Você se lembra da estória. Uma pessoa perguntou a Jesus quem era o seu próximo. Jesus então proferiu a famosa parábola do Bom Samaritano. E ao final perguntou, “Quais destes, vocês diriam que é o próximo daquele que foi ferido e largado à beira da estrada?” Lhe responderam: “O que o socorreu.” E Jesus finalizou: “Vai e faça e o mesmo”. Essa é uma linda lição de amor ao próximo amor que é latente por todos mas se faz presente na hora da necessidade de um em particular. Nesta oportunidade gostaria de refletir a respeito do amor ao próximo, mas enfocando na pessoa do próximo, como que também fazendo a mesma pergunta, ”Quem é o meu próximo?”, mas não para justificar-nos de não amá-lo; ao contrário, para nos conscientizar das dimensões desse amor. Sempre penso comigo: Por que Jesus não disse, - Ama a Todos-, mas disse: “Ama ao teu próximo”. Creio que quando Jesus disse assim foi porque queria que o nosso amor fosse específico. Ainda que amar a todos é possível, é difícil de ajudar a todos. Mas é mais fácil, e mais prático, amar e ajudar a quem está próximo. Não obstante, “próximo” é um conceito relativo, especialmente nos dias de hoje com o aparecimento da social mídia. Próximo, a quê, a quem? Ainda que o conceito de próximo como aquele que está em necessidade seja muito poderoso, gostaria de examinar outros aspectos dessa “proximidade”. Você já ouviu a frase, “Longe dos olhos mas perto do coração”? Gostaria de sugerir que esse é o primeiro tipo de próximo que devemos amar:
AMAR 0 PRÓXIMO DO CORAÇÃO
Ainda que declaremos amar a todos, sem exceção (como eu creio ser possível), sempre haverá alguém que amamos por que está perto do coração... Alguém com quem possuímos um laço emocional. Quem é esse alguém? Esse alguém não precisa ser um, mas pode ser vários. É o marido, a esposa, é o pai, é a mãe, é o irmão, a irmã, o amigo, a amiga; é a namorada, o namorado, o noivo, a noiva, o paquera, a paquera... se existe um laço emocional ligando você e esta ou estas pessoas, aí está o seu próximo a ser amado. Amar a este tipo de próximo , teoricamente, não é difícil, porque você já esta envolvido emocionalmente com ele, você já gosta dessa pessoa, portanto, não é difícil amar. Teoricamente, digamos, por que na prática, amar não é somente sentir, mas se relacionar; e relacionar, e relacionar bem, sim -- é difícil. Qual seria o segredo de amar dignamente àqueles que estão próximos do coração como familiares e outros queridos? O segredo, creio, é valorizar aquilo que faz essas pessoas se tornarem próximas do coração, isto é, valorizar e aperfeiçoar a proximidade. Isso significa melhorar o relacionamento com essas pessoas. Proximidade de quem está próximo do coração permite intimidade cada um a seu nível, intimidade conjugal, intimidade familiar, amizade íntima. Não se contente com superficialidade; abra-se e se mostre receptivo para que os seus queridos possam também ser abertos com você.
AMAR O PRÓXIMO DO COTIDIANO
Cotidiano é aquele conjunto de situações da vida que se repetem no dia-a-dia de nossas existências. As pessoas pertencentes ao nosso cotidiano também estão próximas de nós. Elas são o vizinho, o jornaleiro, o atendente do Starbucks, as pessoas que compartilham o mesmo ônibus todas as manhãs quando você vai ao serviço, é o seu patrão, chefe, colegas de serviço, são os seus companheiros de lazer e os colegas da escola. Essas pessoas estão próximas por que fazem parte do nosso cotidiano, da nossa rotina diária, ainda que não necessariamente eu seja íntimo delas. Posso não saber nada de suas vidas depois que as encontro nestas situações cotidianas, mas elas fazem parte de minha vida, são meu próximos e eu devo amá-las também. Nas relações humanas, temos o que chamamos etiqueta social. A etiqueta diz que devemos perguntar a alguém “Como vai?”, mas sem esperar uma resposta específica; nos contentamos com um “Bem, e você?” E nós também não saímos a dize relatar o que nos aconteceu em casa. Isto é parte da etiqueta social. Amar a essas pessoas significa tratá-las cortesmente, educadamente, respeitosamente, honestamente. E quando você faz isso, não é raro verificar que algumas dessas pessoas deixarão de pertencer ao círculo do cotidiano e passarão a fazer parte do círculo emocional. Pessoas do círculo cotidiano, se tornam grandes amigos, e, em muitas vezes os cônjuges com quem você vai partilhar, quem sabe a vida toda.
AMAR O PRÓXIMO DA HUMANIDADE
Eu sei que algumas pessoas podem se sentir mais próximas dos animais do que pessoas. Mas, sinceramente, quem assim se vê, tem um problema de relacionamento a ser resolvido. Eu amo ao meu cachorro. Deleito-me com o seu amor incondicional, e sim, considero esse amor relativamente considerando, de melhor qualidade do que aquele que eu recebo de alguns seres humanos. Mas a minha relação com o meu cachorro, quer eu queira ou não, é limitado, por que eu sou uma pessoa e ele é um cachorro. Ainda que me ame genuinamente, meu cachorro não supre todas as minhas necessidades relacionais e emocionais. Para isso eu preciso de outra pessoa, outro ser humano. De todos os seres viventes neste planeta eu estou próximo (semelhante) a outros seres humanos. E, segundo Jesus, eu devo valorizar essa proximidade porque a origem dela é Deus que a todos nos criou humanos, seres com personalidade, como Ele, e a quem juntos, podemos chamar de Pai. Deus criou semelhantes uns aos outros, isso é, próximos uns dos outros, e essa proximidade deve ser um veículo para o amor, exatamente como Jesus, que ama a todos sem qualquer discriminação, ao ponto de, sendo o Filho de Deus Unigênito, por amor se tornou humano, como um de nós. Amar a outros seres humanos significa se colocar na situação deles e usar sua vida para que outros (e nós mesmos,no processo) se tornem melhores seres humanos em melhores condições de vida neste mundo.
Assim, meus amigos, quem é o meu próximo, a quem Jesus nos ensinou a amar como ele amou? Primeiro, é o próximo do meu coração, minha família, meus parentes, meus amigos, pessoas com quem eu tenho um vínculo emocional. Depois ,são aqueles do círculo do meu cotidiano, pessoas com as quais eu me relaciono, quem sabe superficialmente todos os dias, mas que são dignos do meu amor em forma de respeito. E por fim, todos os seres humanos são também, cada um, meu próximo, porque somos semelhantes, fazemos parte da mesma família que se chama humanidade, fomos criados pelo mesmo Deus, o que nos faz irmãos uns dos outros e todos filhos dEle, o Pai Universal. Amar ao próximo, até mesmo no sentido da humanidade, isto é, todos, é possível... contudo, é um aprendizado de cada dia... quando você se contém para não dizer algo que você sabe vai irritar a sua esposa, ou quando você diz sinceramente “obrigado” à pessoa que lhe serve o cafezinho, ou cumpre o seu dever no trabalho da melhor maneira que pode... Como costumo dizer, isto é amor, e amor cabe em todas as situações, sem exces
Tuesday, April 23, 2013
Wednesday, March 13, 2013
Ler a Bíblia com Ajuda da Semiologia
Quando uma pessoa surda-muda utiliza sinais para se comunicar com as demais,
ela está utilizando a Semiologia. Semiologia, ou semiótica, é chamada a ciência
dos sinais, ou do signos. É impossível para seres humanos se comunicarem ou se
expressarem sem a mediação de signos. Gestos, sons, sinais, palavras, letras e
números todos são sinais que representam coisas e seres além deles mesmos.
Assim, se pode dizer que comunicação é basicamente a arte de interpretação, ou
seja, a arte de dar significado a sinais. A Bíblia utiliza muito a Semiologia
para transmitir as suas mensagens. Costumamos dizer que a Bíblia fala através de
símbolos, parábolas e tipos. Um exemplo bastante conhecido é o uso da
numerologia para atribuir significados divinos a certos números: o número um
para significar a unidade de Deus, o três para indicar a Trindade, o sete para
indicar Divindade. Os números podem se tornar instrumentos de revelação bastante
precisos. A matemática, talvez a mais árida de todas as ciências, é, quem sabe,
a que mais revele a presença de Deus, pois sabemos que tudo que é físico pode
ser matematicamente representado. Contudo, ao dizermos que podemos utilizar a
Semiologia para ler a Bíblia, devemos entender que a Semiologia não é uma
ciência exata como a Matemática e sua eficácia depende muito da qualidade da
hermenêutica que se lhe aplica.
Interpretação de signos lida com convenções. Tome por exemplo as cores: vermelho, significa "cuidado" devido à cor do sangue, que quando exposto significa perigo à vida, verde significa "flora" por que esta é a cor que predomina na vegetação, e azul significa "celestial" devido à cor dos céus. Contudo, as cores assumem múltiplos significados em diferentes culturas. Por exemplo, enquanto azul significa "auspício" para os brasileiros, "blue" é uma cor indicativa de tristeza para os norte-americanos. Portanto, os símbolos dependem da convenções, ou seja das relações que as pessoas atribuem ou descobrem entre os signos e as coisas. Jesus em certa ocasião, criticou a sua geração por não saber interpretar os "sinais do tempo". Ele insistia em dizer que os milagres que ele realizava eram "sinais" de que o reino de Deus havia chegado. Sinais são também sintomas. A palavra semiologia é igualmente utilizada em Medicina para tratar da sintomatologia das enfermidades. Através dos sintomas os médicos identificam as doenças. Jesus no capítulo 24 de Mateus deu vários sinais que antecederiam a sua vinda, para que pudéssemos reconhecer quando aquele tempo estivesse próximo.
Jesus utilizou muita semiologia ao ensinar através de parábolas. A parábola é uma descrição dos processos de vida ou da natureza, que de si mesmas descrevem o óbvio, ou seja, algo que a maioria sabe. Geralmente após enunciar as parábolas, Jesus dizia: "Quem ter ouvidos para ouvir, ouça". Esta frase era em si uma outra parábola, pois sabe-se que os ouvidos são para ouvir e que a maioria das pessoas ouvem através dos mesmos. A obviedade das palavras eram uma indicação de que elas deveriam ser entendidas como sinais de verdades espirituais. A escolha de Jesus de ensinar por parábolas foi muito sábia, porque dá a chance que cada indivíduo as interprete de acordo com a luz espiritual que possui. Além disso, era uma maneira de ensinar verdades revolucionárias a respeito do reino de Deus sem explicitamente declará-las, e assim atrair a ira religiosa dos judeus ou a ira política dos romanos. Existem certas "regras" hermenêuticas para se interpretar as parábolas, mas nada impede que se lhe atribuam significados pessoais para a edificação pessoal de cada seguidor do evangelho. Em última análise, a interpretação dos sinais é inteiramente subjetiva, podendo ou não concordar com uma determinada convenção.
Ao contrário do que muitos crêem, a interpretação que a Bíblia sugere dos sinais nem sempre são unânimes. Por exemplo, enquanto o Livro do Apocalipse fala do Dragão como um detestável símbolo do Anticristo, o Livro de Jó fala de uma "serpente" com as mesmas características de um dragão com admiração e o retrata como uma das mais belas criatura de Deus! Como dito, interpretações dependem do intérprete, e assim como fundamentalistas dão as mais estapafúrdias interpretações aos conflitos bíblicos para fazer harmonizá-los, chegando mesmo a criar uma "Harmonização dos Evangelhos", outros mais liberais lançaram mão de igualmente "forçadas" interpretações" para que concordem com suas pressuposições. Se há uma verdade que a Semiologia nos ensina é que a verdade é de acordo com os olhos de quem a vê. Em outras palavras, interpretações nunca são objetivas, e sim, sempre subjetivas. Seres finitos como nós humanos, não podemos ter a pretensão de sermos, sequer uma vez, objetivos. Somente Deus que é absoluto e infinito possui conhecimento total, absoluto e infinito da verdade. Desta maneira, a dogmatização, isto é, impor uma interpretação a um determinado grupo, é altamente abusiva e, eu diria, até mesmo blasfemo, pois se arroga de uma infalibilidade que só a Deus cabe.
Homens brasileiros e americanos podem dizer: "Oh, I felt so embarassed!" ou, "Oh, eu me senti tão embaraçado!" Mas se estas frases são entendidas ou traduzidas como tais para quem fala o Espanhol, será motivo de risa, pois na fala espanhola "embarazar" significa "engravidar", do que homens claramente não são capazes. A interpretação dos signos são relativos a nações, culturas, línguas, grupos e, em especial aos indivíduos. Cada um pode ter a sua própria interpretação. Um dos princípios mais importantes da Reforma Protestante foi a reafirmação de que indivíduo pode ler a Bíblia por si mesmo, isto é poder interpretá-la por si mesmo. Igrejas e denominações podem ter as suas doutrinas que os identificam como tais. O que, em minha opinião é errado, é tentar impor uma interpretação particular a todo o resto. As confissões deveriam ser guias, sugestões aos membros, mas não obrigatórias, mandatórias, condicionantes à fé pessoal. Igrejas e denominações deveriam ser instrumentos para desenvolver o conhecimento e adoração de Deus, o enlevamento espiritual dos membros, e o serviço ao semelhante -- não instrumentos de controle da fé.
Rev. Jose Oliveira
O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferecendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
http://itsimonton.tripod.com/
Interpretação de signos lida com convenções. Tome por exemplo as cores: vermelho, significa "cuidado" devido à cor do sangue, que quando exposto significa perigo à vida, verde significa "flora" por que esta é a cor que predomina na vegetação, e azul significa "celestial" devido à cor dos céus. Contudo, as cores assumem múltiplos significados em diferentes culturas. Por exemplo, enquanto azul significa "auspício" para os brasileiros, "blue" é uma cor indicativa de tristeza para os norte-americanos. Portanto, os símbolos dependem da convenções, ou seja das relações que as pessoas atribuem ou descobrem entre os signos e as coisas. Jesus em certa ocasião, criticou a sua geração por não saber interpretar os "sinais do tempo". Ele insistia em dizer que os milagres que ele realizava eram "sinais" de que o reino de Deus havia chegado. Sinais são também sintomas. A palavra semiologia é igualmente utilizada em Medicina para tratar da sintomatologia das enfermidades. Através dos sintomas os médicos identificam as doenças. Jesus no capítulo 24 de Mateus deu vários sinais que antecederiam a sua vinda, para que pudéssemos reconhecer quando aquele tempo estivesse próximo.
Jesus utilizou muita semiologia ao ensinar através de parábolas. A parábola é uma descrição dos processos de vida ou da natureza, que de si mesmas descrevem o óbvio, ou seja, algo que a maioria sabe. Geralmente após enunciar as parábolas, Jesus dizia: "Quem ter ouvidos para ouvir, ouça". Esta frase era em si uma outra parábola, pois sabe-se que os ouvidos são para ouvir e que a maioria das pessoas ouvem através dos mesmos. A obviedade das palavras eram uma indicação de que elas deveriam ser entendidas como sinais de verdades espirituais. A escolha de Jesus de ensinar por parábolas foi muito sábia, porque dá a chance que cada indivíduo as interprete de acordo com a luz espiritual que possui. Além disso, era uma maneira de ensinar verdades revolucionárias a respeito do reino de Deus sem explicitamente declará-las, e assim atrair a ira religiosa dos judeus ou a ira política dos romanos. Existem certas "regras" hermenêuticas para se interpretar as parábolas, mas nada impede que se lhe atribuam significados pessoais para a edificação pessoal de cada seguidor do evangelho. Em última análise, a interpretação dos sinais é inteiramente subjetiva, podendo ou não concordar com uma determinada convenção.
Ao contrário do que muitos crêem, a interpretação que a Bíblia sugere dos sinais nem sempre são unânimes. Por exemplo, enquanto o Livro do Apocalipse fala do Dragão como um detestável símbolo do Anticristo, o Livro de Jó fala de uma "serpente" com as mesmas características de um dragão com admiração e o retrata como uma das mais belas criatura de Deus! Como dito, interpretações dependem do intérprete, e assim como fundamentalistas dão as mais estapafúrdias interpretações aos conflitos bíblicos para fazer harmonizá-los, chegando mesmo a criar uma "Harmonização dos Evangelhos", outros mais liberais lançaram mão de igualmente "forçadas" interpretações" para que concordem com suas pressuposições. Se há uma verdade que a Semiologia nos ensina é que a verdade é de acordo com os olhos de quem a vê. Em outras palavras, interpretações nunca são objetivas, e sim, sempre subjetivas. Seres finitos como nós humanos, não podemos ter a pretensão de sermos, sequer uma vez, objetivos. Somente Deus que é absoluto e infinito possui conhecimento total, absoluto e infinito da verdade. Desta maneira, a dogmatização, isto é, impor uma interpretação a um determinado grupo, é altamente abusiva e, eu diria, até mesmo blasfemo, pois se arroga de uma infalibilidade que só a Deus cabe.
Homens brasileiros e americanos podem dizer: "Oh, I felt so embarassed!" ou, "Oh, eu me senti tão embaraçado!" Mas se estas frases são entendidas ou traduzidas como tais para quem fala o Espanhol, será motivo de risa, pois na fala espanhola "embarazar" significa "engravidar", do que homens claramente não são capazes. A interpretação dos signos são relativos a nações, culturas, línguas, grupos e, em especial aos indivíduos. Cada um pode ter a sua própria interpretação. Um dos princípios mais importantes da Reforma Protestante foi a reafirmação de que indivíduo pode ler a Bíblia por si mesmo, isto é poder interpretá-la por si mesmo. Igrejas e denominações podem ter as suas doutrinas que os identificam como tais. O que, em minha opinião é errado, é tentar impor uma interpretação particular a todo o resto. As confissões deveriam ser guias, sugestões aos membros, mas não obrigatórias, mandatórias, condicionantes à fé pessoal. Igrejas e denominações deveriam ser instrumentos para desenvolver o conhecimento e adoração de Deus, o enlevamento espiritual dos membros, e o serviço ao semelhante -- não instrumentos de controle da fé.
Rev. Jose Oliveira
O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferecendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Sunday, March 10, 2013
Ler a Biblia com Ajuda da Teologia
Uma das mais interessantes questões acerca da relação entre Teologia e a Bíblia é: A Bíblia produz teologia ou a Teologia produziu a Bíblia? Não há dúvida que existe um relação estreita entre as duas. Muitos teólogos não hesitarão em dizer que a Bíblia é uma das fontes da teologia; e não há como negar isso. Mas, por outro lado, é também verdade que os escritores da Bíblia, ao escreverem seus escritos o estavam fazendo devido a uma curiosidade teológica. E assim, nos deparamos com a antiga e de muitas maneiras muitas vezes respondida pergunta a respeito da Teologia: O que é teologia? Não é difícil definir teologia; a partir de sua configuração etimológica, logo sabemos que theos - Deus, logia - estudo; portanto, o estudo de Deus. Já definir a Teologia é outra tarefa, muito mais difícil. A Teologia começa com uma pergunta a respeito da transcendência humana: "Para onde vou daqui?" "Existe vida após a morte?" Foi observando a cessação (e renovação) da vida na natureza e a dos seus semelhantes, que o homem começou a fazer teologia, ao buscar respostas para o pós-vida. Os escritos da Bíblia surgem em uma época em que muito poucos fenômenos eram explicados pela Ciência. Aquela era uma época intuitiva, não científica como os nossos dias. E naquela época, a existência de Deus ou deuses era amplamente aceita e quem ousava dizer que Deus ou deuses não existia, era considerado "néscio", como Salmos afirmam. Assim, podemos dizer que no tempo em que a Bíblia começou a ser escrita, Teologia estava bem avançada. Desta maneira, podemos também dizer que a Bíblia, é produzida pela Teologia, que esta, em conseqüência, produziu muita teologia, e não só a Bíblia, mas outros escritos religiosos igualmente.
Portanto, podemos dizer que quando você lê a
Bíblia o faz por um impulso teológico, ou seja, este desejo de saber mais de
Deus, obter respostas para perguntas cruciais, e organizar a sua visão de mundo
de uma maneira aceitável. A Teologia pode lhe ajudar a ler a Bíblia, em primeiro
lugar por que dela provém essa "motivação teológica", essa busca de Deus. Ler a
Bíblia com a ajuda da Teologia é lê-la com um espírito investigativo,
fazendo-lhe perguntas e buscando respostas. É deveras interessante: A Teologia
nos impulsiona a perguntar à teologia bíblica. Basicamente, a ajuda que a
Teologia provê é nos oferecendo uma idéia de Deus. A idéia de Deus que
encontramos na Bíblia não é unificada. Muitos estudiosos tem visto esforços
editoriais nos grandes conjuntos da Bíblia, especialmente o Pentateuco, para
oferecer uma visão unificada de Deus a partir de diferentes fontes que O viam de
maneira distintas. Essa fabricação de uma visão unificada de Javé, ajudou na
unificação religiosa e nacional de Israel, desde que muitos a aceitaram como
revelação, mas somente no período pós-exílico. Entretanto, isso foi uma
tentativa retrogressiva de tentar impor a visão monoteísta sobre sobre escritos
que eram originalmente politeístas. A grande contribuição teológica do Antigo
Testamento é apresentar a fé monoteísta, em um só Deus . Já a apresentação feita
de Israel como uma nação monoteísta parece ser uma fabricação sacerdotal no
tempo do exílio. A fé monoteísta em Israel, era de fato, minoritária e das
elites; o povo, em geral era, como hoje, afeito às superstições e adeptos do
politeísmo, talvez pela simples razão matemática que ter vários deuses parece
ser mais vantajoso do que ter apenas um.
Ler a Bíblia com a ajuda da Teologia , é, como
já vimos, admitir o transcendente, e, portanto, é também se abrir ao
sobrenatural. A Teologia trabalha de mãos dadas com a fé. É é assim que ao ler a
Bíblia com lentes teológicas deparamos com este tremendo conceito da Encarnação.
A Encarnação apresenta um novo movimento divino para a reflexão teológica. Antes
o homem estava acostumado a pensar na sua partida deste mundo, no seu encontro
com Deus na eternidade, mas agora através da Encarnação algo inteiramente novo
acontece. Deus desde a eternidade vem ao encontro do homem na pessoa de Jesus de
Nazaré. Isso era inaudito. Os crentes da dispensação do Antigo Testamento sabiam
que Deus se revelava pelos profetas, anjos e sinais, mas nunca poderiam imaginar
que o próprio Deus pudesse vir habitar com os homens. A encarnação é uma
linda demonstração de como a transcendência humana encontra a condescendência
divina. A mensagem da Encarnação não poderia ser mais inequívoca. Já não é mais
uma questão se saber-se se Deus existe ou não, a mensagem da Encarnação é uma
prova irrefutável do interesse de Deus por suas criaturas: "Deus amou ao mundo
de tal maneira que enviou o Seu filho Unigênito, para que todo que nele crê
tenha a vida eterna". Em Jesus, Deus disse: "Eu estou aqui.". Essa é a mensagem
da Encarnação: Deus está presente; esta é mensagem que a Teologia vê, por que
mesmo quando Jesus ressuscita e ascende aos céus ele diz, "Não os deixarei
órfãos" e nos mandou a cada um de nós, o Espírito da Promessa, que habita em
cada um de nós, e assim Deus, como a no tempo de Jesus, e de uma maneira muito
mais pessoal, individual, íntima e particular, é, novamente, Emanuel,
Deus-Conosco.
Mas a Teologia captou a mensagem da Encarnação
em outro aspecto também, uma identificação mais precisa do Deus que foi revelado
na Encarnação. Deus foi conhecido no passado como Criador, o Deus dos Exércitos,
o Todo-Poderoso e tantos outros nomes que revelam diversificados aspectos de
seus atributos; mas, foi através da singela relação de Jesus com Deus onde de
fato reconhecemos e aprendemos a chamar Deus de Pai, como de fato Ele é. Jesus
dizia quando orava, "Meu pai", e quando se referia a Deus aos seus ouvintes,
também dizia : "Vosso Pai" e quando nos ensinou a orar, ele disse, "mas vós
orareis assim, PAI NOSSO, que estás nos céus... " No passado, em Israel, e em
outras nações, as pessoas se referiram a Deus ou aos deus como "pai" ou "pais",
mas não era em um sentido pessoal como Jesus nos ensinou; naqueles tempos era
assim como chamar ao rei de "meu pai", chamava-se a Deus de Pai no sentido
de patrono e protetor, mas não como fruto de um relacionamento pessoal. Mesmo na
época de Jesus, os discípulos, reverentes, não se atreviam a chamar Deus de Pai
e Jesus mesmo foi criticado por assim chamá-Lo. Não foi até quando do
derramamento do Espírito, quando a presença de Deus, intima, pessoal, veio
habitar cada indivíduo, é que o crente está habilitado a chamar de Deus de Aba,
Pai. A Teologia lê a Bíblia e reflete nestes movimentos de Deus na história e
chega a conclusão que, de fato, todo ser humano que hoje quiser conhecer a
Deus, não precisa fazer nada além de olhar para dentro de si mesmo, pois ali,
dentro de si, pelo Espírito, está Deus.
A Teologia, essa curiosidade natural que todos
temos a respeito do transcendente, é algo que recebemos de Deus com o dom da
personalidade. Animais não se perguntam o que virá depois desta vida... E desde
o princípio, a teologia se aliou à fé, e aos poucos recebeu maior revelação.
Jesus é a máxima de revelação de Deus que este mundo jamais receberá do
Deus-Pai. Deus certamente é infinito e certamente seu ser abrange aspectos que
sequer imaginamos...Mas a máxima revelação que temos de Deus é como uma Pessoa e
uma Pessoa que é Pai. É assim porque dEle recebemos o dom da personalidade
(portanto pessoais como Ele é) e através de Jesus, nos reconhecemos como seus
filhos e o chamamos de Aba, Pai! Hoje se fala muito em "fazer teologia", ou "teologar"
e há muita mistificação da Teologia. Teólogo passou a ser uma pessoa muito
temida, pois afinal ele ou ela, sabe "tudo" a respeito de Deus... Na verdade, a
Teologia está em cada um de nós, é simplesmente essa curiosidade que temos a
respeito da vida, com respeito à sua transcendência. Para receber a ajuda da
Teologia ao estudar Bíblia, você necessita três coisas: fé, curiosidade e
honestidade. Jesus disse: "creia em Deus, creia em mim também"; ele também disse
"quem busca, encontra" e finalmente ele disse, "nada podemos contra a verdade,
senão a favor da verdade".
Rev. Jose Oliveira
O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Rev. Jose Oliveira
O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Saturday, March 9, 2013
Ler a Bíblia com Ajuda da Bibliologia
Bibliologia é o estudo da Bíblia. Ler a
Bíblia segundo a Bibliologia significa entender a Bíblia segundo as “evidências
internas e externas" que ela oferece. Uma gama muito ampla de conclusões pode se
extrair desse estudo, pois todo estudo traz em si a opinião subjetiva do
"sujeito" que estuda. Assim as opiniões a que se podem chegar são também
diversificadas, desde as mais conservadoras, às mais liberais.
Uma dessas conclusões é o fundamentalismo
radical que vai entender a Bíblia como a "Palavra de Deus", literalmente,
verbalmente inspirada por Deus, infalível, sem erro algum. Neste caso, a Bíblia
é aceita como a ipisissima Vox Deo , ou seja a mesmíssima voz de Deus. O
outro extremo é considerar a Bíblia como um livro humano qualquer e declarar que
ela não é mais importante em si mesma do que qualquer outro livro humano. Os
cristãos "praticantes", em sua maioria, doutrinariamente professam a primeira
destas opiniões, mas, quando confrontados as dificuldades que essa opinião traz,
geralmente admitem fatos que contrariam esta ortodoxia radical. Por outro lado,
igualmente, os "liberais" que consideram a Bíblia como outro livro qualquer, não
podem explicar os fenômenos sobrenaturais que ocorrem relacionados com este
livro.
Alguns conservadores, cientes das
dificuldades que a Bíblia possui, afirmam a infalibilidade dos manuscritos
originais, ou seja os autógrafos, não a dos atuais manuscritos ou versões.
Contudo, esta posição não é verificável, pois nenhum dos autógrafos da Bíblia
sobreviveu aos nossos dias. Assim, esta é uma posição exclusivamente fideísta,
isto é, substanciada exclusivamente pela fé, em nada diferente da afirmação
básica do Cristianismo, que Jesus é Filho Deus enviado a este mundo para nossa
salvação. O problema com a posição liberal extremista é que pretende extirpar da
Bíblia tudo que é sobrenatural, por não ser verificável, e assim ignoram que a
Bíblia é um livro mormente sobre fé. A validação da fé é experiencial, não
científica. É o resultado benéfico que a fé traz para a experiência de uma
nação, grupo social (igreja) ou pessoa, o indivíduo, que importa. Isso pode ser
histórica e socialmente avaliado, mas, claro, sujeito às pressuposições de quem
analisa.
Na verdade, as duas posições não se
diferenciam muito quando analisadas no que possa ser a motivação principal de
cada uma. O fundamentalismo radical deseja segurança de que sua profissão é
correta, e neste intuito, utiliza o dogma (que é aceito sem discussão) para
afirmar essa segurança. O liberalismo radical também quer segurança, mas aquela
humana, da razão e do intelecto, que possam ser comprovados categoricamente. Aí,
existe um outro dogma, o racional, o intelectual, que tem sido constantemente
desafiado pelo sobrenatural e pela experiência.
Em um nível mais profundo, vamos descobrir
que na verdade, o dogma assegura o poder: quem formula o dogma tem o privilégio
de ser o "dono da verdade" e controlar até o que os outros pensam e crêem.
Grupos sociais (como religiões, seitas, igrejas) necessitam primeiro, de fatores
comuns para se associarem, depois necessitam de ordem para se tornarem efetivos
e, finalmente, precisam de controle para sustentar a ordem estabelecida. E, quem
formula o dogma, ou quem se torna o seu defensor, tem o controle, o poder. Se
olhamos para a vida de Jesus observamos que ele tinha uma relação bastante
independente com o poder humano, fosse esse das autoridades estabelecidas ou
aquele que lhe fosse oferecido. Jesus somente reconheceu o poder Deus, à qual
vontade, pela fé, ele veio ensinar a obedecer. Nada obstante, ele não se rebelou
contra os poderes estabelecidos porque não representavam a vontade de Deus, ao
contrário, se submeteu a eles, sabendo, pela fé, que o soberano poder de
Deus governa nos "reinos dos filhos dos homens".
Ler a Bíblia com a ajuda da Bibliologia,
deveria nos conscientizar de que a Bíblia contém conflitos de várias ordens que
são racionalmente irreconciliáveis... Contudo, admitir que a Bíblia possua
erros, não é descartar a sua vital importância para a Humanidade, como Jesus
afirmou... "minhas palavras não passarão". A Bíblia, segundo alguém
colocou, não é a palavra de Deus, mas é o registro da palavra de Deus. Eu,
contudo diria: a Bíblia contém registro de palavras de Deus. Isso quer dizer que
a Bíblia, para mim, também contém palavras que não são de Deus. Mas não posso
provar isso racionalmente, é a minha fé que me atesta isso. Fé é experiencial;
não há duas manifestações de fé idênticas: são como as nossas impressões
digitais. O benefício da Bíblia, sendo um livro que registra a História da
Salvação, ou seja uma história da fé em Deus, será sempre proporcional à fé do
individuo.
Em minha convicção, existe uma "Palavra de
Deus, viva e eficaz" e essa é a Palavra do Espírito de Deus que fala ao coração
de cada ser humano. Mas essa palavra, dada ao ao nível do nosso sub-consciente,
raramente se torna consciente como os nossos pensamentos. É ai que a Bíblia e
outros livros que trabalham o consciente a nível da fé, podem e realmente fazem
a tradução da Palavra de Deus em nosso espírito, para a nossa consciência. Assim
eu diria que a Bíblia é uma livro útil à Palavra de Deus, por que é um livro que
registra a fé em Deus de homens em mulheres. Dessa maneira, a Bíblia é um
instrumento para a ressonância da Palavra de Deus comunicada no
sub-consciente pelo Espírito, mas que agora ressoa no consciente.
Outros
livros que contém testemunho da fé em Deus também podem ser instrumentos, mas a
Bíblia, pela sua característica sagrada e fideísta, é, sem dúvida, dentre as
religiões evolucionárias, o instrumento mais eficaz no processo de revelação,
precisamente por conter os ensinos de Jesus. Sim, o que faz a Bíblia tão
especial são, de fato, os ensinos de Jesus, sem os quais, ela perderia em muito
a sua característica de universalidade
Rev. Jose Oliveira
O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Rev. Jose Oliveira
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Sunday, February 17, 2013
Caio Fábio e a Exegése: comentando Mt 7:19
“Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós
a eles; porque esta é a lei e os profetas.” Mt 7:19.
O texto acima é um texto comentado por Caio Fábio em resposta a uma curiosa
pergunta de alguém: “Qual é o limite, a referência “basta”, para o mandamento de
fazer aos outros o que queremos que os outros nos
façam.” Caio Fábio é dono de uma intelectualidade e saber bíblico
impressionantes. Fui seu discípulo (lendo seus livros, através da rede satélite
e ouvindo suas fitas e vendo seus vídeos) tanto em homilética como em
hermenêutica nos dias em que ele era considerado o grande evangelista
brasileiro. E lembro me de que em uma crise ministerial-espiritual eu o chamei e
ele me aconselhou muito bondosamente por mais de uma hora no telefone, após qual
conversa, eu pude compreender algumas coisas como estar “burned out” (muito
estressado) ministerialmente e como em certas ocasiões, até mesmo oração se
torna uma fonte de depressão. Quando o “império” de Caio caiu com a sua “queda”
pessoal, eu achei que ele foi tratado injustamente, até mesmo por si mesmo. Se
houvesse menos hipocrisia e menos moralismos para tratar com as “quedas de
pastores”, o trabalho maravilhoso que ele vinha fazendo não teria que ser
derribado. E, diga-se de passagem que nenhum outro evangelista se levantou de
âmbito nacional que tome o lugar de Caio. Tendo me mudado para os Estados Unidos
e acompanhado todo o problema à distância e esporadicamente, somente
recentemente voltei a interessar-me por seu trabalho. Acessei o seu site, ouvi
algumas de suas mensagens e notei que Caio Fábio havia mudado. Minha impressão é
que ele rompeu com a etiqueta evangélica e decidiu ser o que realmente quer ser.
Vi nisso um Caio Fábio liberado, mas também vi em Caio Fábio algumas mudanças
que foram difíceis de aceitar (mas aceito) algums que considero como liberação
ou progresso, mas também outras como uma diluição e desfocalização do saber de
outrora. Alguns dos seus artigos, têm aparecido na minha página do Facebook
através de outros amigos, e quando tenho tempo os leio. Ao ler o artigo em que
ele reflete no versículo acima, à guisa de responder outrem, de novo senti essa
impressão de diluição e desfocalização, e do Caio de antes, só encontrei o
intelectualismo.
Ciente de que o discípulo nunca é maior que o mestre (por que nunca posso
superar o Caio Fábio, meu mestre no passado) gostaria de deixar alguns
pensamentos sobre o mesmo texto apontando alguns aspectos não tocados pelo
grande mestre de outrora, talvez trazendo alguma luz no denso intelectualismo
exarado em sua explicação. Em minha opinião, Caio Fábio, ao analisar esta
passagem bíblica, divorciou-se da exegese e perdeu-se na retórica.
Passemos agora, ao texto propriamente dito, Mt 7:19. Primeiramente,
identifiquemos o contexto em que esse versículo aparece no Evangelho de Mateus.
O texto pertence à mais famosa unidade dos Evangelhos, o chamado “Sermão do
Monte”. Alguns estudiosos têm concordado que a proposição-mestra do Sermão do
Monte se encontra nessas palavras: “Pois
eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de
modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Mt 5:20. Lembremo-nos que este é o
primeiro dos cinco sermões apresentados no Evangelho de Mateus aos quais o autor
ou autores-editores claramente deu ou deram prioridade, desde que os demais
materiais extraídos de outras fontes foram evidentemente abreviados para dar
lugar a estes sermões. E, dentre os cinco, pelo posição (primeiro) e pelo
tamanho (o maior de todos) o Sermão do Monte claramente se distingue dos demais,
como reprodutor do cerne da mensagem de Jesus.
Contudo,
sabemos que esta é uma construção artificial do Sermão Monte, o qual, sem
dúvida, reflete o cerne do ensino de Jesus, mas não é a réplica ou a
transcrição do sermão pronunciado por Jesus naquela ocasião. Prova disso são as
suas diferentes versões em Mateus e Lucas. Assim podemos supor que além dos
ensinos de Cristo, alguma sabedoria proverbial daquele tempo também foi
introduzida como sendo de Jesus. O Sermão do Monte pode ser facilmente dividido
nas três partes clássicas do discurso: Introdução (5:1-16), Exposição
(5:17-7:12), e Conclusão (7:13-27). Cada uma dessas partes do sermão é
desenvolvida de maneira similar. Na introdução, a atenção dos ouvintes é
assegurada através do pronunciamento de máximas breves, simples e poéticas que
chamamos de as “As Bem-Aventuranças”, destacando a frase “Bem aventurados”. A
seguir, ainda na introdução Jesus especifica a quem sua mensagem é dirigida, aos
presentes, as quais ele identifica como “sal” e “luz”. Na sequência, o sermão
entra no assunto propriamente dito que é a proclamação do Evangelho tendo como
pano de fundo a Lei e os Profetas. No corpo do Sermão do Monte podem ser
distinguidas duas outras partes principais, a primeira, de 5:17-48, pode ser
denominada uma Expansão da Lei para servir aos ensinos mais elevados do
Evangelho; a segunda, de 6:1-7:12, que eu chamo de Injunções Diretas do
Evangelho. Observe-se que o autor faz uso de frases de efeito para separar cada
uma dessas partes da exposição e claramente encerrá-la, passando à conclusão.
Essas frases, que em Homilética chamamos de “frases de transição” são os
versículos 5:48, “
Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.”,
e, o versículo que desejamos estudar nesta oportunidade,
7:19 “Portanto,
tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles;
porque esta é a lei e os profetas.”, que de natureza ampla como o
anterior,conclui com um pronunciamento da visão geral do Evangelho a respeito da
Lei e dos Profetas. As partes da Conclusão são compostas de materiais diversos
explorando um estilo parabólico em contraste com o mais sapiencial de antes,
talvez de origem tardia, quando a igreja já estava organizada e infiltrada por
ensinos outros que aqueles pregados pelos apóstolos. Assim a conclusão assume um
tom de precaução alertando os ouvintes sobre quatro perigos: de não se
esforçar-se o suficiente, dos falsos mestres, da insinceridade quanto fazer a
vontade de Deus e quanto a não ouvir as palavras de Jesus, provavelmente a única
parte da conclusão que reflete as palavras conclusivas de Jesus na ocasião.
Tendo discernido a estrutura do Sermão do Monte, agora podemos adequadamente
localizar o texto em questão (7:19) e tentar determinar a sua natureza. Como
dissemos, o texto pode não ter sido originalmente pronunciado pelo Senhor Jesus
na ocasião em que ele proferiu o Sermão do Monte, pois parece ser um recurso de
apresentação do discurso para fazer a transição da Exposição para a Conclusão.
De fato, o conteúdo sapiencial é derivado da Lei Mosaica, do mandamento “Amarás
ao próximo como a ti mesmo”, portanto não sendo original do ensino de Jesus. É
evidente no Sermão do monte que Jesus está fazendo uma comparação entre Lei e os
Profetas (antigos) e o seu Evangelho. Para finalizar o sermão o autor ou
autores-editores de Mateus sumarizam como o Evangelho de Jesus vê a prática da
Lei e dos Profetas. Portanto devemos esclarecer que este versículo não faz parte
das Expansões nem das Injunções que Jesus fez no seu sermão. É, na verdade um
comentário quanto à aplicação da Lei e dos Profetas, não necessariamente um
ensino do Evangelho de Jesus. Desta maneira, a função deste versículo no Sermão
do Monte é, claramente homilética não didática, e como tal, pode ser extraído
do todo sem prejuízo ao conteúdo, e, assim, devemos estudá-lo em seu próprio
mérito, como comentário (possivelmente rabínico) à Lei e aos profetas, uma vez
que, como disse acima não reflete o ensino específico de Jesus, mas uma opinião
sumarizada da prática da lei e dos profetas. O que quero enfatizar é que este
versículo não traz um ensino caracteristicamente de Jesus. O ensino de Jesus é
vinho novo; não é uma simples explicação ou repetição da lei e dos profetas. No
Sermão do Monte os ensinos de Jesus ou expandem a Lei e os Profetas ou dão
injunções novas que são características do seu Evangelho que tem por medida
ética, não o que o indivíduo quer para si mesmo, mas o Deus quer para todos os
seus filhos.
Agora estudemos o versículo propriamente dito. Primeiramente, é preciso
descobrir qual é a mensagem específica deste versículo. O contexto, que cremos
ter sido artificialmente imposto, não nos ajudará muito. Por isso, temos que
examinar as evidências internas para chegar a essa identificação. Identificar a
natureza geral do versículo pode nos ajudar nesta tarefa. O versículo responde
uma pergunta crucial ao judeu: Como obedecer a lei e os profetas? A lei com
todos os seus muitos e detalhados preceitos, e os profetas com as suas múltiplas
e diferentes exortações, eram certamente um peso ao religioso comum, nas
palavras de Paulo, um “jugo que os pais não suportaram”. Este versículo
apresenta ao religioso comum, sem o conhecimento detalhado da lei e dos
profetas, como cumpri-los sem se preocupar com os seus muitos detalhes. É,
então, uma máxima sapiencial, um princípio vivencial, um atalho prático à
obediência da Lei e dos Profetas. O segredo para isto é tratar o próximo como
você mesmo gostaria de ser tratado. É o que veio a ser conhecido como a “Regra
de Ouro” da Vida.
Contudo, não esqueçamos que embora muito prática e valiosa, a Regra de Áurea
não é Evangelho. O Evangelho de Jesus vai além da Regra de Ouro, cuja a medida é
a vontade humana. Na verdade, Jesus nos ensina a renunciar a nossa própria
vontade para fazer a vontade Deus.
Caio Fábio identifica a motivação da Regra de Ouro, como apresentada neste
versículo: é a retribuição, a esperança de que você será bem tratado, se tratar
bem aos outros. Neste caso, tal motivação seria, digamos, um tanto quanto
egoísta, pois visa ultimamente o benefício próprio. Contudo, eu creio que o
objetivo da Regra de Outro não é utilizar nosso egoísmo como padrão, mas sim
promover em nós a consciência de que nossos semelhantes são dignos de receber
pelo menos o mesmo tratamento que gostaríamos de receber.
O reino de Deus possui ideais mais elevados do que amar ao semelhante baseado no
seu amor-próprio. O evangelho nos convida a olhar para o Amor de Deus por nós,
especialmente revelado na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo. O evangelho nos
convida a estarmos comprometidos a fazer a vontade de Deus, mais do que a nossa
própria. Se seguirmos o exemplo de Jesus colocaremos o próximo antes mesmo que a
nós mesmos. Portanto, para o Evangelho não é suficiente tratar o próximo como eu
gostaria de ser tratado, mas sim tratá-lo como Deus quer que eu o trate. O
Evangelho nos convida a amar o próximo pelo que cada um é, não como um reflexo
do que somos. O Evangelho deseja que nos aproximemos de nossos semelhantes, que
os conheçamos pessoalmente com as suas necessidades pessoais, que podem ser
diferentes das nossas próprias. Por estas razões o Evangelho ultrapassa a Regra
de Ouro que supostamente nos ensina como cumprir a Lei e os Profetas. O
Evangelho nos ensina a obedecer a Vontade de Deus exemplada na vida e nos
ensinos de Jesus Cristo.
Em respondendo a pergunta, qual o limite para ajudar ao próximo segundo o
princípio da Regra de Ouro, Caio Fábio revela uma curiosa preocupação com a
prevenção do abuso por parte de quem se ajuda, como um sub-produto prejudicial,
tanto para quem ajuda como para quem é ajudado. O limite da Regra Áurea é claro:
ajude o próximo o quanto você ajudaria a si mesmo. Você é a medida. Mas para o
Evangelho, o limite é a vontade de Deus, como expressada nos ensinos e na vida
de Jesus, e aí encontramos a pujante declaração evangélica de que
sabendo Jesus que já era chegada a
sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam
no mundo, amou-os até o fim. Jo 13:1.
No evangelho o limite da ajuda não é enquanto você queira, como vemos na Regra
Áurea, é enquanto você viva, durante toda a sua vida, até o fim, como Jesus fez.
É verdade que Jesus não deixava que as pessoas abusassem da sua boa vontade,
para satisfação de ambições egoísticas. Quando os irmãos Boanerges vieram a ele
pedindo que lhes prometessem o privilégio de, no seu reino vindouro, sentarem-se
um à sua esquerda e um à sua direita, Jesus lhes ensinou o princípio do serviço
“maior o que serve”, e lhes disse a verdade, que sentar-se à sua direita e
esquerda era para aqueles aos quais estava destinado. Jesus sempre identificou a
real necessidade do individuo e sempre ministrou neste sentido. Por tanto, ele
nunca se recusou a ajudar o próximo. Ele disse: “Dá a quem te pede, não recuses
a quem lhe pede empresado”.
Assim, qual é o limite para se ajudar o próximo? Segundo a Lei Áurea esse limite
é deixado à discrição de cada um, é o quanto você queira. Segundo o Evangelho, é
a vontade de Deus que nos ensina em Jesus a colocar o próximo em primeiro lugar
e nunca cessar de fazer o bem. Segundo o evangelho, é durante toda a sua vida,
como Jesus fez e ensinou.
Contudo, ajudar o próximo não significa sempre lhes dar o que pedem. Muitas
vezes as pessoas querem soluções mágicas para problemas que requerem educação de
vida. O jovem rico tinha expectativas equivocadas quando se aproximou de Jesus
pedindo ajuda em como entrar na vida eterna. Ele queria uma solução rápida e
talvez fácil. Mas Jesus lhe mostrou que se quisesse a vida eterna tinha que
dedicar a sua vida para esse propósito. “Vende tudo que tens, dá aos pobres, e
depois, vem e segue me”. Jesus, amando-o, lhe mostrou qual era a parte dele e
assim que fizesse isso, Jesus faria a sua, o receberia como discípulo e lhe
ensinaria em como “ganhar a vida eterna”. Muitas vezes, nossa ajuda é apenas um
paliativo para nossa consciência. Não queremos compromisso real; dar o dinheiro
pedido é mais cômodo do que envolvimento real e “fazer discípulos”. Como o jovem
rico que recusou a proposta de Jesus, muitos recusarão a ajuda real que
oferecemos, basicamente por que ainda não estão convencidos de suas necessidades
reais.
Nem todos quererão tomar vantagem de você. Alguns nem mesmo lhe pedirão ajuda,
cabe a você discernir as necessidades deles e lhes ajudar, o que para eles, as
vezes, será algo inesperado. Jesus perguntou ao cego, “Que queres que eu te
faça” ele respondeu “Que eu veja, Mestre”. Jesus não passou a lhe fazer um
sermão a respeito da importância maior da luz espiritual no coração, etc, etc...
Ele simplesmente lhe devolveu a visão. À viúva de Naim que chorava
desconsoladamente no seu caminho para sepultar o único filho, Jesus se aproxima
e lhe diz: “Não chores!” e lhe dá a razão para não chorar: lhe devolve o filho,
ressucitando-o. A quem tem fome, se dá comida, não filosofia!
Assim, nossa ação ética é diferente se seguimos a Lei Aurea, ou se seguimos o
Evangelho. Não me entendam mal. A Regra Aurea é valiosíssima. Se todos a
observassem, nosso mundo seria muito, muito melhor. Contudo o projeto de Deus
para o nosso mundo é o reino de Deus, onde se vive não de acordo com a Regra
Áurea, mas de acordo com o ensino e o exemplo de Jesus para fazer-se a vontade
de Deus. A Regra Áurea impõe um limite para sua ajuda ao próximo. O seu amor a
você mesmo, como a Lei e os Profetas também o fizeram. Mas o evangelho não tem
limites para se fazer a vontade de Deus. É compromisso de vida.
E, para finalizar, deixe me oferecer também o meu atalho para a vontade de Deus.
A minha máxima que acredito traz o segredo de se fazer a vontade de Deus em uma
“nutshell”. Muitos querem servir a Deus para fazer a vontade de Deus. Mas muitos
não entendem que não podemos servir a Deus. Deus per Se, não precisa de nós. Nem
mesmo a Adoração ele demanda de nós; é, ao contrário, uma consequência de
conhecermo-Lo pessoalmente; Deus não precisa de nada, e tudo que Ele faz é por
amor às suas criaturas. Portanto, nós, criaturas de Deus, somos a prioridade de
Deus, e, se queremos realmente servir a Deus, devemos colocar o bem do nosso
semelhante antes mesmo do nosso próprio. Servir a Deus, fazer a vontade de Deus,
portanto, é servir ao próximo.
Rev. Jose Oliveira
O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Thursday, February 14, 2013
Amizade: Que Bicho é Este?
Pelo Rev. Jose Oliveira
Como podemos definir amizade? Algo tão belo e simples, mas um tanto quanto dificil de explicar. Nestas horas, ficamos curiosos para saber o que o dicionário diz a respeito. Veja o que o Dicionário Aurélio Sécuo XXI diz: “Sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual”. Esta definição reflete a dificuldade de se explicar o que amizade é, e como destinguí-la de outros sentimentos; neste caso, o autor encontra sua distinção em que “geralmente não são ligadas por laços de familia ou atração sexual”, como que excluindo esses relacionamentos de serem chamados “amizade”. Alguém definiu amizade como “um tipo de união que tem por base a comunicação, apoio mútuo, compreensão e carinho entre as pessoas”. Essa é uma boa definição, sendo minha única objeção a palavra “união” para descrever amizade. Parece me que “união” é muito forte, muito formal e oficial para definir amizade. Para definir amizade eu buscaria as suas características mais básicas, levando em conta que amizade pode se expressar em várias circunstancias, modos e graus.
1. AMIZADE É UMA ASSOCIAÇÃO HUMANA BASEADA NA SIMPATIA MÚTUA.
A simpatia que menciono aqui não é do tipo “simpatia pra achar marido”, mas é aquela atração mútua que acontece não somente entre humanos, mas também entre alguns seres mais elevados do mundo animal. Simpatia vem de uma palavra grega que significa “unidos pelo mesmo sentimento”. Creio que a essência da amizade está neste conceito, duas pessoas se tornam amigas porque descobrem que simplesmente gostam uma da outra – existe uma simpatia mútua. Portanto, para se tornar amigo, não basta gostar da mesma coisas, é preciso gostar um do outro da mesma maneira.
2. AMIZADE É UMA ASSOCIAÇÃO HUMANA QUE SE BASTA A SI MESMA.
Amizade não requer contratos, certificados, recibos, nada disso. Amizade é a relação mais não-oficial das relacões humanas e contudo, é comprovadamente a mais duradoura. Em geral amigos amigos são feitos expontâneamente, sem nenhuma formalidade. Você não precisa pedir alguem para ser seu amigo, como pediria para uma garota ser a sua namorada. O compromisso da amizade não é oficial, obrigatório, no entando é um dos que se levam mais a sério na vida. Há pessoas que lamentam mais perder um amigo ou amiga, do que perder o marido ou a mulher. Alguns podem viver sem o amor do cônjuge, mas não podem viver sem a amizade de um amigo ou amiga. Para o amigo, basta saber que é amigo; ainda que distantes, os verdadeiros amigos nunca se esquecem e quando se encontram depois de muitos anos, parece que se viram ainda ontem.
3. AMIZADE É UMA ASSOCIAÇÃO HUMANA QUE CABE EM QUALQUER RELAÇÃO.
Deus nos pede que amemos a todos, até mesmo aos nossos inimigos, mas não pede que sejamos amigos de todos. É mais fácil se tornar um inimigo do que um amigo, pois para se tornar iniimigo, somente temos que não respeitar as diferenças, mas para para ser amigo, gostamos de uma pessoa apesar das diferenças... Isto explica a amizade entre pessoas de diferentes idades, ocupação, classe social, raça, cor, sexo e ate mesmo entre humanos e animais. A amizade incrementa as relacões oficiais da vida como as conjugais, familiares, professionais, estudantis. Desta maneira, as relações oficiais que mais perduram na vida, são aquelas que têm uma verdadeira amizade como base: casais se dão melhor no casamento quando são “amigos um do outro”, sócios são melhor sucedidos quando são também amigos, pais e filhos se relacionam melhor se há verdadeira amizade entre eles e assim por diante.
E assim, queridos, neste Dia Americano da Amizade "Valentine's Day", quis refletir no que amizade significa para qualquer um. Outras características podem ser adicionadas, mas creio que estas três são básicas para se entender este sentimento simples, valioso e muitas vezes inexplicável. Uns gostariam de dizer que amizade é simplesmente amar... Eu acredito que sem a capacidade de amar, é impossível fazer-se amigos, mas não diria que amizade é sinônimo de amor. O que distingue a amizade do amor é que a amizade tem que ser mútua, o amor não.
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Como podemos definir amizade? Algo tão belo e simples, mas um tanto quanto dificil de explicar. Nestas horas, ficamos curiosos para saber o que o dicionário diz a respeito. Veja o que o Dicionário Aurélio Sécuo XXI diz: “Sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual”. Esta definição reflete a dificuldade de se explicar o que amizade é, e como destinguí-la de outros sentimentos; neste caso, o autor encontra sua distinção em que “geralmente não são ligadas por laços de familia ou atração sexual”, como que excluindo esses relacionamentos de serem chamados “amizade”. Alguém definiu amizade como “um tipo de união que tem por base a comunicação, apoio mútuo, compreensão e carinho entre as pessoas”. Essa é uma boa definição, sendo minha única objeção a palavra “união” para descrever amizade. Parece me que “união” é muito forte, muito formal e oficial para definir amizade. Para definir amizade eu buscaria as suas características mais básicas, levando em conta que amizade pode se expressar em várias circunstancias, modos e graus.
1. AMIZADE É UMA ASSOCIAÇÃO HUMANA BASEADA NA SIMPATIA MÚTUA.
A simpatia que menciono aqui não é do tipo “simpatia pra achar marido”, mas é aquela atração mútua que acontece não somente entre humanos, mas também entre alguns seres mais elevados do mundo animal. Simpatia vem de uma palavra grega que significa “unidos pelo mesmo sentimento”. Creio que a essência da amizade está neste conceito, duas pessoas se tornam amigas porque descobrem que simplesmente gostam uma da outra – existe uma simpatia mútua. Portanto, para se tornar amigo, não basta gostar da mesma coisas, é preciso gostar um do outro da mesma maneira.
2. AMIZADE É UMA ASSOCIAÇÃO HUMANA QUE SE BASTA A SI MESMA.
Amizade não requer contratos, certificados, recibos, nada disso. Amizade é a relação mais não-oficial das relacões humanas e contudo, é comprovadamente a mais duradoura. Em geral amigos amigos são feitos expontâneamente, sem nenhuma formalidade. Você não precisa pedir alguem para ser seu amigo, como pediria para uma garota ser a sua namorada. O compromisso da amizade não é oficial, obrigatório, no entando é um dos que se levam mais a sério na vida. Há pessoas que lamentam mais perder um amigo ou amiga, do que perder o marido ou a mulher. Alguns podem viver sem o amor do cônjuge, mas não podem viver sem a amizade de um amigo ou amiga. Para o amigo, basta saber que é amigo; ainda que distantes, os verdadeiros amigos nunca se esquecem e quando se encontram depois de muitos anos, parece que se viram ainda ontem.
3. AMIZADE É UMA ASSOCIAÇÃO HUMANA QUE CABE EM QUALQUER RELAÇÃO.
Deus nos pede que amemos a todos, até mesmo aos nossos inimigos, mas não pede que sejamos amigos de todos. É mais fácil se tornar um inimigo do que um amigo, pois para se tornar iniimigo, somente temos que não respeitar as diferenças, mas para para ser amigo, gostamos de uma pessoa apesar das diferenças... Isto explica a amizade entre pessoas de diferentes idades, ocupação, classe social, raça, cor, sexo e ate mesmo entre humanos e animais. A amizade incrementa as relacões oficiais da vida como as conjugais, familiares, professionais, estudantis. Desta maneira, as relações oficiais que mais perduram na vida, são aquelas que têm uma verdadeira amizade como base: casais se dão melhor no casamento quando são “amigos um do outro”, sócios são melhor sucedidos quando são também amigos, pais e filhos se relacionam melhor se há verdadeira amizade entre eles e assim por diante.
E assim, queridos, neste Dia Americano da Amizade "Valentine's Day", quis refletir no que amizade significa para qualquer um. Outras características podem ser adicionadas, mas creio que estas três são básicas para se entender este sentimento simples, valioso e muitas vezes inexplicável. Uns gostariam de dizer que amizade é simplesmente amar... Eu acredito que sem a capacidade de amar, é impossível fazer-se amigos, mas não diria que amizade é sinônimo de amor. O que distingue a amizade do amor é que a amizade tem que ser mútua, o amor não.
Rev. Jose Oliveira
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O QUE É “AMAR DE VERDADE” ?
Primeiramente, deixe me dizer que se não amar de verdade, não é amar, por que a verdade é essencial ao amor. Não há amor à parte da verdade. Amor é aquele que é verdadeiro por natureza, se o amor não é verdadeiro, não é amor, porque não há “amor falso”; se é falso, não é amor. Porém, não suba neste cavalo com tanto ímpeto que caia do outro lado. Verdade é necessária ao amor, mas por ser verdadeiro, não significa que o amor é perfeito. A perfeição do amor é relativa à perfeição do seu agente; e, perfeição absoluta só existe na Trindade; portanto amor absolutamente perfeito só pode ser encontrado no Pai, no Filho, e no Espírito. Desta maneira, o amor pode ser genuíno, mas ainda imperfeito, e, como sabemos, assim é o amor humano. Portanto, “amar de verdade” não existe; existe simplesmente amar. Assim, se quisermos saber o que é amar, simplesmente devemos refletir nas caracteristicas do Amor. Dentre as muitas, gostaria de apresentar três:
1. O AMOR É ESSENCIALMENTE ALTRUÍSTA.
“Altruísta” é o oposto de egoísta. Egoísta é aquele que põe a si mesmo antes de tudo e todos; o altruísta é aquele põe o semelhante antes de si mesmo. Jesus é o nosso maior exemplo de altruísmo, pois sempre pensava nos demais antes que em si mesmo. Um dos seus melhores imitadores foi o Apóstolo Paulo que disse “Ninguém se preocupe comigo mais do que em vê, ou de mim ouve”. Ele não queria que o cuidado com ele fosse exagerado. Muitos hoje querem amar para receber amor em troca. Quem ama não negocia o seu amor. Ama mesmo quando não é amado, por que amar faz parte de seu caráter -- lhe é impossível não amar. Contudo, não é mau querer ser amado; mas amor não é algo que pode ser exigido; amor atrai amor, portanto se queremos ser amados, a única coisa que podemos fazer é amar.
2. O AMOR É ESSENCIALMENTE DOADOR.
Doar de si mesmo, voluntária e desinteresssadamente é uma das características mais exclusiva do amor. Doar é diferente de emprestar, investir ou vender. Quem empresta quer de volta, quem investe quer dividendos e quem vende quer ter lucro. Doar não busca nada disso. Doar é, eu diria, sinônimo de Graça, como ensinada na teologia cristã: um favor necessitado, imerecido (ainda que eu não goste muito de utilizar este termo pois se aplico ao meu amor, pode parecer soberba e orgulho, diminuindo o seu recipiente), impagável, e, muitas vezes não-solicitado. Isto, eu diria, é a essência do amor de Deus e o modelo para o nosso amor. Quem ama dá de si mesmo ao seu semelhante. Amar é partilhar a sua vida com os demais.
3. O AMOR É ESSENCIALMENTE BENÉFICO.
Porisso, vamos logo de início, dizer que não existe “vingança por amor”; sacrificar e perder a própria vida por amor de outros pode ser uma expressão de amor, mas eu estou completamente convencido de que o amor não causa danos com malícia, nem a si mesmo nem a outros. Amor “não vira ódio”, o amor sempre procura o bem do semelhante, mesmo antes que o seu próprio, mesmo após ser ferido. É esse o ensino de Jesus: “Se lhe obrigarem andar uma milha, vai com ele duas”. “Amai aos vossos inimigos; se amais somente aos que vos amam, que vantagem há nisto?”. O amor é ativamente benéfico; não simplesmente se abastém de causar mal alguém, mas principalmente procura o bem do semelhante em primeiro lugar. Como diz o ditado, “Fazer o bem sem olhar a quem”.
Assim, queridos, “amar de verdade” é simplesmente amar. A verdade é essencial ao amor. Se o amor não for verdadeiro, não é amor. Para aqueles que tem alguma dificuldade de reconher o amor, neste artigo oferecemos três características inconfundíveis do amor: éle é essencialmente altruísta, procurando o bem dos demais, mais do que a si mesmo; é doador, no sentido que dá de si mesmo sem esperar retorno algum e, por fim, é benéfico, isto é, é sempre isento de malícia -- a intenção de causar mal a alguém -- e ativamente procura o bem do próximo. Agora, seres humanos são seres complexos, capazes tanto de amor como de ódio. Se você ocasionalmente sente ódio por alguém, não quer dizer que não ame, mas pode significar que o seu amor é, como de muitos, imaturo, que você ainda não sabe amar adequadamente. Ódio e amor automaticamente se excluem; o amor não se apega ao que é mau, e é incapaz de ódio, pois o ódio é destrutivo e amor, como sabemos, construtivo. Jesus disse: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir (malícia) eu vim para que tenham vida e a a tenham em abundância (amor).”
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1. O AMOR É ESSENCIALMENTE ALTRUÍSTA.
“Altruísta” é o oposto de egoísta. Egoísta é aquele que põe a si mesmo antes de tudo e todos; o altruísta é aquele põe o semelhante antes de si mesmo. Jesus é o nosso maior exemplo de altruísmo, pois sempre pensava nos demais antes que em si mesmo. Um dos seus melhores imitadores foi o Apóstolo Paulo que disse “Ninguém se preocupe comigo mais do que em vê, ou de mim ouve”. Ele não queria que o cuidado com ele fosse exagerado. Muitos hoje querem amar para receber amor em troca. Quem ama não negocia o seu amor. Ama mesmo quando não é amado, por que amar faz parte de seu caráter -- lhe é impossível não amar. Contudo, não é mau querer ser amado; mas amor não é algo que pode ser exigido; amor atrai amor, portanto se queremos ser amados, a única coisa que podemos fazer é amar.
2. O AMOR É ESSENCIALMENTE DOADOR.
Doar de si mesmo, voluntária e desinteresssadamente é uma das características mais exclusiva do amor. Doar é diferente de emprestar, investir ou vender. Quem empresta quer de volta, quem investe quer dividendos e quem vende quer ter lucro. Doar não busca nada disso. Doar é, eu diria, sinônimo de Graça, como ensinada na teologia cristã: um favor necessitado, imerecido (ainda que eu não goste muito de utilizar este termo pois se aplico ao meu amor, pode parecer soberba e orgulho, diminuindo o seu recipiente), impagável, e, muitas vezes não-solicitado. Isto, eu diria, é a essência do amor de Deus e o modelo para o nosso amor. Quem ama dá de si mesmo ao seu semelhante. Amar é partilhar a sua vida com os demais.
3. O AMOR É ESSENCIALMENTE BENÉFICO.
Porisso, vamos logo de início, dizer que não existe “vingança por amor”; sacrificar e perder a própria vida por amor de outros pode ser uma expressão de amor, mas eu estou completamente convencido de que o amor não causa danos com malícia, nem a si mesmo nem a outros. Amor “não vira ódio”, o amor sempre procura o bem do semelhante, mesmo antes que o seu próprio, mesmo após ser ferido. É esse o ensino de Jesus: “Se lhe obrigarem andar uma milha, vai com ele duas”. “Amai aos vossos inimigos; se amais somente aos que vos amam, que vantagem há nisto?”. O amor é ativamente benéfico; não simplesmente se abastém de causar mal alguém, mas principalmente procura o bem do semelhante em primeiro lugar. Como diz o ditado, “Fazer o bem sem olhar a quem”.
Assim, queridos, “amar de verdade” é simplesmente amar. A verdade é essencial ao amor. Se o amor não for verdadeiro, não é amor. Para aqueles que tem alguma dificuldade de reconher o amor, neste artigo oferecemos três características inconfundíveis do amor: éle é essencialmente altruísta, procurando o bem dos demais, mais do que a si mesmo; é doador, no sentido que dá de si mesmo sem esperar retorno algum e, por fim, é benéfico, isto é, é sempre isento de malícia -- a intenção de causar mal a alguém -- e ativamente procura o bem do próximo. Agora, seres humanos são seres complexos, capazes tanto de amor como de ódio. Se você ocasionalmente sente ódio por alguém, não quer dizer que não ame, mas pode significar que o seu amor é, como de muitos, imaturo, que você ainda não sabe amar adequadamente. Ódio e amor automaticamente se excluem; o amor não se apega ao que é mau, e é incapaz de ódio, pois o ódio é destrutivo e amor, como sabemos, construtivo. Jesus disse: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir (malícia) eu vim para que tenham vida e a a tenham em abundância (amor).”
Rev. José Oliveira
O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas de Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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