Sunday, April 1, 2012

Amar Mesmo Quando Dificil

pelo Rev. Jose Oliveira, M.Div.

Amar não é fácil não. Se fosse, esse nosso mundo seria uma maravilha. Reconheçamos: amar incondicionalmente, incessantemente, intensamente – é difícil. Apesar disso, amar é a melhor coisa do mundo; concorda, ou não? Um amigo no Facebook discordou e escreveu: “Amar é a coisa mais dolorida do mundo”. Eu sei que amar pode, muitas vezes, ser dolorido -- eu mesmo experimentei isso muitas vezes. Mas, com o tempo cheguei à conclusão que amar é dolorido quando você mistura amor com o que não pertence ao amor: a expectativa de ser amado em retorno, principalmente quando você espera ser amado da mesma maneira que você ama, ou melhor... Amor atrai amor, mas depende se a outra pessoa é sensível ao amor e possui verdadeiro amor para dar, porque, amor verdadeiro atrai verdadeiro amor. Se o outro lado não tem verdadeiro amor, não existirá reciprocidade amorosa.

Contudo, o verdadeiro amor, embora se regozije em receber amor em retorno, não alimenta uma expectativa egoísta a esse respeito; o verdadeiro amor se regozija com o amor que recebe em retorno porque ser amado é bom, e porque quem ama verdadeiramente se regozija em saber que seu gesto de amor reproduziu amor em alguém... Mas, à parte disso, verdadeira amor não espera paga alguma por amor. Quem ama verdadeiramente se completa no simples gesto de amar; não espera ser amado de volta, isto é, ser amado não é uma condição ao verdadeiro amor. Essa é uma das razões porque as pessoas sofrem quando pensam que estão amando, mas estão “amando” somente para serem amadas em retorno, porque nossas expectativas nem sempre se concretizam. Não há nada de errado em querer ser amado; todos o desejamos, mas, algo interessante a respeito disso é que não podemos exigir que alguém nos ame, pois uma das mais importantes características do amor é que o amor é voluntário, espontâneo – não pode ser exigido, cobrado ou forçado de qualquer maneira. Pode sim ser estimulado, atraído, mas não pode ser constrangido de maneira alguma. Existem, segundo eu vejo, três razões por que amar é difícil.

Primeira, por que amar é um algo espiritual. O amor vem de Deus, porque Deus é amor. Deus é espírito, portanto, o amor é espiritual. Mas, nós somos seres duais, carne e espírito. Temos duas naturezas: uma animal, que herdamos da evolução da raça humana no mundo animal; e, uma divina, em nossa alma, que é fruto da habitação do Espírito de Deus que habita em nós, aquele que foi derramado sobre toda a carne, depois da ascensão de Jesus, no dia de Pentecostes. Assim, como o apóstolo Paulo dizia, com o espírito tenho prazer nas coisas de Deus, espirituais, como o amor, por exemplo; mas a carne tem prazer naquilo que é caracteristicamente animal. O mais agudo instinto da natureza animal é o de sobrevivência. É desse instinto animal que dá origem ao egoísmo humano, pois demanda que o ser humano pense em si mesmo em primeiro lugar, pois disso depende a sua sobrevivência. A natureza animal assim age, porque somente reage ao que é material e animal, não possui compreensão espiritual. Mas o Espírito, que vem de Deus, é, como Deus, tem vida em si mesmo, não se preocupa com a própria sobrevivência – ao contrário, se preocupa com os outros. O espírito é amoroso aos outros, altruísta; a carne, o instinto animal, é cioso de si mesmo, egoísta. Portanto, uma das razões porque amar é difícil se encontra neste conflito provindo dessas duas naturezas existentes em nós. Amar é difícil, porque, sendo algo espiritual, é contra a natureza carnal, animal. Porem, não se pense que a natureza animal é, como muitos dizem, originalmente pecaminosa... Não o é, segundo eu vejo; pois foi criada por Deus, e fazê-la intrinsecamente pecaminosa, seria dizer que Deus é a origem do pecado, que sabemos, não é verdade. Mas, essas duas tendências divergentes, causam conflito que pode dar ocasião a decisões pecaminosas. Contudo, é a nossa natureza espiritual que nos faz seres humanos, superiores ao resto do reino do animal, portanto, o espírito, do qual o amor é o primeiro e mais importante fruto, deve reger as decisões humanas.

A segunda razão pela qual é difícil amar se encontra no fato de que as pessoas, em geral, não estão acostumadas a serem verdadeiramente, incondicionalmente amadas. Por isso, muitas não compreendem e às vezes até mesmo duvidam (talvez porque elas mesmas se veem incapazes de tal amor) que exista verdadeiro amor. Em geral pessoas assim não conhecem o amor de Deus e, possivelmente, não possuem uma relação pessoal com Deus. Sem conhecer o amor de Deus, mesmo que as pessoas estejam desesperadamente necessitadas de amor, não conseguem se sentir amadas, pois têm dificuldade até mesmo em reconhecer o que é o verdadeiro amor, quando este lhes é oferecido. Mas, o verdadeiro amor ama, apesar dos obstáculos, sejam quais forem... Ama contra a correnteza, contra o vento -- pois é quando há resistência ao amor que este mais se faz necessário e mais real se mostra.

Finalmente, a terceira razão pela qual é difícil amar, é devido à presença do mal e pecado no mundo. Mal não tem existência própria, como se fosse o oposto a Deus... Deus não possui causa, o mal, porém, tem uma causa: a incapacidade ou recusa do ser humano escolher a vontade de Deus em suas decisões diárias, a qual nos é indicada constantemente pelo Espírito de Deus que habita em cada ser humano moralmente responsável. No Paraíso, onde Deus­-Pai reside, não há mal ou pecado algum, pois com ele habita a perfeição. Mas, em nossa dimensão finita e temporal, e em nossa presente situação, habitando este tabernáculo animal, existindo temporariamente neste mundo, onde decidimos ou não seguir a vontade de Deus – para nós, nestas condições, o mal e o pecado são realidades concretas – porque todos seres humanos moralmente responsáveis, com exceção de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus encarnado, eventualmente praticam o mal e pecado. É difícil amar em um mundo contaminado pelo mal e pecado como o nosso. Mal, pode ser definido como a ausência do amor. João, o apóstolo, colocou este pensamento em termos de luz e trevas. Ele disse que as trevas não prevalecem contra a luz, pelo contrário, a luz lança fora a trevas. E, onde não há luz, inevitavelmente haverá trevas. Onde não há amor, o mal e o pecado se fazem presentes. Contudo, apesar do mal tornar o trabalho do amor mais difícil, também o torna ainda mais significativo, pois é onde o mal e o pecado causaram destruição e dor, que o amor é mais relevante e necessário. Essa foi a razão pela qual o Filho de Deus escolheu vir a este mundo, onde o mal e o pecado haviam comprometido a criação de Deus de tal maneira que moveu o grande amor do Soberano Senhor deste Universo a decidir vir pessoalmente ao nosso mundo e ministrar-nos, como ninguém o fez antes, o amor de Deus. Amar o ser humano na condição deplorável em que se encontrava neste mundo foi um desafio para Jesus de Nazaré, mas, igualmente, foi a condição ideal para que ele fizesse aqui, e para testemunho até aos anjos, a maior demonstração do amor de Deus que este Universo já presenciou. Ele não desistiu, pois “havendo amado os seus que estavam no mundo, os amou até o fim”, e nós sabemos qual foi o fim: a cruz. O verdadeiro amor paga até o mais alto preço, a própria vida, para expressar-se em sua totalidade, e Jesus nos deu o mais belo e perfeito exemplo de amor – viver e morrer por amor ao próximo.

Sim, amar é difícil – mas não é impossível. Certamente não vamos expressá-lo perfeitamente em todos os momentos da vida, como Jesus o fez, mas, seguindo o exemplo dele, podemos mostrar, cada dia melhor, o verdadeiro amor, o amor de Deus em favor dos nossos semelhantes. Amar é primeiramente uma decisão; depois, é ação; e, após isso, é manutenção. Decidir amar não é difícil, também não é muito difícil mostrar esse amor... Mas, fazer desse amor uma decisão diária, um compromisso cotidiano, sustentar, manter esse amor a cada dia, cada hora, cada minuto e até mesmo a cada segundo – essa é a parte mais difícil do amor. Mas, de novo, não é impossível. Se unirmos ao amor a determinação da vontade, assumir o compromisso de amar apesar de qualquer obstáculo (para o que vamos certamente contar com a orientação do Espírito de Deus em cada um de nós) o amor será uma realidade em nossas vidas.

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