parábolas do Novo Testamento para sempre famosas. Não obstante as parábolas de Jesus sejam belas comparações extraídas de experiências comuns da vida, não são fáceis de entender, sendo muitas vezes a causa de doutrinas bastante estranhas, por carecer de uma interpretação eficaz. Por essa e outras razões, uma boa hermenêutica para o entendimento das parábolas é muito necessário antes de usá-las na teologia. Nesta oportunidade, vamos concentrar nossos pensamentos em três aspectos importantes do estudo e interpretação das parábolas que certamente nos ajudarão a compreendê-las melhor.
A função das parábolas de Jesus
Em primeiro lugar, estejamos conscientes, uma vez por todas, que Jesus não usou parábolas para apenas entreter seu público. Ele as utilizou principalmente como um método de ensino. Em cada uma delas ele quis transmitir um ensinamento específico. Nas parábolas de Jesus encontramos o seu ensinamento sobre os principais temas do seu Evangelho: salvação, oração, perdão e vários outros. As Parábolas deram a Jesus a oportunidade de ensinar profundas verdades espirituais através um meio simples que qualquer pessoa com um genuíno interesse espiritual podia entender; mas que, ao mesmo tempo deixava na ignorância aqueles que estavam ouvindo apenas com os ouvidos da carne. As parábolas que Jesus nos contou são muito mais que lindas histórias e sempre atuais; elas contêm seus maravilhosos ensinamentos aos seus discípulos de todas as gerações, incluindo nós, no Século 21!
A Interpretação das Parábolas de Jesus
Parábolas, como gênero literário, pertencem à classificação geral das analogias, mas é um erro interpretá-las como fábulas ou alegorias, nas quais a opinião subjetiva do intérprete pesa muito, atribuindo um significado especial para cada pequeno detalhe nas parábolas. A melhor maneira de interpretar uma parábola é identificar seu ponto principal e deixá-lo governar a compreensão de todos os demais aspectos do seu corolário. Por exemplo, na Parábola do Bom Samaritano, os intérpretes podem se perder se tentarem dar um sentido especial a cada mínimo detalhe, e esquecendo-se que o principal objetivo dessa parábola era responder a pergunta feita a Jesus pelo escriba: "Quem é o meu próximo? "- isto é, qualquer um em necessidade.
A Aplicação das Parábolas de Jesus
Embora qualquer aplicação espiritual de um ensinamento religioso é eminentemente pessoal, às vezes significando coisas diferentes para diferentes pessoas, não se deve tomar muita liberdade ao aplicar as parábolas na vida pessoal. Um dos maiores perigos a este respeito é entender e aplicar uma parábola à sua vida, literalmente. Por exemplo, na parábola do Tesouro Escondido, alguém pode ficar tão impressionado com o "tesouro", ao ponto de pensar que Deus está revelando que ele ou ela vai receber um tesouro material, como uma herança ou ganhar na loteria. Este e outros tipos de aplicações literais só trazem frustrações, porque não são a finalidade primeira da parábola. Na aplicação das parábolas à vida pessoal, lembremos sempre que Jesus no-las deu para transmitir um ensinamento espiritual.
As parábolas de Jesus foram pronunciadas para ensinar verdades espirituais através da comparação com os fatos da vida cotidiana. Jesus as utilizou para, entre outras coisas, assegurar que qualquer pessoa realmente interessada pudesse beneficiar de seu ensino, não somente as cultas. Outrossim, queria estimular as pessoas a pensarem por si mesmas, e ao fazê-lo, permitir que o Espírito de Deus nelas falasse a cada um individualmente. Com suas parábolas Jesus despertou a curiosidade, imaginação e o pensamento crítico dos seus discípulos. Na interpretação de parábolas, a palavra de ordem é "Descubra o ponto principal!" e não se aventure em dar um significado especial para cada pequeno detalhe.
Na classe de Hermenêutica os alunos do Instituto Teológico Simonton aprendem os princípios de interpretação para os vários tipos de gêneros literários nas Escrituras, que lhes permite interpretá-los com bom-senso e segurança, e usá-los eficazmente, seja para aplicação pessoal ou ensino público. Se você gostaria de saber mais sobre o ITS, siga o link abaixo:
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Thursday, February 2, 2012

Será que Deus Sofre? Por que sofremos?

Pelo Rev. José Oliveira, M. Div.

nao_temas_estou_contigoSe considerarmos os nossos textos sagrados, eles nos dirão que sim, Deus sofre. No entanto, condições humanas, quando aplicadas à Deidade têm sido há muito tempo consideradas por teólogos como antropomorfismos, ou seja, atribuir características humanas a Deus, para expressar o conhecimento abrangente de Deus da natureza humana. Não há dúvida de que os seres humanos compartilham muitos dos atributos de Deus, uma vez que são Suas criaturas, mas há algumas condições humanas que vivenciamos como parte de nossas limitações humanas, que Deus, sendo completo, infinito e perfeito, não pode experimentar. Eu acredito que o sofrimento é uma dessas condições humanas que Deus não pode experimentar, porque se pudesse, seria suscetível de infelicidade, e Deus não pode ser infeliz.

Deus, o Pai, nosso Pai Universal e a Fonte e Centro de tudo que existe, não pode sofrer, mas o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, experimentou o sofrimento, quando encarnado como ser humano em nosso mundo. Sendo Cristo uma expressão perfeita do amor de Deus a nós, podemos dizer que, sim, nosso Pai realmente conhece o nosso sofrimento, porque Seu Filho Jesus Cristo, o experimentou. Embora Deus não experimente sofrimento por Si mesmo, Ele sabe o que é sofrimento, porque Ele tem conhecimento das condições de cada uma das suas criaturas, mesmo as aflitivas; e, ainda que seja imune às mesmas, Ele as entende e se compadece por aqueles que as têm sofrido, ministrando-lhes consolo e conforto através de Suas muitas agências espirituais.

Nosso sofrimento é resultado do nosso viver nestas condições do finito, no tempo e espaço. Deus, existindo na Eternidade, não é, nem poderia estar sujeito a essas limitações do finito. Deus não sofre, mas ninguém pode entender o sofrimento humano como Ele entende, porque ele vê como sofrimento contribui para com a vida das Suas criaturas, em termos de valores eternos para a personalidade. Embora nós, humanos, muits vezes não possamos compreender a finalidade dos sofrimentos, Deus, sem ser insensível a eles, sabe exatamente por que eles são necessários a nós. Sofrimentos são para nós oportunidades de aperfeiçoar o nosso caráter, aprender, por experiência, como enfrentar as adversidades, e mesmo assim prosseguir na vida, esforçando-se para obter os altos valores da vida, isto é, o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e o domínio-próprio.

É, para nós, seres humanos, uma grande fonte de encorajamento saber que o nosso Pai Celestial conhece tão bem o nosso sofrimento. Nosso sofrimento não é infligido por Deus. Pelo contrário, é resultado de decisões humanas, nossas ou de outros. Deus, a ninguém faz sofrer, ainda que possamos experimentar sofrimento ao decidir fazer a vontade dEle. Embora não devamos infligir sofrimento aos outros pelo puro prazer de vê-los sofrer, às vezes, nossas ações, intencionalmente ou não,trarão sofrimentos aos outros; e, da mesma forma, haverá momentos em que os outros nos farão sofrer. Em Jesus temos o exemplo supremo de como lidar com o sofrimento. Ele não buscava o propositalmente (Jesus não era masoquista); na verdade, várias vezes Ele se afastou de situações que lhe causariam sofrimento; mas, quando o sofrimento veio como uma conseqüência de testemunhar a verdade de Deus, Ele o enfrentou corajosamente e submeteu-se a ele até o fim. Evitar o sofrimento a todos os custos não deve ser nosso objetivo na vida; mas, reaja a estes sofrimentos da melhor maneira que puder, espelhando-se no exemplo de Jesus para tomar suas decisões nestas situações.

Deus, certamente é imune ao sofrimento. Mas, Ele não precisa experimentá-los pessoalmente para compreendê-los; nós muitas vezes, sim precisamos. Ele nos conhece - Ele nos criou – portanto, conhece a nossa natureza e como sofrimentos nos afetam. Ele se importa conosco e nos dá a sua ajuda, sempre presente através do Seu Espírito que habita conosco, além de seus numerosos agentes espirituais que nos rodeiam, sejam humanos ou não. Se ja entendemos qual é o propósito dos sofrimentos na vida, deixemo-las atingir seus objetivos em nós, para que possamos acumular experiência e sabedoria através deles. Ter sofrimentos na vida não é a nossa maior tragédia; não tê-los, poderia ser.

Rev. Jose V. S. Oliveira é pastor presbiteriano, residindo nos Estados Unidos e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online, oferecendo programas em Teologia e Filosofia nos niveis básico, bacharel e mestrado. Se você gostaria de saber mais a repeito dessa escola, por favor clique no link abaixo.

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