Saturday, August 9, 2014

A Natureza dos Evangelhos


A Natureza dos Evangelhos.
Um artigo por Jose Oliveira, M.Div.
O meu primeiro contato com os Evangelhos, e com a Bíblia de uma maneira geral, foi através da leitura de um exemplar de bolso do Evangelho de João. Eu o li quando tinha doze anos de idade. Quando o li, não sabia que era parte da do Novo Testamento ou da Bíblia. Eu o li de um só fôlego, do começo ao fim, e a parte que mais me tocou foi a crucificação de Jesus, que ao ler, lembro-me, não pude conter o choro. Eu havia sido tocado, sem saber, por um escrito de quase dois mil anos que, igualmente, havia tocado milhões de outras vidas desde a sua origem.

Quase cinquenta anos depois, os Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) ainda me impressionam. Impressionaram-me tanto que tornei-me um estudioso deles. Neles eu meditei, neles eu busquei respostas e conforto em horas diversas. Não há dúvida sobre o poder deste lívros bíblicos. Mas esse poder que cativa o interesse de tantos, nao é pela sua beleza literária, pois nos manuscritos antigos eles são escritos simples, vazados  na língua populaçha dos tempos de então, destinados aos simples. A beleza dos Evangelhos provém do seu personagem maior, Jesus de Nazaré. É a pessoa, o ensino e a vida de Jesus de Nazaré que fazem os Evangelhos os escritos supernos que são. A pessoa e a vida de Jesus de Nazaré determinam em tão grande medida a natureza dos Evangelhos que podemos dizer Ele é a alma e coração dos Evangelhos. Posto de maneira proposicional, os Evangelhos são  escritos judaico-cristãos sobre a vida e o ministério de Jesus de Nazaré, com finalidade querigmática. Essa é, em poucas palavras a natureza dos Evangelhos: o anúncio da vida e o ministério de Jesus, chamado o Cristo.

Tivesse Cristo se manifestado na India, talvez os escritos que recontassem sua aparição seriam de natureza indiana. Mas aprouve ao Pai manifestar este Filho de Deus no contexto de um povo que foi, entre todos os povos da terra, aquele que mais acumulou e melhor registrou a revelação divina em sua história, o povo judeu. Porisso chamamos os evangelhos de judaicos, por que foram frutos de uma nova e massiva revelação dentro do Judaismo, aquela que foi dada por intermédio de Jesus de Nazaré. E são cristãos por que aqueles que os escreveram não o fizeram a respeito de qualquer pessoa, mas de Jesus Cristo. Tivessem os Evangelhos sido escritos a respeito de qualquer outra pessoa, não teriam tido a repercussão e influência que possuem hoje sobre toda a Humanidade.

Contudo, o que mais pode ser dito a respeito da natureza dos Evangelhos, além de sua natureza jesuânica? Organizei os meus pensamentos a respeito do assunto através três categorias epistemológicas: essencial (essência), instrumental (objetivo) e existencial (contribuição).

Primeiramente, reconhecamos um fato básico a respeito dos Evangelhos, algo tão óbvio que muitas vezes não é sequer mencionado. Os evangelhos são escritos religiosos. O conservadorismo evangélico hodierno, através do fundamentalismo do século passado, criou uma certa resistência ao termo “religião”, ainda que não fosse assim nem na origem, nem no desenvolvimento primitivo do Cristianismo, onde o termo “religião” era utilizado como sinônimo de “fé”. Evangélicos preferem o termo "espiritual” em se tratando dos evangelhos do que “religioso”. Contudo, eu julgo importante referir aos Evangelhos como escritos de natureza religiosa, exatamente porque os põe, como escritos, em pé de igualdade com demais escritos religiosos de todas as demais religiões do mundo. Isso ainda mais pode escandalizar os evangélicos que exarcebaram o exclusivismo religioso já existente no Cristianismo desde antanho, querendo fazer do Cristianismo algo superior às demais religiões -- o que ele não é. O Cristianismo é, em essência, uma religião evolucionária como as demais. Os Evangelhos são escritos religiosos como muitos outros. O que diferencia tanto o Cristianismo, bem como os seus escritos das demais religiões não é a sua natureza, mas o seu conteúdo, especialmente, a pessoa imcomparável de Jesus Cristo, de quem os evangelhos tratam prioritariamente.

Em segundo lugar, quanto à finalidade dos Evangelhos, observemos que o propósito dos evangelhos é basicamente biográfico. Aqui também eu divirjo da concepção mais aceita no Evangelicalismo, a qual assume que os Evangelhos não são relatos biográfios, isto é, não são biografias de Jesus Cristo. E, ainda que isto possa estar formalmente correto, pois nem todos os elementos de uma biografia estão presentes no estilo dos Evangelhos, é inegável que eles registram por escrito (gráfica), de uma forma ou outra, fatos que tratam de uma vida (bio), a de Jesus Cristo. Não vamos ao extremo de de afirmar que os Evangelhos são biografias no sentido estrito do termo. O que afirmamos é que os Evangelhos sugiram com um propósito biográfico, o de contar, de uma maneira fideísta, a vida de Jesus Cristo. E, neste sentido, os evangelhos são um esforço biográfico a respeito de um lider religioso como tantos outros existentes na literatura mundial, sejam eles fideístas ou não. Esta classificação igualitária dos Evangelhos não os reduzem em importância, por que como reiteradamente afirmado, a importância e a influência dos Evangelhos não consiste no estilo em que foi escrito; consiste, antes, na vida da pessoa que estes escritos milenares retratam: a de Jesus de Nazaré. Não importa que os Evangelhos não se enquadram nos aspectos formais de uma biografia, importa que, ao modo próprio deles,trazem relevância à vida única deste ser humano único, com uma missão única, Jesus Cristo.

Por último, referente à contribuição dos Evangelhos, quero afirmar a sua natureza confessional. Os evangelhos não são escritos confessionais ao estilo das modernas Confissões de Fé ou mesmo dos Credos que remontam aos primórdios do Cristianismo. Os evangelhos são confessionais porque foram escritos desde a perspectiva de quem creu na pessoa e nos ensinos de Jesus Cristo e quiseram expressar e propagar (querigma) essa confissão de fé. Os evangelhos não são uma pesquisa biográfica a respeito de Jesus Cristo onde os autores, quem sabe desde uma posição neutra inquirem a respeito da vida de Jesus Cristo. Ainda que um dos Evangelhos pareça ter esse intento investigativo, o Evangelho de Lucas,  claramente se vê nele o aspecto confessional: primeiro na introdução onde ao Evangelho é dado uma missão confirmatória da fé em Cristo, e no seu conteúdo, pela seleção do material e personagens pesquisados, os quais eram do círculo dos apóstolos e discípulos de Jesus Cristo. Os evangelhos não lançam uma proposição teorética, aberta à discussão, de que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Os Evangelhos categóricamente afirmam isto, e esperam que seus leitores também o creiam. Porisso, os Evangelhos são escritos estritamente confessionais. Mas não são únicos neste aspecto. Muitos outros escritos religiosos, incorporam um aspecto confessional da religião que representam. De novo, o aspecto  dos evangelhos, como escritos únicos, não é o fato que confessam uma nova religião, é, antes o fato que confessam fé na pessoa e nos ensinos de Jesus Cristo. Foi a vida e os ensinos de Jesus Cristo, as quais os evangelistas confessaram crer, que transformaram vidas por quase dois mil anos, não qualquer confissão.

Portanto, os Evangelhos são escritos distintos e únicos, mas não por serem judaicos ou cristãos, mas sim por que tratam da vida e dos ensinos de Jesus Cristo. Igualmente, a autoridade dos evangelhos não provém de seu caráter religioso, biográfico ou confessional, mas da autoridade da vida e dos ensinos de Jesus Cristo, neles revelados. Os evangelhos não são perfeitos como escritos… possuem erros de muitos tipos, inclusive de concepção, mas eles, em nenhum lugar clamam esta inerrnâcia. Os evangelhos são escritos que se preocupam com uma só coisa: proclamar a Jesus Cristo e os seus ensinos. E ainda que o fizeram no contexto das limitações humanas, a natureza única da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo são de tal poder que superam essas limitações humanas e atraem a fé religiosa de pessoas que se deixam transformar por essas convicções evangélicas. Assim, o que fez os Evangelhos se tornarem Evangelhos, não é o fato que pertencem a uma religião superior, ou porque exibem um estilo literário superior. Mas é, de maneira clara e inegável, porque tratam, de uma maneira confessional, dessa pessoa única e superior, Jesus de Nazaré, o Cristo, o Senhor deste Universo e Salvador dos que nEle creêm.

Rev. Jose Oliveira possui um grau de Mestre em Divindade pelo Northern Baptist Theological Seminary (Lombard, IL - USA) e é o diretor-fundador do Illinois Theological Seminary e do Instituto Teológico Simonton, ambos escolas teológicas online, streaming desde Chicago, IL - USA. Se você gostaria de estudar Teologia pelo meio online, contate o Instituto Teológico Simonton.

Tuesday, April 23, 2013

Quem é o Meu Próximo

Você se lembra da estória. Uma pessoa perguntou a Jesus quem era o seu próximo. Jesus então proferiu a famosa parábola do Bom Samaritano. E ao final perguntou, “Quais destes, vocês diriam que é o próximo daquele que foi ferido e largado à beira da estrada?” Lhe responderam: “O que o socorreu.” E Jesus finalizou: “Vai e faça e o mesmo”. Essa é uma linda lição de amor ao próximo amor que é latente por todos mas se faz presente na hora da necessidade de um em particular. Nesta oportunidade gostaria de refletir a respeito do amor ao próximo, mas enfocando na pessoa do próximo, como que também fazendo a mesma pergunta, ”Quem é o meu próximo?”, mas não para justificar-nos de não amá-lo; ao contrário, para nos conscientizar das dimensões desse amor. Sempre penso comigo: Por que Jesus não disse, - Ama a Todos-, mas disse: “Ama ao teu próximo”. Creio que quando Jesus disse assim foi porque queria que o nosso amor fosse específico. Ainda que amar a todos é possível, é difícil de ajudar a todos. Mas é mais fácil, e mais prático, amar e ajudar a quem está próximo. Não obstante, “próximo” é um conceito relativo, especialmente nos dias de hoje com o aparecimento da social mídia. Próximo, a quê, a quem? Ainda que o conceito de próximo como aquele que está em necessidade seja muito poderoso, gostaria de examinar outros aspectos dessa “proximidade”. Você já ouviu a frase, “Longe dos olhos mas perto do coração”? Gostaria de sugerir que esse é o primeiro tipo de próximo que devemos amar:

AMAR 0 PRÓXIMO DO CORAÇÃO
Ainda que declaremos amar a todos, sem exceção (como eu creio ser possível), sempre haverá alguém que amamos por que está perto do coração... Alguém com quem possuímos um laço emocional. Quem é esse alguém? Esse alguém não precisa ser um, mas pode ser vários. É o marido, a esposa, é o pai, é a mãe, é o irmão, a irmã, o amigo, a amiga; é a namorada, o namorado, o noivo, a noiva, o paquera, a paquera... se existe um laço emocional ligando você e esta ou estas pessoas, aí está o seu próximo a ser amado. Amar a este tipo de próximo , teoricamente, não é difícil, porque você já esta envolvido emocionalmente com ele, você já gosta dessa pessoa, portanto, não é difícil amar. Teoricamente, digamos, por que na prática, amar não é somente sentir, mas se relacionar; e relacionar, e relacionar bem, sim -- é difícil. Qual seria o segredo de amar dignamente àqueles que estão próximos do coração como familiares e outros queridos? O segredo, creio, é valorizar aquilo que faz essas pessoas se tornarem próximas do coração, isto é, valorizar e aperfeiçoar a proximidade. Isso significa melhorar o relacionamento com essas pessoas. Proximidade de quem está próximo do coração permite intimidade cada um a seu nível, intimidade conjugal, intimidade familiar, amizade íntima. Não se contente com superficialidade; abra-se e se mostre receptivo para que os seus queridos possam também ser abertos com você.

AMAR O PRÓXIMO DO COTIDIANO
Cotidiano é aquele conjunto de situações da vida que se repetem no dia-a-dia de nossas existências. As pessoas pertencentes ao nosso cotidiano também estão próximas de nós. Elas são o vizinho, o jornaleiro, o atendente do Starbucks, as pessoas que compartilham o mesmo ônibus todas as manhãs quando você vai ao serviço, é o seu patrão, chefe, colegas de serviço, são os seus companheiros de lazer e os colegas da escola. Essas pessoas estão próximas por que fazem parte do nosso cotidiano, da nossa rotina diária, ainda que não necessariamente eu seja íntimo delas. Posso não saber nada de suas vidas depois que as encontro nestas situações cotidianas, mas elas fazem parte de minha vida, são meu próximos e eu devo amá-las também. Nas relações humanas, temos o que chamamos etiqueta social. A etiqueta diz que devemos perguntar a alguém “Como vai?”, mas sem esperar uma resposta específica; nos contentamos com um “Bem, e você?” E nós também não saímos a dize relatar o que nos aconteceu em casa. Isto é parte da etiqueta social. Amar a essas pessoas significa tratá-las cortesmente, educadamente, respeitosamente, honestamente. E quando você faz isso, não é raro verificar que algumas dessas pessoas deixarão de pertencer ao círculo do cotidiano e passarão a fazer parte do círculo emocional. Pessoas do círculo cotidiano, se tornam grandes amigos, e, em muitas vezes os cônjuges com quem você vai partilhar, quem sabe a vida toda.

AMAR O PRÓXIMO DA HUMANIDADE
Eu sei que algumas pessoas podem se sentir mais próximas dos animais do que pessoas. Mas, sinceramente, quem assim se vê, tem um problema de relacionamento a ser resolvido. Eu amo ao meu cachorro. Deleito-me com o seu amor incondicional, e sim, considero esse amor relativamente considerando, de melhor qualidade do que aquele que eu recebo de alguns seres humanos. Mas a minha relação com o meu cachorro, quer eu queira ou não, é limitado, por que eu sou uma pessoa e ele é um cachorro. Ainda que me ame genuinamente, meu cachorro não supre todas as minhas necessidades relacionais e emocionais. Para isso eu preciso de outra pessoa, outro ser humano. De todos os seres viventes neste planeta eu estou próximo (semelhante) a outros seres humanos. E, segundo Jesus, eu devo valorizar essa proximidade porque a origem dela é Deus que a todos nos criou humanos, seres com personalidade, como Ele, e a quem juntos, podemos chamar de Pai. Deus criou semelhantes uns aos outros, isso é, próximos uns dos outros, e essa proximidade deve ser um veículo para o amor, exatamente como Jesus, que ama a todos sem qualquer discriminação, ao ponto de, sendo o Filho de Deus Unigênito, por amor se tornou humano, como um de nós. Amar a outros seres humanos significa se colocar na situação deles e usar sua vida para que outros (e nós mesmos,no processo) se tornem melhores seres humanos em melhores condições de vida neste mundo.

Assim, meus amigos, quem é o meu próximo, a quem Jesus nos ensinou a amar como ele amou? Primeiro, é o próximo do meu coração, minha família, meus parentes, meus amigos, pessoas com quem eu tenho um vínculo emocional. Depois ,são aqueles do círculo do meu cotidiano, pessoas com as quais eu me relaciono, quem sabe superficialmente todos os dias, mas que são dignos do meu amor em forma de respeito. E por fim, todos os seres humanos são também, cada um, meu próximo, porque somos semelhantes, fazemos parte da mesma família que se chama humanidade, fomos criados pelo mesmo Deus, o que nos faz irmãos uns dos outros e todos filhos dEle, o Pai Universal. Amar ao próximo, até mesmo no sentido da humanidade, isto é, todos, é possível... contudo, é um aprendizado de cada dia... quando você se contém para não dizer algo que você sabe vai irritar a sua esposa, ou quando você diz sinceramente “obrigado” à pessoa que lhe serve o cafezinho, ou cumpre o seu dever no trabalho da melhor maneira que pode... Como costumo dizer, isto é amor, e amor cabe em todas as situações, sem exces

Wednesday, March 13, 2013

Ler a Bíblia com Ajuda da Semiologia

Quando uma pessoa surda-muda utiliza sinais para se comunicar com as demais, ela está utilizando a Semiologia. Semiologia, ou semiótica, é chamada a ciência dos sinais, ou do signos. É impossível para seres humanos se comunicarem ou se expressarem sem a mediação de signos. Gestos, sons, sinais, palavras, letras e números todos são sinais que representam coisas e seres além deles mesmos. Assim, se pode dizer que comunicação é basicamente a arte de interpretação, ou seja, a arte de dar significado a sinais. A Bíblia utiliza muito a Semiologia para transmitir as suas mensagens. Costumamos dizer que a Bíblia fala através de símbolos, parábolas e tipos. Um exemplo bastante conhecido é o uso da numerologia para atribuir significados divinos a certos números: o número um para significar a unidade de Deus, o três para indicar a Trindade, o sete para indicar Divindade. Os números podem se tornar instrumentos de revelação bastante precisos. A matemática, talvez a mais árida de todas as ciências, é, quem sabe, a que mais revele a presença de Deus, pois sabemos que tudo que é físico pode ser matematicamente representado. Contudo, ao dizermos que podemos utilizar a Semiologia para ler a Bíblia, devemos entender que a Semiologia não é uma ciência exata como a Matemática e sua eficácia depende muito da qualidade da hermenêutica que se lhe aplica.

Interpretação de signos lida com convenções. Tome por exemplo as cores: vermelho, significa "cuidado" devido à cor do sangue, que quando exposto significa perigo à vida, verde significa "flora" por que esta é a cor que predomina na vegetação, e azul significa "celestial" devido à cor dos céus. Contudo, as cores assumem múltiplos significados em diferentes culturas. Por exemplo, enquanto azul significa "auspício" para os brasileiros, "blue" é uma cor indicativa de tristeza para os norte-americanos. Portanto, os símbolos dependem da convenções, ou seja das relações que as pessoas atribuem ou descobrem entre os signos e as coisas. Jesus em certa ocasião, criticou a sua geração por não saber interpretar os "sinais do tempo". Ele insistia em dizer que os milagres que ele realizava eram "sinais" de que o reino de Deus havia chegado. Sinais são também sintomas. A palavra semiologia é igualmente utilizada em Medicina para tratar da sintomatologia das enfermidades. Através dos sintomas os médicos identificam as doenças. Jesus no capítulo 24 de Mateus deu vários sinais que antecederiam a sua vinda, para que pudéssemos reconhecer quando aquele tempo estivesse próximo.

Jesus utilizou muita semiologia ao ensinar através de parábolas. A parábola é uma descrição dos processos de vida ou da natureza, que de si mesmas descrevem o óbvio, ou seja, algo que a maioria sabe. Geralmente após enunciar as parábolas, Jesus dizia: "Quem ter ouvidos para ouvir, ouça". Esta frase era em si uma outra parábola, pois sabe-se que os ouvidos são para ouvir e que a maioria das pessoas ouvem através dos mesmos. A obviedade das palavras eram uma indicação de que elas deveriam ser entendidas como sinais de verdades espirituais. A escolha de Jesus de ensinar por parábolas foi muito sábia, porque dá a chance que cada indivíduo as interprete de acordo com a luz espiritual que possui. Além disso, era uma maneira de ensinar verdades revolucionárias a respeito do reino de Deus sem explicitamente declará-las, e assim atrair a ira religiosa dos judeus ou a ira política dos romanos. Existem certas "regras" hermenêuticas para se interpretar as parábolas, mas nada impede que se lhe atribuam significados pessoais para a edificação pessoal de cada seguidor do evangelho. Em última análise, a interpretação dos sinais é inteiramente subjetiva, podendo ou não concordar com uma determinada convenção.

Ao contrário do que muitos crêem, a interpretação que a Bíblia sugere dos sinais nem sempre são unânimes. Por exemplo, enquanto o Livro do Apocalipse fala do Dragão como um detestável símbolo do Anticristo, o Livro de Jó fala de uma "serpente" com as mesmas características de um dragão com admiração e o retrata como uma das mais belas criatura de Deus! Como dito, interpretações dependem do intérprete, e assim como fundamentalistas dão as mais estapafúrdias interpretações aos conflitos bíblicos para fazer harmonizá-los, chegando mesmo a criar uma "Harmonização dos Evangelhos", outros mais liberais lançaram mão de igualmente "forçadas" interpretações" para que concordem com suas pressuposições. Se há uma verdade que a Semiologia nos ensina é que a verdade é de acordo com os olhos de quem a vê. Em outras palavras, interpretações nunca são objetivas, e sim, sempre subjetivas. Seres finitos como nós humanos, não podemos ter a pretensão de sermos, sequer uma vez, objetivos. Somente Deus que é absoluto e infinito possui conhecimento total, absoluto e infinito da verdade. Desta maneira, a dogmatização, isto é, impor uma interpretação a um determinado grupo, é altamente abusiva e, eu diria, até mesmo blasfemo, pois se arroga de uma infalibilidade que só a Deus cabe.

Homens brasileiros e americanos podem dizer: "Oh, I felt so embarassed!" ou, "Oh, eu me senti tão embaraçado!" Mas se estas frases são entendidas ou traduzidas como tais para quem fala o Espanhol, será motivo de risa, pois na fala espanhola "embarazar" significa "engravidar", do que homens claramente não são capazes.  A interpretação dos signos são relativos a nações, culturas, línguas, grupos e, em especial aos indivíduos. Cada um pode ter a sua própria interpretação. Um dos princípios mais importantes da Reforma Protestante foi a reafirmação de que indivíduo pode ler a Bíblia por si mesmo, isto é poder interpretá-la por si mesmo. Igrejas e denominações podem ter as suas doutrinas que os identificam como tais. O que, em minha opinião é errado, é tentar impor uma interpretação particular a todo o resto. As confissões deveriam ser guias, sugestões aos membros, mas não obrigatórias, mandatórias, condicionantes à fé pessoal. Igrejas e denominações deveriam ser instrumentos para desenvolver o conhecimento e adoração de Deus, o enlevamento espiritual dos membros, e o serviço ao semelhante -- não instrumentos de controle da fé.


Rev. Jose Oliveira

O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferecendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Sunday, March 10, 2013

Ler a Biblia com Ajuda da Teologia


Uma das mais interessantes questões acerca da relação entre Teologia e a Bíblia é: A Bíblia produz teologia ou a Teologia produziu a Bíblia? Não há dúvida que existe um relação estreita entre as duas. Muitos teólogos não hesitarão em dizer que a Bíblia é uma das fontes da teologia; e não há como negar isso. Mas, por outro lado, é também verdade que os escritores da Bíblia, ao escreverem seus escritos o estavam fazendo devido a uma curiosidade teológica. E assim, nos deparamos com a antiga e de muitas maneiras muitas vezes respondida pergunta a respeito da Teologia: O que  é teologia? Não é difícil definir teologia; a partir de sua configuração etimológica, logo sabemos que theos - Deus, logia - estudo; portanto, o estudo de Deus. Já definir a Teologia é outra tarefa, muito mais difícil. A Teologia começa com uma pergunta a respeito da transcendência humana: "Para onde vou daqui?" "Existe vida após a morte?" Foi observando a cessação (e renovação) da vida na natureza e a dos seus semelhantes, que o homem começou a fazer teologia, ao buscar respostas para o pós-vida. Os escritos da Bíblia surgem em uma época em que muito poucos fenômenos eram explicados pela Ciência. Aquela era uma época intuitiva, não científica como os nossos dias. E naquela época, a existência de Deus ou deuses era amplamente aceita e quem ousava dizer que Deus ou deuses não existia, era considerado "néscio", como Salmos afirmam. Assim, podemos dizer que no tempo em que a Bíblia começou a ser escrita, Teologia estava bem avançada. Desta maneira, podemos também dizer que a Bíblia, é produzida pela Teologia, que esta, em conseqüência, produziu muita teologia, e não só a Bíblia, mas outros escritos religiosos igualmente.
Portanto, podemos dizer que quando você lê a Bíblia o faz por um impulso teológico, ou seja, este desejo de saber mais de Deus, obter respostas para perguntas cruciais, e organizar a sua visão de mundo de uma maneira aceitável. A Teologia pode lhe ajudar a ler a Bíblia, em primeiro lugar por que dela provém essa "motivação teológica", essa busca de Deus. Ler a Bíblia com a ajuda da Teologia é lê-la com um espírito investigativo, fazendo-lhe perguntas e buscando respostas. É deveras interessante: A Teologia nos impulsiona a perguntar à teologia bíblica. Basicamente, a ajuda que a Teologia provê é nos oferecendo uma idéia de Deus. A idéia de Deus que encontramos na Bíblia não é unificada. Muitos estudiosos tem visto esforços editoriais nos grandes conjuntos da Bíblia, especialmente o Pentateuco, para oferecer uma visão unificada de Deus a partir de diferentes fontes que O viam de maneira distintas. Essa fabricação de uma visão unificada de Javé, ajudou na unificação religiosa e nacional de Israel, desde que muitos a aceitaram como revelação, mas somente no período pós-exílico. Entretanto, isso foi uma tentativa retrogressiva de tentar impor a visão monoteísta sobre sobre escritos que eram originalmente politeístas. A grande contribuição teológica do Antigo Testamento é apresentar a fé monoteísta, em um só Deus . Já a apresentação feita de Israel como uma nação monoteísta parece ser uma fabricação sacerdotal no tempo do exílio. A fé monoteísta em Israel, era de fato, minoritária e das elites; o povo, em geral era, como hoje, afeito às superstições e adeptos do politeísmo, talvez pela simples razão matemática que ter vários deuses parece ser mais vantajoso do que ter apenas um.
Ler a Bíblia com a ajuda da Teologia , é, como já vimos, admitir o transcendente, e, portanto, é também se abrir ao sobrenatural. A Teologia trabalha de mãos dadas com a fé. É é assim que ao ler a Bíblia com lentes teológicas deparamos com este tremendo conceito da Encarnação. A Encarnação apresenta um novo movimento divino para a reflexão teológica. Antes o homem estava acostumado a pensar na sua partida deste mundo, no seu encontro com Deus na eternidade, mas agora através da Encarnação algo inteiramente novo acontece. Deus desde a eternidade vem ao encontro do homem na pessoa de Jesus de Nazaré. Isso era inaudito. Os crentes da dispensação do Antigo Testamento sabiam que Deus se revelava pelos profetas, anjos e sinais, mas nunca poderiam imaginar que o próprio Deus pudesse vir habitar com os homens.  A encarnação é uma linda demonstração de como a transcendência humana encontra a condescendência divina. A mensagem da Encarnação não poderia ser mais inequívoca. Já não é mais uma questão se saber-se se Deus existe ou não, a mensagem da Encarnação é uma prova irrefutável do interesse de Deus por suas criaturas: "Deus amou ao mundo de tal maneira que enviou o Seu filho Unigênito, para que todo que nele crê tenha a vida eterna". Em Jesus, Deus disse: "Eu estou aqui.". Essa é a mensagem da Encarnação: Deus está presente; esta é mensagem que a Teologia vê, por que mesmo quando Jesus ressuscita e ascende aos céus ele diz, "Não os deixarei órfãos" e nos mandou a cada um de nós, o Espírito da Promessa, que habita em cada um de nós, e assim Deus, como a no tempo de Jesus, e de uma maneira muito mais pessoal, individual, íntima e particular, é, novamente, Emanuel, Deus-Conosco.
Mas a Teologia captou a mensagem da Encarnação em outro aspecto também, uma identificação mais precisa do Deus que foi revelado na Encarnação. Deus foi conhecido no passado como Criador, o Deus dos Exércitos, o Todo-Poderoso e tantos outros nomes que revelam diversificados aspectos de seus atributos; mas, foi através da singela relação de Jesus com Deus onde de fato reconhecemos e aprendemos a chamar Deus de Pai, como de fato Ele é. Jesus dizia quando orava, "Meu pai", e quando se referia a Deus aos seus ouvintes, também dizia : "Vosso Pai" e quando nos ensinou a orar, ele disse, "mas vós orareis assim, PAI NOSSO, que estás nos céus... " No passado, em Israel, e em outras nações, as pessoas se referiram a Deus ou aos deus como "pai" ou "pais", mas não era em um sentido pessoal como Jesus nos ensinou; naqueles tempos era assim como chamar ao rei  de "meu pai", chamava-se a Deus de Pai no sentido de patrono e protetor, mas não como fruto de um relacionamento pessoal. Mesmo na época de Jesus, os discípulos, reverentes, não se atreviam a chamar Deus de Pai e Jesus mesmo foi criticado por assim chamá-Lo. Não foi até quando do derramamento do Espírito, quando a presença de Deus, intima, pessoal, veio habitar cada indivíduo, é que o crente está habilitado a chamar de Deus de Aba, Pai. A Teologia lê a Bíblia e reflete nestes movimentos de Deus na história e chega a conclusão que, de fato, todo ser humano que hoje  quiser conhecer a Deus, não precisa fazer nada além de olhar para dentro de si mesmo, pois ali, dentro de si, pelo Espírito, está Deus.
A Teologia, essa curiosidade natural que todos temos a respeito do transcendente, é algo que recebemos de Deus com o dom da personalidade. Animais não se perguntam o que virá depois desta vida... E desde o princípio, a teologia se aliou à fé, e aos poucos recebeu maior revelação. Jesus é a máxima de revelação de Deus que este mundo jamais receberá do Deus-Pai. Deus certamente é infinito e certamente seu ser abrange aspectos que sequer imaginamos...Mas a máxima revelação que temos de Deus é como uma Pessoa e uma Pessoa que é Pai. É assim porque dEle recebemos o dom da personalidade (portanto pessoais como Ele é) e através de Jesus, nos reconhecemos como seus filhos e o chamamos de Aba, Pai! Hoje se fala muito em "fazer teologia", ou "teologar" e há muita mistificação da Teologia. Teólogo passou a ser uma pessoa muito temida, pois afinal ele ou ela, sabe "tudo" a respeito de Deus... Na verdade, a Teologia está em cada um de nós, é simplesmente essa curiosidade que temos a respeito da vida, com respeito à sua transcendência. Para receber a ajuda da Teologia ao estudar Bíblia, você necessita três coisas: fé, curiosidade e honestidade. Jesus disse: "creia em Deus, creia em mim também"; ele também disse "quem busca, encontra" e finalmente ele disse, "nada podemos contra a verdade, senão a favor da verdade". 


Rev. Jose Oliveira

O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Saturday, March 9, 2013

Ler a Bíblia com Ajuda da Bibliologia


Bibliologia é o estudo da Bíblia. Ler a Bíblia segundo a Bibliologia significa entender a Bíblia segundo as “evidências internas e externas" que ela oferece. Uma gama muito ampla de conclusões pode se extrair desse estudo, pois todo estudo traz em si a opinião subjetiva do "sujeito" que estuda. Assim as opiniões a que se podem chegar são também diversificadas, desde as mais conservadoras, às mais liberais.

Uma dessas conclusões é o fundamentalismo radical que vai entender a Bíblia como a "Palavra de Deus", literalmente, verbalmente inspirada por Deus, infalível, sem erro algum. Neste caso, a Bíblia é aceita como a ipisissima Vox Deo , ou seja a mesmíssima voz de Deus. O outro extremo é considerar a Bíblia como um livro humano qualquer e declarar que ela não é mais importante em si mesma do que qualquer outro livro humano. Os cristãos "praticantes", em sua maioria, doutrinariamente professam a primeira destas opiniões, mas, quando confrontados as dificuldades que essa opinião traz, geralmente admitem fatos que contrariam esta ortodoxia radical. Por outro lado, igualmente, os "liberais" que consideram a Bíblia como outro livro qualquer, não podem explicar os fenômenos sobrenaturais que ocorrem relacionados com este livro.

Alguns conservadores, cientes das dificuldades que a Bíblia possui, afirmam a infalibilidade dos manuscritos originais, ou seja os autógrafos, não a dos atuais manuscritos ou versões. Contudo, esta posição não é verificável, pois nenhum dos autógrafos da Bíblia sobreviveu aos nossos dias. Assim, esta é uma posição exclusivamente fideísta, isto é, substanciada exclusivamente pela fé, em nada diferente da afirmação básica do Cristianismo, que Jesus é Filho Deus enviado a este mundo para nossa salvação. O problema com a posição liberal extremista é que pretende extirpar da Bíblia tudo que é sobrenatural, por não ser verificável, e assim ignoram que a Bíblia é um livro mormente sobre fé. A validação da fé é experiencial, não científica. É o resultado benéfico que a fé traz para a experiência de uma nação, grupo social (igreja) ou pessoa, o indivíduo, que importa. Isso pode ser histórica e socialmente avaliado, mas, claro, sujeito às pressuposições de quem analisa.

 Na verdade, as duas posições não se diferenciam muito quando analisadas no que possa ser a motivação principal de cada uma. O fundamentalismo radical deseja segurança de que sua profissão é correta, e neste intuito, utiliza o dogma (que é aceito sem discussão) para afirmar essa segurança. O liberalismo radical também quer segurança, mas aquela humana, da razão e do intelecto, que possam ser comprovados categoricamente. Aí, existe um outro dogma, o racional, o intelectual, que tem sido constantemente desafiado pelo sobrenatural e pela experiência.

Em um nível mais profundo, vamos descobrir que na verdade, o dogma assegura o poder: quem formula o dogma tem o privilégio de ser o "dono da verdade" e controlar até o que os outros pensam e crêem. Grupos sociais (como religiões, seitas, igrejas) necessitam primeiro, de fatores comuns para se associarem, depois necessitam de ordem para se tornarem efetivos e, finalmente, precisam de controle para sustentar a ordem estabelecida. E, quem formula o dogma, ou quem se torna o seu defensor, tem o controle, o poder. Se olhamos para a vida de Jesus observamos que ele tinha uma relação bastante independente com o  poder humano, fosse esse das autoridades estabelecidas ou aquele que lhe fosse oferecido. Jesus somente reconheceu o poder Deus, à qual vontade, pela fé, ele veio ensinar a obedecer. Nada obstante, ele não se rebelou contra os poderes estabelecidos porque não representavam a vontade de Deus, ao contrário, se submeteu a eles, sabendo, pela fé, que o  soberano poder de Deus governa nos "reinos dos filhos dos homens".

Ler a Bíblia com a ajuda da Bibliologia, deveria nos conscientizar de que a Bíblia contém conflitos de várias ordens que são racionalmente irreconciliáveis... Contudo, admitir que a Bíblia possua erros, não é descartar a sua vital importância para a Humanidade, como Jesus afirmou... "minhas palavras não passarão".  A Bíblia, segundo alguém colocou, não é a palavra de Deus, mas é o registro da palavra de Deus. Eu, contudo diria: a Bíblia contém registro de palavras de Deus. Isso quer dizer que a Bíblia, para mim, também contém palavras que não são de Deus. Mas não posso provar isso racionalmente, é a minha fé que me atesta isso. Fé é experiencial; não há duas manifestações de fé idênticas: são como as nossas impressões digitais. O benefício da Bíblia, sendo um livro que registra a História da Salvação, ou seja uma história da fé em Deus, será sempre proporcional à fé do individuo.

Em minha convicção, existe uma "Palavra de Deus, viva e eficaz" e essa é a Palavra do Espírito de Deus que fala ao coração de cada ser humano. Mas essa palavra, dada ao ao nível do nosso sub-consciente, raramente se torna consciente como os nossos pensamentos. É ai que a Bíblia e outros livros que trabalham o consciente a nível da fé, podem e realmente fazem a tradução da Palavra de Deus em nosso espírito, para a nossa consciência. Assim eu diria que a Bíblia é uma livro útil à Palavra de Deus, por que é um livro que registra a fé em Deus de homens em mulheres. Dessa maneira, a Bíblia é um instrumento para a ressonância da Palavra de Deus comunicada  no sub-consciente pelo Espírito, mas  que agora ressoa no consciente. 
Outros livros que contém testemunho da fé em Deus também podem ser instrumentos, mas a Bíblia, pela sua característica sagrada e fideísta, é, sem dúvida, dentre as religiões evolucionárias, o instrumento mais eficaz no processo de revelação, precisamente por conter os ensinos de Jesus. Sim, o que faz a Bíblia tão especial são, de fato, os ensinos de Jesus, sem os quais, ela perderia em muito a sua característica de universalidade

Rev. Jose Oliveira

O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Sunday, February 17, 2013

Caio Fábio e a Exegése: comentando Mt 7:19


 “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.” Mt 7:19.

O texto acima é um texto comentado por Caio Fábio em resposta a uma curiosa pergunta de alguém: “Qual é o limite, a referência “basta”, para o mandamento de fazer aos outros o que queremos que os outros nos façam.” Caio Fábio é dono de uma intelectualidade e saber bíblico impressionantes. Fui seu discípulo (lendo seus livros, através da rede satélite e ouvindo suas fitas e vendo seus vídeos) tanto em homilética como em hermenêutica nos dias em que ele era considerado o grande evangelista brasileiro. E lembro me de que em uma crise ministerial-espiritual eu o chamei e ele me aconselhou muito bondosamente por mais de uma hora no telefone, após qual conversa, eu pude compreender algumas coisas como estar “burned out” (muito estressado) ministerialmente e como em certas ocasiões, até mesmo oração se torna uma fonte de depressão. Quando o “império” de Caio caiu com a sua “queda” pessoal, eu achei que ele foi tratado injustamente, até mesmo por si mesmo. Se houvesse menos hipocrisia e menos moralismos para tratar com as “quedas de pastores”, o trabalho maravilhoso que ele vinha fazendo não teria que ser derribado. E, diga-se de passagem que nenhum outro evangelista se levantou de âmbito nacional que tome o lugar de Caio. Tendo me mudado para os Estados Unidos e acompanhado todo o problema à distância e esporadicamente, somente recentemente voltei a interessar-me por seu trabalho. Acessei o seu site, ouvi algumas de suas mensagens e notei que Caio Fábio havia mudado. Minha impressão é que ele rompeu com a etiqueta evangélica e decidiu ser o que realmente quer ser. Vi nisso um Caio Fábio liberado, mas também vi em Caio Fábio algumas mudanças que foram difíceis de aceitar (mas aceito) algums que considero como liberação ou progresso, mas também outras como uma diluição e desfocalização do saber de outrora. Alguns dos seus artigos, têm aparecido na minha página do Facebook através de outros amigos, e quando tenho tempo os leio. Ao ler o artigo em que ele reflete no versículo acima, à guisa de responder outrem, de novo senti essa impressão de diluição e desfocalização, e do Caio de antes, só encontrei o intelectualismo.
Ciente de que o discípulo nunca é maior que o mestre (por que nunca posso superar o Caio Fábio,  meu mestre no passado) gostaria de deixar alguns pensamentos sobre o mesmo texto apontando alguns aspectos não tocados pelo grande mestre de outrora, talvez trazendo alguma luz no denso intelectualismo exarado em sua explicação. Em minha opinião, Caio Fábio, ao analisar esta passagem bíblica, divorciou-se da exegese e perdeu-se na retórica.

Passemos agora, ao texto propriamente dito, Mt 7:19. Primeiramente, identifiquemos o contexto em que esse versículo aparece no Evangelho de Mateus. O texto pertence à mais famosa unidade dos Evangelhos, o chamado  “Sermão do Monte”.  Alguns estudiosos têm concordado que a proposição-mestra do Sermão do Monte se encontra nessas palavras: “Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Mt 5:20. Lembremo-nos que este é o primeiro dos cinco sermões apresentados no Evangelho de Mateus aos quais o autor ou autores-editores claramente deu ou deram prioridade, desde que os demais materiais extraídos de outras fontes foram evidentemente abreviados para dar lugar a estes sermões. E, dentre os cinco, pelo posição (primeiro) e pelo tamanho (o maior de todos) o Sermão do Monte claramente se distingue dos demais, como reprodutor do cerne da mensagem de Jesus.

 Contudo, sabemos que esta é uma construção artificial do Sermão Monte, o qual, sem dúvida, reflete  o cerne do ensino de Jesus, mas  não é a réplica ou a transcrição do sermão pronunciado por Jesus naquela ocasião. Prova disso são as suas diferentes versões em Mateus e Lucas. Assim podemos supor que além dos ensinos de Cristo, alguma  sabedoria proverbial daquele tempo também foi introduzida como sendo de Jesus. O Sermão do Monte pode ser facilmente dividido nas três partes clássicas do discurso: Introdução (5:1-16), Exposição (5:17-7:12),  e Conclusão (7:13-27). Cada uma dessas partes do sermão é desenvolvida de maneira similar. Na introdução, a atenção dos ouvintes é assegurada através do pronunciamento de máximas breves, simples e poéticas que chamamos de as “As Bem-Aventuranças”, destacando a frase “Bem aventurados”.  A seguir, ainda na introdução Jesus especifica a quem sua mensagem é dirigida, aos presentes, as quais ele identifica como “sal” e “luz”. Na sequência, o sermão entra no assunto propriamente dito que é a proclamação do Evangelho tendo como pano de fundo a Lei e os Profetas. No corpo do Sermão do Monte podem ser distinguidas duas outras partes principais, a primeira, de 5:17-48, pode ser denominada uma Expansão da Lei para servir aos ensinos mais elevados do Evangelho; a segunda, de 6:1-7:12, que eu chamo de Injunções Diretas do Evangelho. Observe-se que o autor faz uso de frases de efeito para separar cada uma dessas partes da exposição e claramente encerrá-la, passando à conclusão. Essas frases, que em Homilética chamamos de “frases de transição” são os versículos 5:48, “ Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.”, e, o versículo que desejamos estudar nesta oportunidade, 7:19 “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.”, que de natureza ampla como o anterior,conclui com um pronunciamento da visão geral do Evangelho a respeito da Lei e dos Profetas. As partes da Conclusão são compostas de materiais diversos explorando um estilo parabólico em contraste com o mais sapiencial de antes, talvez de origem tardia, quando a igreja já estava organizada e infiltrada por ensinos outros que aqueles pregados pelos apóstolos. Assim a conclusão assume um tom de precaução alertando os ouvintes sobre quatro perigos: de não se esforçar-se o suficiente, dos falsos mestres, da insinceridade quanto fazer a vontade de Deus e quanto a não ouvir as palavras de Jesus, provavelmente a única parte da conclusão que reflete as palavras conclusivas de Jesus na ocasião.

Tendo discernido a estrutura do Sermão do Monte, agora podemos adequadamente localizar o texto em questão (7:19) e tentar determinar a sua natureza. Como dissemos, o texto pode não ter sido originalmente pronunciado pelo Senhor Jesus na ocasião em que ele proferiu o Sermão do Monte, pois parece ser um recurso de apresentação do discurso para fazer a transição da Exposição para a Conclusão. De fato, o conteúdo sapiencial  é derivado da Lei Mosaica, do mandamento “Amarás ao próximo como a ti mesmo”, portanto não sendo original do ensino de Jesus. É evidente no Sermão do monte que Jesus está fazendo uma comparação entre Lei e os Profetas (antigos) e o seu Evangelho. Para finalizar o sermão o autor ou autores-editores de Mateus sumarizam como o Evangelho de Jesus vê a prática da Lei e dos Profetas. Portanto devemos esclarecer que este versículo não faz parte das Expansões  nem das Injunções que Jesus fez no seu sermão. É, na verdade um comentário quanto à aplicação da Lei e dos Profetas, não necessariamente um ensino do Evangelho de Jesus. Desta maneira, a função deste versículo no Sermão do Monte é, claramente homilética não didática,  e como tal, pode ser extraído do todo sem prejuízo ao conteúdo, e, assim, devemos estudá-lo em seu próprio mérito, como comentário (possivelmente rabínico) à Lei e aos profetas, uma vez que, como disse acima não reflete o ensino específico de Jesus, mas uma opinião sumarizada da prática da lei e dos profetas. O que quero enfatizar é que este versículo não traz um ensino caracteristicamente de Jesus. O ensino de Jesus é vinho novo; não é uma simples explicação ou repetição da lei e dos profetas. No Sermão do Monte os ensinos de Jesus ou expandem a Lei e os Profetas ou dão injunções novas que são características do seu Evangelho que tem por medida ética, não o que o indivíduo quer para si mesmo, mas o Deus quer para todos os seus filhos.

Agora estudemos o versículo propriamente dito. Primeiramente, é preciso descobrir qual é a mensagem específica deste versículo. O contexto, que cremos ter sido artificialmente imposto, não nos ajudará muito. Por isso, temos que examinar as evidências internas para chegar a essa identificação. Identificar a natureza geral do versículo pode nos ajudar nesta tarefa. O versículo responde uma pergunta crucial ao judeu: Como obedecer a lei e os profetas? A lei com todos os seus muitos e detalhados preceitos, e os profetas com as suas múltiplas e diferentes exortações, eram certamente um peso ao religioso comum, nas palavras de Paulo, um “jugo que os pais não suportaram”. Este versículo apresenta ao religioso comum, sem o conhecimento detalhado da lei e dos profetas, como cumpri-los sem se preocupar com os seus muitos detalhes. É, então, uma máxima sapiencial, um princípio vivencial, um atalho prático à obediência da Lei e dos Profetas. O segredo para isto é tratar o próximo como você mesmo gostaria de ser tratado. É o que veio a ser conhecido como a “Regra de Ouro” da Vida.

Contudo, não  esqueçamos que embora muito prática e valiosa, a Regra de  Áurea não é Evangelho. O Evangelho de Jesus vai além da Regra de Ouro, cuja a medida é a vontade humana. Na verdade, Jesus nos ensina a renunciar a nossa própria vontade para fazer a vontade Deus.
Caio Fábio identifica a motivação da Regra de Ouro, como apresentada neste versículo: é a retribuição, a esperança de que você será bem tratado, se tratar bem aos outros. Neste caso, tal motivação seria, digamos, um tanto quanto egoísta, pois visa ultimamente o benefício próprio. Contudo, eu creio que o objetivo da Regra de Outro não é utilizar nosso egoísmo como padrão, mas sim promover em nós a consciência de que nossos semelhantes são dignos de receber pelo menos o mesmo tratamento que gostaríamos de receber.

O reino de Deus possui ideais mais elevados do que amar ao semelhante baseado no seu amor-próprio. O evangelho nos convida a olhar para o Amor de Deus  por nós, especialmente revelado na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo. O evangelho nos convida a estarmos comprometidos a fazer a vontade de Deus, mais do que a nossa própria. Se seguirmos o exemplo de Jesus colocaremos o próximo antes mesmo que a nós mesmos. Portanto, para o Evangelho não é suficiente tratar o próximo como eu gostaria de ser tratado, mas sim tratá-lo como Deus quer que eu o trate. O Evangelho nos convida a amar o próximo pelo que cada um é, não como um reflexo do que somos. O Evangelho deseja que nos aproximemos de nossos semelhantes, que os conheçamos pessoalmente com as suas necessidades pessoais, que podem ser diferentes das nossas próprias. Por estas razões o Evangelho ultrapassa a Regra de Ouro que supostamente nos ensina como cumprir a Lei e os Profetas. O Evangelho nos ensina a obedecer a Vontade de Deus exemplada na vida e nos ensinos de Jesus Cristo.

Em respondendo a pergunta, qual o limite para ajudar ao próximo segundo o princípio da Regra de Ouro, Caio Fábio revela uma curiosa preocupação com a prevenção do abuso por parte de quem se ajuda, como um sub-produto prejudicial, tanto para quem ajuda como para quem é ajudado. O limite da Regra Áurea é claro: ajude o próximo o quanto você ajudaria a si mesmo. Você é a medida. Mas para o Evangelho, o limite é a vontade de Deus, como expressada nos ensinos e na vida de Jesus, e aí  encontramos a pujante declaração evangélica de que  sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim. Jo 13:1. No evangelho o limite da ajuda não é enquanto você queira, como vemos na Regra Áurea, é enquanto você viva, durante toda a sua vida, até o fim, como Jesus fez.

É verdade que Jesus não deixava que as pessoas abusassem da sua boa vontade, para satisfação de ambições egoísticas. Quando os irmãos Boanerges vieram a ele pedindo que lhes prometessem o privilégio de, no seu reino vindouro, sentarem-se um à sua esquerda e um à sua direita, Jesus lhes ensinou o princípio do serviço “maior o que serve”, e lhes disse a verdade, que sentar-se à sua direita e esquerda era para aqueles aos quais estava destinado. Jesus sempre identificou a real necessidade do individuo e sempre ministrou neste sentido. Por tanto, ele nunca se recusou a ajudar o próximo. Ele disse: “Dá a quem te pede, não recuses a quem lhe pede empresado”.

Assim, qual é o limite para se ajudar o próximo? Segundo a Lei Áurea esse limite é deixado à discrição de cada um, é o quanto você queira. Segundo o Evangelho, é a vontade de Deus que nos ensina em Jesus a colocar o próximo em primeiro lugar e nunca cessar de fazer o bem. Segundo o evangelho, é durante toda a sua vida, como Jesus fez e ensinou.

Contudo, ajudar o próximo não significa sempre lhes dar o que pedem. Muitas vezes as pessoas querem soluções mágicas para problemas que requerem educação de vida. O jovem rico tinha expectativas equivocadas quando se aproximou de Jesus pedindo ajuda em como entrar na vida eterna. Ele queria uma solução rápida e talvez fácil. Mas Jesus lhe mostrou que se quisesse a vida eterna tinha que dedicar a sua vida para esse propósito. “Vende tudo que tens, dá aos pobres, e depois, vem e segue me”. Jesus, amando-o, lhe mostrou qual era a parte dele e assim que fizesse isso, Jesus faria a sua, o receberia como discípulo e lhe ensinaria em como “ganhar a vida eterna”. Muitas vezes, nossa ajuda é apenas um paliativo para nossa consciência. Não queremos compromisso real; dar o dinheiro pedido é mais cômodo do que envolvimento real e “fazer discípulos”. Como o jovem rico que recusou a proposta de Jesus, muitos recusarão a ajuda real que oferecemos, basicamente por que ainda não estão convencidos de suas necessidades reais.

Nem todos quererão tomar vantagem de você. Alguns nem mesmo lhe pedirão ajuda, cabe a você discernir as necessidades deles e lhes ajudar, o que para eles, as vezes, será algo inesperado. Jesus perguntou ao cego, “Que queres que eu te faça” ele respondeu “Que eu veja, Mestre”. Jesus não passou a lhe fazer um sermão a respeito da importância maior da luz espiritual no coração, etc, etc... Ele simplesmente lhe devolveu a visão. À viúva de Naim que chorava desconsoladamente no seu caminho para sepultar o único filho, Jesus se aproxima e lhe diz: “Não chores!” e lhe dá a razão para não chorar: lhe devolve o filho, ressucitando-o.  A quem tem fome, se dá comida, não filosofia!

Assim, nossa ação ética é diferente se seguimos a Lei Aurea, ou se seguimos o Evangelho. Não me entendam mal. A Regra Aurea é valiosíssima. Se todos a observassem, nosso mundo seria muito, muito melhor. Contudo o projeto de Deus para o nosso mundo é o reino de Deus, onde se vive não de acordo com a Regra Áurea, mas de acordo com o ensino e o exemplo de Jesus para fazer-se a vontade de Deus. A Regra Áurea impõe um limite para sua ajuda ao próximo. O seu amor a você mesmo, como a Lei e os Profetas também o fizeram. Mas o evangelho não tem limites para se fazer a vontade de Deus. É compromisso de vida.

E, para finalizar, deixe me oferecer também o meu atalho para a vontade de Deus. A minha máxima que acredito traz o segredo de se fazer a vontade de Deus em uma “nutshell”. Muitos querem servir a Deus para fazer a vontade de Deus. Mas muitos não entendem que não podemos servir a Deus. Deus per Se, não precisa de nós. Nem mesmo a Adoração ele demanda de nós; é, ao contrário, uma consequência de conhecermo-Lo pessoalmente; Deus não precisa de nada, e tudo que Ele faz é por amor às suas criaturas. Portanto, nós, criaturas de Deus, somos a prioridade de Deus, e, se queremos realmente servir a Deus, devemos colocar o bem do nosso semelhante antes mesmo do nosso próprio. Servir a Deus, fazer a vontade de Deus, portanto, é servir ao próximo.

Rev. Jose Oliveira

O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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Thursday, February 14, 2013

Amizade: Que Bicho é Este?


Pelo Rev. Jose Oliveira

Como podemos definir amizade? Algo tão belo e simples, mas um tanto quanto dificil de explicar. Nestas horas, ficamos curiosos para saber o que o dicionário diz a respeito. Veja o que o Dicionário Aurélio Sécuo XXI diz: “Sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual”. Esta definição reflete a dificuldade de se explicar o que amizade é, e como destinguí-la de outros sentimentos; neste caso, o autor encontra sua distinção em que “geralmente não são ligadas por laços de familia ou atração sexual”, como que excluindo esses relacionamentos de serem chamados “amizade”. Alguém definiu amizade como “um tipo de união que tem por base a comunicação, apoio mútuo, compreensão e carinho entre as pessoas”. Essa é uma boa definição, sendo minha única objeção a palavra “união” para descrever amizade. Parece me que “união” é muito forte, muito formal e oficial para definir amizade. Para definir amizade eu buscaria as suas características mais básicas, levando em conta que amizade pode se expressar em várias circunstancias, modos e graus.

1. AMIZADE É UMA ASSOCIAÇÃO HUMANA BASEADA NA SIMPATIA MÚTUA.
A simpatia que menciono aqui não é do tipo “simpatia pra achar marido”, mas é aquela atração mútua que acontece não somente entre humanos, mas também entre alguns seres mais elevados do mundo animal. Simpatia vem de uma palavra grega que significa “unidos pelo mesmo sentimento”. Creio que a essência da amizade está neste conceito, duas pessoas se tornam amigas porque descobrem que simplesmente gostam uma da outra – existe uma simpatia mútua. Portanto, para se tornar amigo, não basta gostar da mesma coisas, é preciso gostar um do outro da mesma maneira.

2. AMIZADE É UMA ASSOCIAÇÃO HUMANA QUE SE BASTA A SI MESMA.
Amizade não requer contratos, certificados, recibos, nada disso. Amizade é a relação mais não-oficial das relacões humanas e contudo, é comprovadamente a mais duradoura. Em geral amigos amigos são feitos expontâneamente, sem nenhuma formalidade. Você não precisa pedir alguem para ser seu amigo, como pediria para uma garota ser a sua namorada. O compromisso da amizade não é oficial, obrigatório, no entando é um dos que se levam mais a sério na vida. Há pessoas que lamentam mais perder um amigo ou amiga, do que perder o marido ou a mulher. Alguns podem viver sem o amor do cônjuge, mas não podem viver sem a amizade de um amigo ou amiga. Para o amigo, basta saber que é amigo; ainda que distantes, os verdadeiros amigos nunca se esquecem e quando se encontram depois de muitos anos, parece que se viram ainda ontem.

3. AMIZADE É UMA ASSOCIAÇÃO HUMANA QUE CABE EM QUALQUER RELAÇÃO.
Deus nos pede que amemos a todos, até mesmo aos nossos inimigos, mas não pede que sejamos amigos de todos. É mais fácil se tornar um inimigo do que um amigo, pois para se tornar iniimigo, somente temos que não respeitar as diferenças, mas para para ser amigo, gostamos de uma pessoa apesar das diferenças... Isto explica a amizade entre pessoas de diferentes idades, ocupação, classe social, raça, cor, sexo e ate mesmo entre humanos e animais. A amizade incrementa as relacões oficiais da vida como as conjugais, familiares, professionais, estudantis. Desta maneira, as relações oficiais que mais perduram na vida, são aquelas que têm uma verdadeira amizade como base: casais se dão melhor no casamento quando são “amigos um do outro”, sócios são melhor sucedidos quando são também amigos, pais e filhos se relacionam melhor se há verdadeira amizade entre eles e assim por diante.

E assim, queridos, neste Dia Americano da Amizade "Valentine's Day", quis refletir no que amizade significa para qualquer um. Outras características podem ser adicionadas, mas creio que estas três são básicas para se entender este sentimento simples, valioso e muitas vezes inexplicável. Uns gostariam de dizer que amizade é simplesmente amar... Eu acredito que sem a capacidade de amar, é impossível fazer-se amigos, mas não diria que amizade é sinônimo de amor. O que distingue a amizade do amor é que a amizade tem que ser mútua, o amor não.

Rev. Jose Oliveira

O Rev. Jose Oliveira é um ministro presbiteriano, fundador e diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola teológica online oferencendo programas se Teologia nos níveis Básico, Bacharel e Mestrado. Se você estiver interessado em estudar Teologia Online, clique abaixo:
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