Tuesday, February 28, 2012

A Eternidade e a Trindade

pelo Rev. Jose Oliveira, M.Div.

eternidadeO conceito de “eternidade” está além da compreensão humana. Se, pudéssemos perguntar a Deus o que é Eternidade, ele provavelmente diria: “Eu sou a Eternidade”. Eternidade não existe à parte de Deus. Tendemos a classificar eternidade em termos cronológicos. Dizemos que eternidade é o antes-infinito e o infinito-depois. Porque somos seres condicionados ao tempo e espaço, somos levados a pensar nestes termos, mas eternidade não é a respeito da extensão temporal, mas a respeito da ausência do tempo. Tempo e espaço são dimensões finitas onde certos potenciais de Deus adquirem substância. Tempo e espaço constituem o laboratório de Deus onde Ele permite que certas personalidades se desenvolvam, rumo à perfeição, através da experiência, por meio do livre-arbítrio.

Eternidade é a respeito da modalidade única do Ser Absoluto, onde o ser e o não-ser existem em perfeita harmonia. O ser é tudo que se faz perceptível. O não-ser não é que o não existe. É o que existe potencialmente. No caso do ser humano, o que é potencial é limitado pela possibilidade e assim alguns potenciais humanamente engendrados podem nunca se tornar realidade. Mas no caso de Deus, os seus infinitos potenciais são todos destinados a se tornar reais, por que tudo que Deus engendra é possível. Em Deus deve existir um “ser” tensional entre o real e potencial. Podemos dizer que se não fora a realidade da Trindade, Deus somente existiria para Si mesmo. Essa é a essência, creio, da Existência Absoluta de Deus, mas a Trindade manifesta a Existência Plural de Deus.

O Filho e o Espírito são o que poderíamos chamar de “inevitabilidades” do ser de Deus, potenciais que se “tornaram” reais. Talvez a diferença entre real e potencial seja a capacidade de relação. O potencial existe, mas estaticamente, o real existe em relacionamento com algo ou alguém. Assim, à parte da Trindade, Deus possui existência intrínseca, Ele existe de si para si mesmo. Mas na Trindade, Deus existe em relação ao Filho e ao Espírito. Ambos, o Ser Real e Potencial de Deus compreendem o Ser Absoluto de Deus. Ser absoluto, é, então, ser e não-ser. A vontade divina, mais do que “desejo” deve ser o resultado desta tensão ontológica em Deus.

Possivelmente, os “movimentos” eternos de Deus são a capacidade divina através desta vontade tensional, acima mencionada, de transformar potenciais divinos em realidades. A geração do Filho é o Deus-Ente (real) trazendo o Deus-Agente (potencial) à realidade. Ao gerar o Filho, Deus é Pai, e abdica de seu poder agencial (que sem o Filho, seria exclusivamente potencial) em favor do Filho. O Pai somente age através do Filho; ainda quando pessoalmente atua no universo, é o Filho que viabiliza essa atuação. O Filho, sendo geração divina, é expressão unigênita e contígua de Deus. O Espírito, sendo processão divina é a essência relacional de Deus, Sua expressão conjuntiva (do Pai e do Filho conjuntamente). O Pai é a Origem de tudo, o Filho é a Expressão do Pai, e o Espírito é o Executor Conjuntivo do Pai e do Filho.

Como dito anteriormente, é impossível para nós seres humanos compreender a Deus, porque Ele é Absoluto, Infinito e Inconcebível em sua realidade total. Se o pudéssemos, seríamos Deus. Mas podemos conhecer algo de Deus. Certamente, Ele é infinitamente mais do que podemos conhecer e imaginar; mas, a nossa percepção dEle, embora imperfeita, é real, pois Deus, em manifestando-se através da Trindade, permitiu que se Lhe conhecesse extrinsecamente, de qual conhecimento nós partilhamos, pela revelação que ele faz de si mesmo no Filho, pelo Espírito.

Rev. Jose Oliveira é ministro presbiteriano e diretor do Instituto Teológico Simonton.

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