Tuesday, April 3, 2012

AMAR COM INTELIGÊNCIA

Pelo Rev. Jose Oliveira, M.Div.

la-inteligencia-del-amor“Quando você ama, fica bobo”, “Amor é sinônimo de fraqueza” “Não existe nada mais ingênuo do que o amor”. Estes são alguns dos pensamentos que pessoas alimentam a respeito do amor. Será que é verdade? É o amor desta maneira? Em minha opinião, estas são visões distorcidas do amor, por que vêm o amor do ponto de vista da dominação, do levar vantagem, do estar por cima e principalmente vêm amor como uma disputa ou um jogo. O amor, por ser singelo, pode parecer a algumas pessoas, algo fraco, ingênuo e bobo, mas quem pensa assim, provavelmente não conhece o verdadeiro amor. Em minha opinião, não existe nada mais inteligente do que amar. Amar é racional, mas não é racionalista, amor é sábio e, ainda que seja enganado, não é anulado, por que amar é o melhor a ser feito em todas as ocasiões. Neste artigo vou abordar três aspectos que têm a ver com o amor sendo algo inteligente... Num primeiro momento, você pode pensar que estes aspectos não revelam a inteligência do amor, mas meu propósito é ajudar o leitor a compreender como o amor opera e somente quando você compreende algo, você esta utilizando a inteligência.

Primeiramente, o amor é inteligente por que é coerente com a verdade. A verdade, de fato não precisa do amor se revelar, porque verdade é a respeito de fatos, ou seja, a coerência entre a existência e a percepção desta. Quando a percepção produz uma lógica do fato, isto é tomado como verdade, e o amor não necessariamente é parte disso. Contudo, o amor necessita da verdade para se expressar, pois o amor não é verdadeiro amor se não for baseado na verdade. Igualmente, tome-se em conta de que a verdade possui níveis de compreensão, o que alguns referem como a “relatividade da verdade”. Não obstante, mesmo em cada nível, a verdade faz uma correlação coerente com os fatos. O amor sempre se utiliza de algum nível de verdade para se expressar, porque o amor nunca pode se basear na mentira, isto é, a invenção ou distorção proposital da verdade. Interessantemente, demonstrar amor baseado na verdade, significa muitas vezes, omitir certos aspectos da verdade por amor à pessoa amada. Jesus, quando ensinando os seus discípulos, disse-lhes: “Muitas coisas vos teria para dizer, mas vós não podeis suportar”. Note que Jesus não inventou algo. Ele disse a verdade: que não poderia dizer toda a verdade. Neste caso, devido à limitação dos apóstolos, Jesus não lhes revelou toda a verdade que sabia. O amor educa com a verdade, mas de acordo com a capacidade do educando. Jesus expressou amor aos seus ouvintes quando pregava por meio de parábolas, pois através delas, dizia verdades essenciais, mas que cada um interpretava segundo o seu próprio nível de compreensão. O mesmo fazem os pais, quando adaptam (não inventam) as respostas às perguntas das suas crianças ao nível destas... A revelação da verdade, como sabemos, é progressiva, e, desde que Deus, que é infinito, é a Verdade pura e eterna, sempre haverá algum aspecto da verdade a aprender em toda a eternidade. A verdade que o amor expressa é sempre temperada com amor. A verdade crua e nua pode até mesmo matar uma pessoa. Isso foi o que aconteceu no Livro dos Juízes, quando Eli, o sacerdote, soube que os seus dois filhos tinham sido mortos na batalha. Provavelmente um ataque cardíaco o matou. O amor nos ajuda a não expressarmos a verdade com rudeza ou desconsideração pelo bem-estar do indivíduo. O amor nos ajuda a escolher a melhor maneira de dizer a verdade, não querendo ofender, mas beneficiar de alguma maneira. Nem sempre omitir ou suavizar a verdade é o melhor a fazer. Às vezes é necessário,também por amor, falar a verdade direta e claramente. Assim, os pais, quando pensando exclusivamente no bem dos filhos, e não por ressentimento ou orgulho ferido, os repreendem, dizendo-lhes a verdade claramente, por mais dolorida que esta possa ser, estão agindo com amor. Amigos, em certas circunstâncias, devem agir da mesma maneira, se percebem que a pessoa querida necessita saber a verdade claramente, mesmo com risco de ofender... De fato, o amor mesmo quando tem as melhores intenções, e pensa exclusivamente no bem do outro, pode ser mal entendido, e isso é, de certo modo, fora do controle de quem ama, pois depende da reação do outro. Jesus foi mal compreendido. Uns pensavam que era uma pessoa de bem, como de fato era; mas outros, pensavam e ainda pensam hoje, que era um charlatão... Nem sempre a verdade, mesmo que dita com amor, será sempre aceita, pois muitos ouvem de acordo com o que querem ouvir.

Em segundo lugar, o amor é inteligente por que é beneficente. O alvo primeiro do amor é beneficiar ao outro, nunca prejudicar. Alguns dizem que devemos agir tendo em vista o “bem-maior”, mesmo que para realizá-lo, podemos causar males menores. A regra aqui deveria ser que não devemos , com o intuito de se produzir um “bem maior”, fazer algo que vá diretamente prejudicar a terceiros, por menor que seja o mal produzido. Jesus disse para amarmos nossos inimigos e orarmos pelos que nos perseguem. Mesmo o bem do inimigo deve ser levado em conta em nossas atitudes. Ele também disse para não resistirmos aos perversos. Os perversos usam de violência para conseguir seus propósitos, e para resisti-lo, ter-se-ia que usar também de violência, o que o amor não admite. De acordo com isso, a opção é responder à violência, sem utilizar a violência, isto é responder com amor, ainda que sofrendo, se necessário. Jesus não disse que deveríamos nos expor ingenuamente à violência, antes, ele nos recomendou que fugíssemos dos que nos perseguissem. Se a violência é contra você mesmo, geralmente há duas maneiras amorosas de se reagir a ela: fugir dela, ou sofrê-la sem reagir com violência. Se a violência é contra o próximo e está no seu alcance defendê-lo, o amor deve ser expresso tanto em relação ao agressor como à vitima. A vítima deve ser protegida, e a agressor deve ser neutralizado, se possível. Essa neutralização pode utilizar três métodos: dialogar com o agressor para dissuadi-lo da agressão, retirar a vítima do curso da agressão, ou, se necessário, proteger a vítima interpondo-se, sem violência, entre a vítima e o agressor, sofrendo você mesmo, a violência. O amor é inteligente por que é criativo e seu objetivo é promover o bem de todos, não somente de alguns. O amor não se imobiliza diante da violência, age, contudo, sem violência. O amor também não se imobiliza diante do volume da necessidade. Sabemos que devemos amar a todos os seres humanos e se importar com as suas mazelas, mesmo se distante. Se eu, por estar distante não posso ajudar as crianças que morrem de fome na África e em outros lugares do mundo, posso, contudo, ajudar as crianças de rua da minha cidade, ou as do orfanato local... Devemos amar o semelhante (qualquer um em todo o mundo) e ao próximo, ou seja, o meu vizinho, colega de classe, amigo de trabalho, etc. A minha impossibilidade de ajudar a todos não é desculpa para não ajudar a nenhum. É a inteligência do amor que mostra em muitas situações, a sua audácia. O amor se atreve a ajudar, mesmo quando parece impossível.

Finalmente, o amor é independente. Digo independente, não no sentido de que o amor recusa a cooperação; ao contrário, o amor busca cooperação, para que os benefícios de se amar sejam ainda mais amplos. Contudo quem ama, o faz mesmo sem a ajuda de outros. A falta de cooperação não deve ser uma escusa para não se fazer nada. Nos momentos finais de sua carreira, todos abandonaram a Jesus e ele enfrentou a cruz sozinho. Ele não se tornou amargurado por isto, continuou a amar da mesma maneira, e mesmo quando pendurado ali, no topo daquela cruz, ele amou o suficiente para interceder pelos seus executores diante do Pai, dizendo: “Pai, perdoa-lhes por que não sabem o que fazem”. Que amor! Que amor! Que amor! Mesmo quando abandonado, ultrajado e crucificado, ele amou! Essa autonomia do amor é também parte de sua força, porque, para ser manifestado, o amor depende somente do indivíduo, isto é, de mim. A independência do amor não é individualismo, quem ama não deseja ser o único a amar, mas quer que todos tenham a oportunidade de amar. Jesus amou tão radicalmente para nos deixar o exemplo maior, para que todos possamos amar. O amor jamais se escusa e sempre se voluntaria. Por outro lado, mesmo que muitas pessoas estão demonstrando amor em uma dada circunstância, isto não significa que o seu amor não é necessário, porque, amar, nunca é demais.

E assim, através de estudar estes aspectos do amor, coerência, beneficência e independência, mostramos que o amor é, de fato, inteligente, pois é companheiro da verdade, promotor do bem e independente. Amar com inteligência é amar com estes princípios em mente; se assim fizermos com diligência, amaremos de uma maneira nobre, não ingênua; efetiva, não ilusória; e, constante, pois amar, só depende de nós mesmos.

Rev. José Oliveira, o autor deste artigo é ministro presbiteriano, atualmente vivendo nos Estados Unidos e o diretor do Instituto Teológico Simonton, uma escola de teologia online, com cursos de Teologia e Filosofia nos níveis básico, bacharel, e mestrado. Se você gostaria de saber mais a respeito desses cursos, por favor, clique no link abaixo.

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